Enviar dinheiro dos EUA pode ficar mais caro com nova proposta

Enviar dinheiro dos EUA pode ficar mais caro com nova proposta
Imagem destaque: ChatGPT

Uma proposta de Donald Trump pode transformar os Estados Unidos no país mais caro do G7 para envio de remessas. O plano mira diretamente quem trabalha fora e envia dinheiro para a família — com impacto direto sobre brasileiros que vivem nos EUA.

Batizado por Trump de “One Big, Beautiful Bill”, o projeto prevê um imposto de 3,5% sobre cada transferência internacional. Na prática, cada dólar enviado teria um pedágio de R$ 0,18, considerando o câmbio atual.

🌎 Dinheiro que atravessa fronteiras

Atualmente, as remessas sustentam milhões de famílias no mundo todo, funcionando como uma ponte entre quem migrou e quem ficou. Só o México, por exemplo, poderia perder até US$ 2,6 bilhões por ano com a nova taxação.

No caso de países mais frágeis economicamente, como El Salvador, 1% da renda nacional poderia desaparecer. Jamaica e Honduras também estão na lista dos mais prejudicados.

🚫 Menos ajuda, mais clandestinidade

A medida pode ter o efeito oposto ao pretendido. Em vez de arrecadar, muitas transações devem migrar para canais informais. 

Andrew Selee, presidente do Migration Policy Institute (MPI), disse ao Financial Times (via The Telegraph) que a taxação de remessas “poderia impulsionar o uso de métodos informais ou ilegais — como criptomoedas ou ‘mulas’ de dinheiro — revertendo anos de avanços na formalização dos canais de envio”.

Já Alan Cole, economista sênior do centro de políticas fiscais da Tax Foundation, afirmou que esse tipo de taxação pode gerar um “espaço fiscal escorregadio”, dificultando a coleta e favorecendo o fortalecimento de cartéis como intermediários informais 

📉 Impacto direto para brasileiros

De acordo com o Terra, a proposta afeta 40 milhões de imigrantes nos EUA, atingindo até mesmo pessoas com visto de trabalho ou green card. 

O Inter‑American Dialogue, por meio de Manuel Orozco, enfatizou que remessas representam até 30 % do PIB de vários países da América Latina em 2024, e que a taxação é uma “dupla penalização” para imigrantes que já pagam impostos nos EUA 

💰 Cripto pode ser a solução

Quando uma pessoa trabalha nos Estados Unidos e quer mandar dinheiro para a família fora do país, normalmente ela usa um serviço tradicional de remessa, como Western Union ou Remitly. Esses serviços cobram taxas e usam o câmbio deles, que quase sempre é pior do que a taxa média de mercado (mid-market rate), 

Por exemplo,  a Western Union cobra não apenas uma taxa variável por transferências internacionais, como também aplica um spread oculto no câmbio — isto é, oferece uma taxa de câmbio menos favorável que o chamado câmbio médio interbancário, ficando com a diferença como lucro 

Com a proposta de Trump, ainda haveria um imposto de 3,5% sobre esse envio — ou seja, a pessoa pagaria ainda mais para mandar dinheiro para casa.

Agora, onde entram as criptomoedas?

  1. Envio direto e rápido: a pessoa pode comprar uma criptomoeda estável (como o USDT ou USDC, que valem sempre US$ 1) nos EUA, e mandar direto para a carteira digital da pessoa no Brasil. Isso acontece em minutos — às vezes segundos — e sem precisar passar por um banco.
  2. Baixa taxa ou até zero: a transferência de cripto pode ter taxas muito menores que as cobradas por bancos e apps de remessa. Dependendo da rede usada (Solana ou Polygon), a taxa pode ser frações de centavos.
  3. A pessoa no exterior pode vender e sacar: assim que recebe, quem está no exterior pode usar uma corretora de criptomoedas local para vender os dólares digitais e sacar em reais

Por que nem todo mundo faz isso então?

Porque ainda exige conhecimento mínimo de como usar uma carteira digital, saber onde comprar e vender cripto e confiar em plataformas. Mas, na prática, é como mandar realizar uma transferência internacional, só que com menos burocracia — e, no cenário atual, pode ser muito mais barato e seguro que os métodos tradicionais.

📌 Leia também:

Câmara pode ganhar 18 novos deputados

Saiba como funciona o sistema oficial para reaver valores no Pix

Pix Automático entra em cena hoje: adeus, boleto e débito automático?

  Fique por dentro das notícias mais quentes do mercado do mundo: entre no nosso canal no WhatsApp.

Deixe seu comentário: