A Argentina enfrenta uma crise social e econômica, com mais de 52% da população vivendo atualmente abaixo da linha da pobreza, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec). O número representa um aumento de 11,2 pontos percentuais em comparação ao primeiro semestre de 2023.
Esse cenário coincide com os primeiros meses das políticas de austeridade implantadas pelo presidente argentino Javier Milei, que assumiu o governo com a promessa de reduzir os gastos públicos.
Além da pobreza, a indigência — situação em que as famílias não conseguem suprir suas necessidades alimentares básicas — também subiu, atingindo 18,1% da população.
Alta inflação
A crise econômica que assola o país é intensificada pela recessão e pela alta inflação. O Produto Interno Bruto (PIB) argentino registrou uma queda de 1,7% no segundo trimestre de 2024, agravando a retração econômica. Além disso, a Argentina enfrenta uma das inflações mais elevadas do mundo, acumulando 236,7% nos últimos 12 meses até agosto deste ano.
O cálculo da pobreza no país é feito com base na renda das famílias e no custo de uma cesta básica de alimentos e serviços, que no primeiro semestre deste ano estava avaliada em US$ 240 (R$ 1.306). Com o aumento do custo de vida e a erosão do poder de compra, grande parte da população tem sido empurrada para condições de extrema vulnerabilidade.
As políticas de ajuste do governo Milei também tiveram um impacto direto na cultura. O Instituto Nacional de Cinema e Artes Audiovisuais (INCAA), que fomenta a produção cinematográfica no país, sofreu cortes em seu orçamento, resultando na suspensão de programas de apoio e demissões de funcionários.
Representantes da indústria cinematográfica têm criticado essas medidas, apontando que elas colocam em risco a produção cultural e a sobrevivência de muitos trabalhadores do setor.
Fonte: Brasil de Fato