São Paulo, Curitiba, BH e até Balneário Camboriú disputam quem entrega primeiro uma versão nacional da Times Square. Mas será que copiar Nova York é o melhor caminho para revitalizar as cidades brasileiras?
Matéria baseada em reportagem do Estadão, publicada em 29 de junho de 2025.
🏙️ Cidades disputam espaço (e atenção)
De símbolo de decadência a cartão-postal futurista, a Times Square de Nova York virou modelo para urbanistas, políticos e empresários. E agora, várias cidades brasileiras estão querendo fazer igual.
São Paulo, Curitiba, Belo Horizonte, Balneário Camboriú e Niterói já têm projetos ou propostas em andamento para erguer versões “abrasileiradas” do famoso cruzamento nova-iorquino.
O foco é instalar telões gigantes de LED, atrair turistas e movimentar o comércio.
⚡ LED, selfies e debates acalorados
Apesar da empolgação, os projetos têm gerado críticas. Em BH, um abaixo-assinado contrário à ideia soma mais de 8 mil assinaturas. Em Curitiba, moradores reclamam de “cafonice” e falta de prioridades como cultura e segurança.
Arquitetos e urbanistas apontam que a tentativa de importar referências estrangeiras ignora o que torna cada cidade única. “Imagina Paris enchendo a Champs-Élysées de telões? Não cola”, diz o urbanista Marcelo Santiago.
📺 Aposta no turismo e publicidade
Já os defensores enxergam potencial econômico. A Associação Brasileira Mídia Out Of Home (Abooh) destaca o avanço tecnológico das telas e sua conexão com redes sociais e anúncios em tempo real.
“É uma forma de resgatar áreas degradadas com cultura e entretenimento”, argumenta a CEO da entidade, Andrea Weiss. Mas ela pondera: “espalhar telas não é o mesmo que criar um polo turístico”.
🗺️ Quem está mais adiantado no jogo?
Em São Paulo, o projeto deve ocupar a Avenida São João e já está na reta final de desenvolvimento, segundo o prefeito Ricardo Nunes. O projeto prevê a instalação de um anúncio de LED interativo na esquina de um prédio, com tecnologia de interação em tempo real.
Curitiba já autorizou três alvarás para painéis em um trecho de 600 metros da Rua Marechal Deodoro, enquanto Belo Horizonte ainda não recebeu propostas formais, embora já tenha criado uma legislação para a Praça Sete.
🎯 A mais ousada? Balneário Camboriú
O caso catarinense chama atenção por ser 100% privado. Com investimento de R$ 1,5 milhão, o New York Food Lounge está desenvolvendo um painel interativo na esquina das Avenidas Brasil e Alvin Bauer — e corre para estrear até o verão.
A empresa inclusive entrou com pedido para registrar a marca “Times Square Brasil”, algo que nenhuma prefeitura fez até agora.
🔍 E a original, como virou referência?
A Times Square passou por uma transformação entre 2005 e 2009. Vias foram fechadas, calçadões criados, quiosques instalados, e a segurança urbana virou prioridade. Não foram os telões que salvaram a região — foi o urbanismo focado em pessoas.
Hoje, a área atrai mais de 200 mil visitantes por dia e segue sendo palco de eventos culturais e manifestações populares.
🚧 Cópia ou criação? O debate segue aceso
Para o geógrafo Sérgio Rizo, os “distritos de mídia” são uma forma de atrair investimentos privados com pouco gasto público. Mas ele alerta: falta regulação clara e planejamento de longo prazo.
Já para críticos mais duros, como o arquiteto Gustavo Penna, a ideia achataria a identidade brasileira em troca de likes e publicidade. “Nossos prédios não são outdoors”, defende.
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