Statement – 12 anos do primeiro halving e expectativas, por Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, uma das maiores plataformas de criptoativos da América Latina.
Esta quinta-feira marca 12 anos desde o primeiro halving do Bitcoin, a redução do incentivo à mineração que regula a oferta de novos Bitcoins e desempenha um papel fundamental na limitação da oferta da principal criptomoeda do mercado.
O impacto desses eventos pode ser visto com muita clareza este ano: em abril, ocorreu o quarto halving e, após um período de consolidação de preços e aumento da demanda, nos últimos três meses, essa crise de oferta sustentou um momento de grande alta para o Bitcoin.
O preço do BTC subiu mais de 80% entre 8 de setembro e seu último máximo histórico, em 21 de novembro – de US$ 54.000 para mais de US$ 99.650 –, e está em uma corrida de alta muito interessante, que pode levar seu preço acima de US$ 100.000 no curto prazo.
A Ripio, líder global do mercado de criptomoedas, acompanha este aniversário e o quarto halving como uma das poucas empresas do mundo com a experiência de já ter passado por três halvings do Bitcoin.
A Ripio começou a operar meses depois do primeiro, que ocorreu em 28 de novembro de 2012, e enfrentou cada halving subsequente (2016, 2020, 2024) como uma empresa cada vez mais consolidada dentro do ecossistema de criptomoedas.
A ponto de, no ano do quarto halving, que ocorreu em abril deste ano, a Ripio já tem um alcance de mais de 12 milhões de usuários e presença em oito países, com uma oferta de diversos produtos e serviços relacionados a criptoativos para empresas e indivíduos.
Escassez e fornecimento de Bitcoins
O Bitcoin é uma criptomoeda escassa. Seu suprimento máximo será de 21 milhões de Bitcoins, dos quais mais de 94% do total já foram minerados. A chamada mineração é a aplicação de grande capacidade de computação para validar, classificar e registrar transações na rede Bitcoin.
Aqueles que alocam recursos de hardware para essas operações são chamados de mineradores e têm programada uma recompensa que é paga em Bitcoins.
De fato, os BTCs que a rede cria para pagar esses incentivos são a única forma de emitir Bitcoins, e isso só é possível à medida que novos blocos são minerados, que são os pacotes de dados do sistema de contabilidade pública do Bitcoin.
No início, desde que o misterioso criador do Bitcoin (Satoshi Nakamoto) minerou o bloco de gênese em 2009, os mineradores recebiam 50 BTC cada vez que mineravam um bloco. Porém, nos 15 anos seguintes, esse valor foi reduzido para 3.125 BTC, por meio de halvings.
O mesmo código que determina o máximo de 21 milhões de Bitcoins, estipula que a cada 210.000 novos blocos minerados, as recompensas devem ser reduzidas à metade. Esses checkpoints são atingidos a cada quatro anos, aproximadamente, o que delimita ciclos identificáveis no comportamento da oferta, da demanda e dos preços do Bitcoin.
Halvings e a regra do dígito agregado
Entre 2009 e 2012, a recompensa foi de 50 BTC x bloco minerado. Entre 2012 e 2016, foi de 25 BTC x bloco; e no período seguinte, de 2016 a 2020, foi de 12,5 BTC x bloco. A partir de 2020 e até alguns meses atrás, o valor caiu para 6,25 BTC por bloco. E, desde 19 de abril deste ano, cada novo bloco minerado gera um pagamento de “apenas” 3,125 BTC aos mineradores.
Mas essa redução nominal é compensada pelo crescimento do valor de cada unidade de Bitcoin, que, de halving em halving, vem ganhando um dígito, por enquanto, como regra. Assim, no primeiro halving, que já tem 12 anos, o preço era de apenas US$ 12 por Bitcoin.
