Depois de bater um novo recorde e chegar aos US$ 123 mil, o bitcoin (BTC) enfrentou uma leve correção. Com volatilidade no ar, surge a dúvida: será que o BTC pode voltar a negociar abaixo da faixa dos US$ 100 mil?
Neste artigo, reuni dados, análises e projeções para que você entenda o que pode acontecer nos próximos dias — e como se preparar.
📈 Novo topo, nova tensão: o que aconteceu com o Bitcoin?
O bitcoin bateu recorde nesta segunda-feira, 14 de julho de 2025, ao atingir a marca de US$ 123.091,61.
O rali dos últimos dias foi embalado por volume alto, clima otimista no Congresso dos EUA e entradas maciças em ETFs spot. Em apenas sete dias, a cripto subiu 12% e quebrou a barreira dos US$ 120 mil sem grandes resistências.
No gráfico, o movimento já dava sinais desde junho. A estrutura de topos e fundos ascendentes vinha se firmando, com destaque para o candle do dia 10 de julho, que confirmou a força compradora com alta consistente e volume elevado. A partir dali, o caminho ficou livre para o rompimento da antiga máxima.
A marca de US$ 123 mil, no entanto, não segurou por muito tempo. Logo após o pico, o BTC passou por uma correção leve, que trouxe o preço de volta para a faixa dos US$ 118 mil.
🔍 Suporte ou armadilha? O que dizem os dados e os especialistas
A marca de US$ 100 mil não é apenas um número bonito no gráfico — ela representa um ponto de virada emocional e estratégico no mercado.
Números redondos funcionam como âncoras mentais. Traders tendem a agrupar ordens de compra e venda nessas faixas, criando áreas de forte disputa.
No caso do bitcoin, os “seis dígitos” também simbolizam maturidade institucional, atraindo atenção midiática e novos fluxos de capital.
Desde maio, o BTC vem se sustentando acima dessa linha. Isso transformou os 100 mil em um suporte técnico e psicológico, reforçado por zonas de volume acumulado entre US$ 97 mil e US$ 104 mil, com concentração de liquidez na casa dos US$ 103 mil.
É como se o mercado tivesse construído uma trincheira nesse patamar — mas isso não impede que haja uma ruptura se a pressão vendedora crescer.
O atual momento é de pausa, com o índice de força direcional (ADX) abaixo de 25 e sinais de compressão no Squeeze Momentum, o que pode antecipar uma nova onda de volatilidade. Se o suporte dos US$ 100 mil for perdido, ordens automáticas de venda podem ser ativadas, gerando um efeito cascata de realização.
Otimistas mantêm o otimismo
Geoff Kendrick, do Standard Chartered, já elevou a projeção para US$ 200 mil até dezembro, considerando os US$ 120 mil um piso subestimado.
A VanEck também trabalha com cenário de pico em US$ 180 mil ainda este ano.
E para a ARK Invest, esse ciclo é só uma prévia. As apostas para 2030 seguem entre US$ 1,2 milhão e US$ 2,4 milhões.
Já o trader Michaël van de Poppe prevê alvos de US$ 150 mil no trimestre atual e, se o fôlego continuar, US$ 250 mil até o fim do ano.
Simon Peters, da eToro, vê potencial de rompimento de resistências em breve, mas alerta para riscos de correções no curto prazo:
“É difícil não estar otimista, mas o risco de queda ainda existe. Investidores devem ter cautela e pensar no longo prazo”.
Por outro lado, Dirk Willer, do Citi, adota uma abordagem mais sóbria. Ele reconhece o papel do ambiente regulatório na sustentação dos preços, mas considera precipitada a ideia de tratar o BTC como “ouro digital”.
Para Willer, o excesso de euforia pode levar a distorções — e a marca dos US$ 100 mil pode acabar sendo mais frágil do que parece.
💣 Pressões no radar: o que pode fazer o preço ceder
Os dados de junho frustraram parte do mercado. A inflação ao consumidor subiu, chegando a taxa anual para 2,7%, acima dos 2,4% registrados em maio. Já o núcleo da inflação chegou a 2,9% ao ano.
Esses números colocam o Federal Reserve em posição delicada. Embora parte dos investidores esperasse uma sinalização mais clara de corte na reunião de julho, os dirigentes seguem cautelosos — e o mercado agora projeta que o primeiro corte só deve vir a partir de setembro, se não houver mais surpresas nos dados.
