A proposta de um mundo sem permissões — ou seja, onde qualquer pessoa pode interagir com protocolos sem precisar de autorizações prévias — sempre foi um dos pilares do universo cripto. Mas e quando é preciso garantir que uma pessoa tem mais de 18 anos, mora em determinado país ou tem direito a votar em uma DAO? É nesse ponto que o conceito de identidade volta à mesa — não como obstáculo, mas como infraestrutura.
Em vez de criar mecanismos isolados, pesados e cheios de atrito, desenvolvedores da Solana (SOL) estão apostando no Solana Attestation Service (SAS): protocolo que transforma informações offchain em credenciais onchain reutilizáveis e verificáveis. Em outras palavras, um carimbo digital que acompanha a carteira do usuário, funcionando como um passaporte no ecossistema Web3.
SAS: o que é e como funciona
O SAS permite que entidades como empresas de verificação (KYC), DAOs, comunidades ou até governos emitam attestations — declarações assinadas que confirmam características específicas de um endereço de carteira. A afirmação pode ser simples, como “maior de idade” ou “membro fundador”, e é registrada diretamente na blockchain da Solana.
Essas credenciais não carregam dados pessoais e podem ser consultadas com uma única chamada de SDK, dispensando servidores e fluxos manuais. Para os dapps, isso representa menos trabalho e mais segurança. Para os usuários, menos fricção e mais privacidade.
O que muda na prática?
Imagine um ecossistema onde um desenvolvedor que contribuiu para um projeto pode provar isso com um carimbo atrelado à sua carteira. Ou um participante de uma votação DAO pode ter o peso de seu voto aumentado por já ter sido validado em outra governança.
O SAS permite que esses contextos sejam conectados com agilidade, sem precisar que cada projeto desenvolva uma estrutura própria de validação. É um passo em direção a uma Web3 mais interoperável e confiável.
Quem já está usando
Três projetos se destacam na adoção inicial:
- Civic: vai usar o SAS para criar credenciais reutilizáveis de conformidade;
- Solid: permitirá o acúmulo de “selos” como “desenvolvedor verificado”;
- RNS.ID: lançará sua infraestrutura de prova baseada no SAS ainda este mês.
A Solana é conhecida por sua performance, com destaque nos setores de DeFi, DePIN e jogos. Mas alcançar novos usuários exige adaptação às necessidades do mundo real. O SAS representa essa adaptação, sem abrir mão da privacidade, da descentralização e da experiência fluida.
Em vez de pedir um passe, o futuro da identidade na blockchain pode ser tão simples quanto verificar um carimbo.
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