No segundo, em julho de 2016, já estava acima de US$ 660. O terceiro, em maio de 2020, no auge da pandemia, viu o Bitcoin ultrapassar US$ 8.740. E, na mais recente, em 19 de abril de 2024, o preço fechou em mais de US$ 63.600. Mal se passaram sete meses desde esse último episódio, e o Bitcoin já está buscando ansiosamente seu sexto dígito.
É claro que, ao longo do caminho, nos três ciclos anteriores (e neste também), a criptomoeda passou por altos e baixos, correções mais ou menos acentuadas, aumentos mais ou menos rápidos.
É nesses momentos que as janelas aparecem para entrar no Bitcoin ou para continuar a aumentar as participações no BTC. Essas mudanças de preço decorrem, tanto de questões internas do mercado (investidores realizando lucros, holders de posições rotativas, mineradores vendendo suas reservas para aproveitar a alta de preços pós halving), quanto de fatores externos.
Nesse sentido, a recente vitória presidencial de Donald Trump nos Estados Unidos agiu como um gatilho para que os mercados relaxassem e o Bitcoin teve sua notável corrida em setembro-novembro. No entanto, o grande contentor do sistema de preços do Bitcoin é seu código, com o fornecimento máximo de 21 milhões e halvings automáticos a cada 210.000 blocos.
O Bitcoin sempre oferece novas oportunidades
O halving de 2024 também funciona como um computador para uma sensação macro: o Bitcoin sempre oferece novas oportunidades para aqueles que ainda não têm exposição ou para seus holders aumentarem suas posições.
A trajetória do preço não é linear e, embora o quadro geral mostre um gráfico sempre ascendente, em detalhes há flutuações de preço todos os dias, todas as semanas, todos os meses. Essas mudanças não só proporcionam novas entradas para o Bitcoin, mas também permitem que os operadores que buscam acumular BTC obtenham retornos significativos em suas negociações.
No entanto, com o Bitcoin, a coisa mais comum a se fazer é holdeá-lo. O “ouro digital” está ficando cada vez mais forte, já tendo ultrapassado a prata e as ações da Saudi Aramco em termos de capitalização de mercado, tornando-se o sétimo ativo mais importante do mundo. Isso ocorreu após uma recuperação do mercado cripto liderada pelo Bitcoin, cujo preço aumentou 150% em 2023, passando de US$ 16.500 para quase US$ 42.300.
Em 2024, o Bitcoin continuou sua recuperação, com outro aumento de 70%, atingindo um novo máximo histórico em 14 de março, em torno de US$ 73.700. A expectativa do quarto halving teve muito a ver com esse impulso e, depois disso, o Bitcoin teve suas correções e flutuações entre US$ 60.000 e US$ 70.000 durante um semestre inteiro.
Outro elemento importante de tensão com o halving ao longo do ano foi a aprovação dos fundos negociados em bolsa Bitcoin à vista (ETF à vista de BTC), que trouxeram uma enorme demanda por Bitcoins de grandes investidores individuais e corporativos.
Nos dias que se seguiram à vitória de Trump contra Kamala Harris, os ETFs de Bitcoin à vista registraram uma demanda de mais de 10 e 12 mil Bitcoins por dia, quando, no mesmo período após o halving, apenas cerca de 450 novos BTC foram minerados por dia.
Esse contraste se tornará mais exponencial à medida que os halvings progridem. A próxima, projetada para 2028, reduzirá a recompensa para pouco mais de 1,5 Bitcoin por bloco minerado. O ritmo de emissão continuará a diminuir.
O pico de oferta estará cada vez mais próximo. Tudo isso não é especulação, é o que vai acontecer porque está codificado na própria estrutura do Bitcoin. Se, por outro lado, os mercados continuarem a reagir como até agora, tornando o Bitcoin um ativo cada vez mais desejável, não apenas dentro das criptomoedas, mas até mesmo em comparação com ações de empresas globais líderes e metais preciosos, então a projeção só trará novas notícias para o Bitcoin daqui para frente. E, entre elas, novos dígitos aumentando seu preço.