Já morreu 477 vezes: como o Bitcoin sobreviveu a todos os seus obituários

Já morreu 477 vezes: como o Bitcoin sobreviveu a todos os seus obituários
Imagem destaque: Pexels/Pavel Danilyuk

Desde 2010, o Bitcoin (BTC) já foi declarado morto centenas de vezes por jornais, colunistas, economistas e entusiastas arrependidos. Mesmo com tantas previsões de colapso, a rede segue operando, minerando blocos e confundindo quem apostou no fim.

O site 99Bitcoins mantém desde 2010 um acervo com todas as vezes em que o a criptomoeda primária foi oficialmente declarada morta. Para entrar na lista, a “morte” precisa ser publicada por um veículo confiável e afirmar que o ativo não tem futuro. Hoje já são 477 mortes registradas. E o mais curioso é que o número parou de subir.

🧟‍♂️ Linha do tempo das mortes mais marcantes

2010 – A primeira certidão de óbito

O primeiro obituário do Bitcoin foi publicado em dezembro de 2010, no blog Underground Economist. O autor dizia que a moeda digital era “uma ideia interessante”, mas fadada ao fracasso. Alegava que o modelo não era escalável e que a maioria dos usuários jamais se interessaria por algo tão técnico. O BTC valia menos de 50 centavos na época.

2013 – O estouro da bolha “definitiva”

Depois de subir feito foguete e alcançar US$ 1.100, o preço do bitcoin despencou para menos de US$ 200 no ano seguinte. Foi o bastante para o economista Paul Krugman dizer que “o Bitcoin é o mal absoluto”. A Bloomberg chamou a queda de “implosão da bolha”. Para muitos, era o fim do experimento. Mas o protocolo seguiu funcionando normalmente, como se nada tivesse acontecido.

2017 – Pirâmide ou só volatilidade?

Com a disparada para US$ 20 mil em dezembro, os comentários mudaram de tom. Não era mais algo inofensivo, e sim “uma ameaça ao sistema financeiro”. A seguir, veio uma queda de mais de 80% em 2018. O Financial Times publicou que “o Bitcoin morreu para o investidor comum”. Anos depois, esse mesmo “investidor comum” compraria novamente… a preços bem mais altos.

2022 – O inferno das criptos

A falência da Terra, da Celsius e da FTX provocou um terremoto no mercado. O bitcoin caiu de US$ 69 mil para menos de US$ 16 mil. O The Guardian disse que o colapso da FTX “desmoralizava de vez o mundo cripto”. O BTC foi tratado como um ativo tóxico, sem futuro, sem propósito. Vários analistas disseram que aquela seria a morte definitiva. Só esqueceram de combinar com os mineradores, que seguiram ligando as máquinas.

2024 – A mais recente eulogia

Em 17 de abril de 2024, o analista Rafi Farber publicou na rede social X que o bitcoin “morreu no topo de outubro de 2021” e que não teria mais papel na próxima fase da economia. “O próximo ciclo inflacionário será movido por dinheiro real, não por derivativos inexistentes”, escreveu ele. O post viralizou e virou o obituário número 477 no site 99Bitcoins. Desde então, nenhuma nova morte foi registrada.

📉 Por que o Bitcoin morre tanto?

Grande parte das “mortes” vem de quem associa o preço com o valor da rede. Quando o BTC cai, surgem análises apressadas prevendo o fim.

Outras vezes, o motivo está ligado a hacks, escândalos ou medidas regulatórias. Acontece algo no mercado, o pânico se instala e alguém decreta que acabou.

Mas mesmo nos piores momentos, a rede segue operando. Mineração, transações, carteiras e atualizações de código não param.

Países com inflação alta, censura financeira ou moeda instável seguem adotando o Bitcoin como alternativa prática. E quanto mais tempo ele sobrevive, mais difícil é apagá-lo.

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