Depois da queda histórica, para onde vai o bitcoin agora?

Depois da queda histórica, para onde vai o bitcoin agora
Imagem destaque: Pexels

O anúncio de tarifas de 100% sobre produtos chineses feito por Donald Trump na sexta-feira (10) desencadeou a maior liquidação da história das criptomoedas. Em menos de 24 horas, 1,6 milhão de traders perderam US$ 19 bilhões em posições, segundo dados da Coinglass e Bloomberg.

Após a decisão do governo estadunidense de aumentar as tarifas sobre importações chinesas de 30% para 130%, o mercado reagiu em pânico. Bitcoin (BTC), Ethereum (ETH), Solana (SOL) e BNB despencaram em questão de minutos, acompanhando a queda de mais de 2% nos principais índices de ações dos EUA.

O BTC chegou a cair 13% em um único dia, atingindo US$ 105 mil, enquanto o ETH recuou 12%, para US$ 3.500. SOL e Sui registraram perdas ainda mais fortes. De acordo com o portal DL News, a combinação entre alavancagem elevada e o choque das tarifas criou uma tempestade perfeita de liquidações automáticas em exchanges de derivativos, derrubando bilhões em contratos futuros.

🧩 Especialistas apontam a China como fator-chave 

Anuj Gupta, diretor da Ya Wealth, explicou que investidores chineses têm peso importante no mercado cripto e que o anúncio de Trump “abalou completamente o sentimento de confiança”.

“Essa queda era esperada após o anúncio. A pressão de venda foi generalizada e ainda pode continuar nos próximos dias, principalmente em ativos que concentram grande volume chinês, como Bitcoin e Ethereum”, afirmou Gupta em entrevista ao Mint.

David Jeong, CEO da Tread.fi, classificou o evento como um ‘Cisne Negro’. Segundo o empresário, poucas instituições estavam preparadas para a velocidade da liquidação, que expôs o risco das posições altamente alavancadas.

⚠️ Ponto de atenção para investidores 

Caroline Mauron, cofundadora da Orbit Markets, afirmou que o suporte técnico do bitcoin está em US$ 100 mil. Caso o preço rompa esse nível, o movimento pode encerrar o ciclo de alta.

De acordo com a CoinMarketCap, o valor total do mercado cripto despencou de US$ 4,3 trilhões para US$ 3,74 trilhões em menos de um dia, enquanto o volume negociado atingiu US$ 490 bilhões.

Do pânico à recuperação

Após o colapso, o bitcoin voltou a se recuperar, alcançando US$ 115 mil, segundo o CoinGecko. A leve retomada coincidiu com declarações de Donald Trump tentando acalmar os mercados, ao afirmar que “não era para se preocupar com a China” e sugerir que o presidente Xi Jinping havia tido apenas um “momento difícil”. O tom mais brando foi interpretado como sinal de que a escalada nas tensões comerciais pode não ir tão longe quanto parecia.

🪙O que esperar agora 

Vincent Liu, diretor da Kronos Research, disse que o apetite por risco ainda existe, enquanto Nassar Achkar, da CoinW, acredita que o foco agora deve se voltar aos dados de inflação dos EUA e às reuniões do Federal Reserve.

Para o investidor Simon Dedic, fundador da Moonrock Capital, o episódio “parece diferente de tudo o que já vimos”. O especialista argumenta que não há motivo fundamental para uma queda tão acentuada, apontando que parte do colapso pode ter ganhado proporções maiores por conta de falhas técnicas em grandes exchanges.

O gráfico de 1h mostra claramente o momento da queda brusca no dia 11, com forte volume e uma sequência de velas vermelhas longas que levaram o preço até a região dos US$ 105 mil. 

A partir daí, o BTC iniciou uma recuperação até atingir a faixa dos US$ 115 mil, onde encontra resistência. Nas últimas horas, há sinais de perda de força compradora, com candles menores e volume decrescente, o que pode ser indicativo de cautela no curto prazo.

O gráfico de 3h dá mais contexto ao movimento atual. O BTC vinha de uma sequência de topos e fundos ascendentes, interrompida abruptamente com a queda provocada pelo anúncio das tarifas.

O preço formou um fundo técnico em torno de US$ 105 mil e reagiu rapidamente, formando uma estrutura de pullback até os US$ 115 mil. A recuperação foi forte, mas ainda não rompeu a estrutura de baixa anterior, o que indica que a tendência permanece vulnerável.

No diário, o candle de queda representa um rompimento claro do suporte que estava próximo de US$ 118 mil. A recuperação seguinte mostra um candle de corpo menor e sem grande volume, o que levanta dúvidas sobre a força dessa reação.

O RSI está em torno de 46, indicando que o BTC saiu da zona de sobrecompra e agora se aproxima de uma região neutra. O MACD também aponta para perda de momentum de alta, com linhas cruzadas para baixo.

O semanal mostra que, apesar da queda agressiva, o bitcoin ainda está dentro de uma estrutura de alta no longo prazo. O movimento recente parece, por enquanto, uma correção dentro de um ciclo ainda positivo.

O RSI permanece acima dos 50 pontos e o MACD segue positivo, embora a força esteja diminuindo. 

Suportes e resistências principais

Resistências

  • US$ 115.800 (resistência imediata no 1h e 3h)
  • US$ 118.000 (antigo suporte perdido, agora resistência)
  • US$ 122.000 (topo anterior no gráfico diário)

Suportes

  • US$ 111.500 (nível testado após a queda)
  • US$ 105.000 (fundo da liquidação e suporte crítico)
  • US$ 100.000 (suporte psicológico e técnico citado por analistas)

O mercado segue completamente suscetível ao que Trump e Xi decidem postar ou declarar. 

Trump é conhecido por suas falas imprevisíveis. Como observado, pode ameaçar uma guerra comercial pela manhã e dizer que é “só uma fase” do Xi Jinping à tarde. 

Já Xi adota um tom mais controlado, mas não menos estratégico. Nesse ritmo, qualquer análise técnica precisa vir acompanhada de um bom acompanhamento do noticiário.

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