Muita gente já sabe o básico quando o assunto é airdrop. Site mal feito, promessa de lucro rápido e redes sociais com seguidores “inflados”. Mas existem armadilhas mais discretas, difíceis de notar até para quem já vive no mercado cripto há tempos.
💻 Contrato inteligente suspeito
Alguns projetos dizem ser descentralizados, mas escondem funções perigosas dentro do contrato.
Vale abrir o Etherscan, o BscScan ou outro explorer e conferir se existe algo como “mint ilimitado” ou permissão para movimentar todos os seus tokens.
Mesmo que o projeto pareça legítimo, esse tipo de função entrega poder demais à equipe. Se o código nunca passou por auditoria confiável, o risco é alto.
Antes de aceitar qualquer transação, verifique na Metamask se o acesso concedido é realmente necessário.
A regra é:
- Se o valor de aprovação for infinito, desconfie.
- Se puder editar o limite, defina um valor pequeno.
- Se o app não funcionar com limite ajustado, melhor sair antes de clicar em “Confirmar”.
📉 Tokenomics mal planejado
Antes de participar de qualquer airdrop, vale entender se o token realmente tem estrutura para se sustentar. O tokenomics é o plano econômico do projeto. É através dele que você sabe como os tokens são criados, distribuídos e usados.
Um bom tokenomics tem utilidade clara, por exemplo, pagamento de taxas, acesso a recursos do ecossistema ou participação em decisões da comunidade.
Além disso, possui distribuição equilibrada entre equipe, investidores e comunidade, e um cronograma de liberação (vesting) que evita despejos imediatos de grandes quantidades de tokens no mercado.
Já um tokenomics ruim costuma concentrar a maior parte da oferta nas mãos da equipe ou liberar tudo de uma vez no airdrop, sem criar incentivo para manter o token em circulação, gerando pressão de venda logo após o claim, derrubando o preço.
Para avaliar, observe se o projeto tem:
- Whitepaper detalhado explicando como o token será usado
- Cronograma de liberação gradual dos tokens
- Percentual justo para a comunidade em relação à equipe e investidores
- Alguma fonte real de demanda (como staking, utilidade em jogos, governança etc.)
Se nada disso estiver claro, o risco de virar um “token sem chão” é alto e o dump é questão de tempo.
🕳️ Endereços criados pela própria equipe
Alguns projetos forjam sucesso fabricando uma comunidade que não existe. A equipe cria dezenas ou centenas de carteiras antes do lançamento, interage entre elas e depois “farma” o airdrop como se fossem usuários legítimos. Ao fazer isso, acabam inflando os números e enganando quem analisa apenas o volume de carteiras ativas.
Para identificar esse tipo de manipulação, o olhar precisa ir além da superfície. As ferramentas Nansen, Arkham e Bubblemaps ajudam a rastrear padrões suspeitos, como endereços criados em sequência, carteiras que interagem sempre entre si ou movimentações sincronizadas no mesmo bloco.
Outra pista é observar a origem dos tokens. Se muitos vêm de um único endereço ou se várias carteiras movimentam fundos entre si antes do airdrop, é sinal de orquestração. Também vale checar a distribuição da posse total do token. Se poucas carteiras concentram uma fatia enorme, o “engajamento” provavelmente é artificial.
Um projeto legítimo mostra diversidade real de carteiras, interações vindas de usuários antigos e transparência nas movimentações. Quando tudo parece perfeito demais e as carteiras são recém-criadas, é quase sempre encenação.
🧠 Regras que mudam no meio do caminho
Um airdrop confiável define desde o início quem será recompensado, quando será feito o snapshot e quais ações contam para a pontuação. Quando o projeto começa a ajustar regras depois do hype, seu sinal de alerta deve ser ligado. Essas mudanças geralmente eliminam usuários legítimos e concentram os ganhos em grupos próximos à equipe.
Um sinal de manipulação é quando os critérios viram alvo de “atualizações técnicas” sem provas claras na blockchain. Em casos assim, o time promete mais transparência, mas nunca divulga os dados completos. Projetos sérios mantêm o histórico público, com snapshot datado, métricas verificáveis e mecanismos auditáveis para quem quiser conferir.
Antes de se empolgar com qualquer campanha, vale guardar prints das regras originais, comparar com os anúncios recentes e checar se o endereço do contrato e as datas de snapshot continuam iguais. Quando a régua muda no meio do jogo, normalmente o prêmio já tem dono.
🧩 Snapshot retroativo sem dados on-chain
Quando um projeto anuncia que você está elegível mas não há registro verificável na blockchain, algo está errado. Snapshots legítimos deixam rastro público com bloco, data e contrato identificáveis, permitindo que qualquer pessoa confira por conta própria.
Projetos que realizam esse processo fora da rede controlam os dados internamente e podem manipular quem recebe ou não os tokens sem deixar pistas. É como participar de um jogo em que só o criador conhece as regras.
Um snapshot confiável sempre pode ser conferido em um blockchain explorer, com bloco, hash e endereço acessíveis. Se o time disser que o processo foi interno, é melhor se afastar.
🔍 Como separar o airdrop real da armadilha
No universo dos airdrops, o golpe nem sempre vem de forma óbvia. Às vezes, o risco está em detalhes técnicos que passam despercebidos, como contratos com funções suspeitas, permissões exageradas ou mudanças de regras depois do lançamento. Por isso, antes de clicar em qualquer “Claim”, vale pausar e investigar.
Analise o contrato, entenda o tokenomics, veja se o snapshot é transparente e se os endereços da comunidade parecem legítimos. Um bom airdrop é aquele que distribui valor real, com critérios claros e código aberto auditado. No fim das contas, quem se protege é quem estuda antes de clicar.
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