A revolução do dinheiro digital ganha mais um capítulo com Liu Peng, ex-pesquisador cético do Bitcoin (BTC) e um dos cérebros por trás do WeChat Pay. Agora à frente da JD Coinlink, ele quer transformar o cenário global com stablecoins ancoradas em moedas fiduciárias — e Hong Kong virou seu laboratório.
🔗 Do escárnio ao protagonismo
Lá em 2011, Liu comprou seu primeiro BTC não por hype, mas por desconfiança. Ele não acreditava que algo sem lastro em ativos reais pudesse ter valor. Comprou para entender — talvez esperando provar que era uma bolha.
Mas ao longo dos anos, a visão dele evoluiu. Embora continue não apostando no BTC como meio de pagamento, ele passou a enxergar valor real na tecnologia por trás da criptomoeda: a blockchain e sua capacidade de tornar transferências mais rápidas, transparentes e auditáveis.
O tempo passou, e a curiosidade virou missão: liderar o desenvolvimento de uma stablecoin própria, ancorada no dólar de Hong Kong e com aplicação direta em e-commerce e comércio internacional.
A JD Coinlink nasceu em março de 2024, como braço da JD Technology, grupo vinculado à gigante do varejo chinês JD.com. E a ambição é transformar pagamentos, liquidações e operações de varejo com stablecoins sob regulação rígida e foco em uso real.
🧪 Sandbox, simulação e avanço
Desde maio, a JD Coinlink está testando sua moeda digital em um ambiente regulado criado pela Autoridade Monetária de Hong Kong. A primeira fase focou em aspectos técnicos. Já a segunda, em andamento, avalia aplicações práticas: pagamento no varejo, transferências transfronteiriças e integração com corretoras globais.
A empresa deve lançar duas versões da moeda: uma atrelada ao HKD e outra a moedas estrangeiras, com uso inicial nos sites da JD voltados a Hong Kong e Macau.
🌍 De Hong Kong para o mundo
Com o novo marco regulatório para stablecoins entrando em vigor em agosto, Hong Kong se posiciona como polo internacional de liquidação com ativos digitais. A JD Coinlink quer aproveitar esse timing para lançar sua stablecoin no quarto trimestre, com registro em blockchain pública e dados abertos a todos.
A grande aposta não é bater de frente com as gigantes USDT ou USDC. O plano é conquistar o comércio internacional, oferecendo liquidação mais rápida, barata e rastreável para empresas da Ásia, África, América Latina e Europa.
🛒 Estável, mas nada parado
No varejo, a JD quer usar sua própria estrutura como trampolim: os pagamentos com stablecoins começam por suas lojas online e podem se expandir para pequenos negócios com soluções personalizadas.
Para Liu, as stablecoins são como o QR Code da Web3 — uma chave para baratear a estrutura financeira global e democratizar o acesso ao capital, como ocorreu com o mobile payment na China.
💼 E quanto ao RMB?
Liu também vê potencial no lançamento de uma stablecoin atrelada ao yuan offshore, o que poderia fortalecer a presença da moeda chinesa em projetos como a Iniciativa do Cinturão e Rota. No entanto, essa decisão depende diretamente da aprovação dos reguladores da China continental.
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