Esse atraso penaliza o bitcoin, que costuma ganhar tração em ambientes de juros baixos e menor aversão ao risco.
Outro fator que acende o alerta é o impacto das novas tarifas comerciais anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump. A proposta prevê tarifas de 30% sobre importações da União Europeia e do México, além de 50% sobre produtos vindos do Brasil.
O risco embutido aí é duplo. Além de reacender tensões comerciais com grandes parceiros dos EUA, essas medidas podem alimentar pressões inflacionárias. Se isso acontecer, o Fed pode postergar ainda mais os cortes de juros.
Para o BTC, isso é uma má notícia, pois a cripto perde força em um cenário de dólar forte e política monetária restritiva.
👀 Próximos capítulos: o que pode mexer com o preço nos dias seguintes
O gráfico diário mostra que o bitcoin perdeu força após testar a região dos US$ 120 mil.
O candle mais recente fechou em queda, com corpo expressivo e volume elevado — sinal claro de realização após o rali.
A zona dos US$ 116 mil a US$ 118 mil pode atuar como suporte de curto prazo. Se rompida, a próxima área de defesa relevante está em US$ 112 mil, onde passa a média móvel de 21 dias.
No semanal, o candle anterior teve alta de 9,05%, rompendo o topo anterior com volume forte — o que ainda sustenta uma leitura positiva no médio prazo. A estrutura segue de alta, com topos e fundos ascendentes e sem resistências visíveis acima da faixa atual.
Entre os indicadores, o RSI (14) está em 69,85, próximo da zona de sobrecompra. Isso mostra que o BTC pode precisar de um respiro antes de buscar novas máximas.
Já o MACD continua positivo, com as linhas de sinal ainda abertas para cima — o que mostra que, apesar da correção pontual, o impulso comprador segue ativo.
No sentimento de mercado, o índice “Fear & Greed” está em 68 (ganância) — bem acima dos níveis vistos no mês passado (51). A alta repentina nesse indicador é um sinal de atenção: quando a ganância sobe rápido, aumentam também os riscos de correção por excesso de otimismo.
Para os próximos dias, vale acompanhar de perto:
- Região de suporte imediato: US$ 116 mil
- Média móvel de 21 dias: em torno de US$ 112 mil
- Resistência local: US$ 120–123 mil
- Dados econômicos dos EUA, que podem impactar a política de juros e o apetite por risco
- Volume em exchanges: se subir com queda de preço, atenção redobrada
🧘♀️ Calma, investidor: como agir se o bitcoin escorregar
O bitcoin cair abaixo dos US$ 100 mil pode parecer um desastre para quem entrou no topo — mas, na prática, esse tipo de movimento faz parte do comportamento cíclico da criptomoeda.
Volatilidade é a regra, não a exceção. Por isso, mais importante do que tentar adivinhar o fundo é ter clareza sobre o que fazer se ele vier.
A primeira estratégia é a mais antiga do mercado cripto: o hold consciente.
Se você tem convicção nos fundamentos e planejou sua exposição pensando no longo prazo, quedas são normais e não exigem reação imediata.
Quem investe com visão de ciclo precisa tolerar esse tipo de oscilação sem entrar em desespero.
Outra possibilidade é o aporte fracionado em quedas — o famoso DCA (Dollar-Cost Averaging). Em vez de tentar acertar o melhor preço, o investidor compra aos poucos, aproveitando as baixas para reduzir o preço médio.
Essa abordagem reduz o impacto emocional e diminui o risco de errar o timing.
O maior risco nesses momentos não é a queda em si, mas o pânico coletivo.
Movimentos bruscos podem ativar ordens automáticas, espalhar medo e gerar vendas precipitadas.
Quem vende no susto geralmente realiza prejuízo e depois assiste ao BTC recuperar — como já aconteceu inúmeras vezes.
A dica mais valiosa é voltar ao básico, Por que você comprou bitcoin? Foi por hype ou por entender que ele é escasso, resistente à censura e uma reserva de valor alternativa?
Se a resposta estiver clara, o preço do dia não muda sua tese. Se não estiver, talvez seja hora de rever sua estratégia — e não o gráfico.
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