Depois de quase duas décadas tentando engravidar, um casal conseguiu realizar o sonho da maternidade com a ajuda de um algoritmo. Eles são os primeiros a esperar um bebê graças ao uso da inteligência artificial (IA) na busca por espermatozoides “invisíveis”.
🧬 Esperança onde parecia impossível
O casal enfrentava um diagnóstico raro: azoospermia, condição em que não há espermatozoides detectáveis no sêmen. Durante anos, tentaram fertilização in vitro em clínicas pelo mundo — sem sucesso. Até que chegaram ao Columbia University Fertility Center.
Ali, toparam participar de um novo experimento: a técnica STAR, baseada em IA, criada para encontrar espermatozoides que passam despercebidos até pelos olhos mais treinados. Bastou uma nova coleta de sêmen e, desta vez, três células foram encontradas. E elas bastaram.
💔 Decepções silenciosas, esperança renovada
Mesmo depois de anos de tentativas, o casal nunca compartilhou publicamente sua jornada — nem com familiares, nem com amigos próximos. A decisão de manter tudo em silêncio foi uma forma de proteção: falar sobre a ausência de um filho sempre doía mais do que o silêncio.
A escolha de participar do experimento com IA foi feita em sigilo total. Eles chegaram à clínica sem expectativas, sem promessas, sem alarde.
A confirmação da gravidez veio como um choque. “Acordo e ainda não acredito que estou grávida. Só acredito mesmo quando vejo os exames”, disse a esposa em um e-mail à equipe médica.
E agora, mesmo com a gravidez confirmada, preferem o anonimato. “Estamos vivendo um sonho em silêncio. Dessa vez, é só nosso”.
A bebê está prevista para dezembro.
🔎 Como a IA encontra o que ninguém vê
A STAR — sigla para Sperm Tracking and Recovery — usa uma câmera de alta velocidade acoplada ao microscópio para capturar mais de 8 milhões de imagens em menos de uma hora. Com base em treinamento prévio, a IA identifica os padrões que correspondem a um espermatozoide e o isola em uma gota minúscula.
Isso permite que especialistas consigam usá-lo em procedimentos de fertilização. O processo é indolor, não invasivo e pode substituir cirurgias dolorosas nos testículos, comuns no tratamento de casos como esse.
💡 Um novo horizonte para a infertilidade masculina
A azoospermia representa até 10% dos casos de infertilidade em homens. Muitos recebem o diagnóstico sem nenhum sintoma ou alteração visível. O sêmen parece normal — mas ao microscópio, nada de espermatozoides.
Até agora, opções como cirurgia ou hormônios tinham eficácia limitada. Com a STAR, a medicina reprodutiva ganha uma nova ferramenta — e, com ela, a chance de famílias inteiras surgirem de onde já não havia mais esperança.
🧪 Tecnologia + humanidade = fertilidade
O sistema ainda está restrito ao Columbia, mas os criadores querem compartilhar a metodologia com outras clínicas. O custo estimado gira em torno de US$ 3.000. Nele está incluso a busca, isolamento e congelamento dos espermatozoides.
A médica Aimee Eyvazzadeh, especialista em fertilidade, vê a tecnologia como um reforço e não como substituição: “A IA não cria os espermatozoides, ela nos ajuda a ver o que os olhos humanos não enxergam. E isso está mudando tudo”.
🤔 Nem tudo são certezas
O embriologista Gianpiero Palermo lembra que nem todos os casos terão espermatozoides, mesmo com IA. E reforça que os embriologistas ainda são essenciais para manipular o material encontrado.
A STAR representa uma promessa concreta — mas como toda novidade na medicina, ainda precisa ser validada e testada em escala mais ampla.
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