Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), subiu ao palco da conferência anual da Associação Nacional de Economia Empresarial, na Filadélfia, para falar sobre um tema que ele mesmo brincou ser comparável a uma ida ao dentista, o balanço do Fed.
O presidente do banco central dos EUA explicou o papel do balanço patrimonial nas decisões de política monetária, defendeu as ações tomadas durante a pandemia e falou sobre o que vem por aí com juros, inflação e o mercado de trabalho.
📌 Como funciona o balanço do Fed
O balanço do Federal Reserve soma US$ 6,5 trilhões. A maior parte está em três frentes:
- cédulas físicas (2,4 trilhões)
- reservas bancárias (3 trilhões)
- conta do Tesouro americano (800 bilhões)
Esses passivos sustentam a liquidez da economia e são compensados por 4,2 trilhões em títulos do Tesouro e 2,1 trilhões em papéis hipotecários com garantia estatal.
Quando o Fed injeta reservas na economia, faz isso comprando títulos e adicionando crédito nas contas bancárias. Essa operação não aumenta a dívida pública, mas altera a composição dos ativos em circulação.
📉 Crise, socorro e excesso de liquidez
Durante a pandemia, o Fed usou seu balanço como principal ferramenta para conter o colapso dos mercados. Criou linhas emergenciais de crédito que somaram US$ 200 bilhões no auge e lançou uma onda de compras de títulos, que adicionaram 4,6 trilhões ao balanço.
Mesmo com a economia dando sinais de recuperação, o ritmo de compras se manteve alto até o fim de 2021. Powell reconheceu que, com a visão de hoje, poderia ter encerrado antes, mas na época o objetivo era evitar apertos prematuros.
A memória do pânico de 2013, quando o Fed sinalizou redução de estímulos e gerou caos nos mercados, pesou na decisão.
🏦 Modelo de reservas e futuro do balanço
Desde 2022, o Fed vem enxugando o balanço aos poucos. Já reduziu US$ 2,2 trilhões, mantendo o controle sobre a taxa de juros via mecanismos como a remuneração de reservas e operações de recompra reversa.
Powell reforçou que o modelo de “reservas amplas” segue funcionando bem e é preferível a voltar ao antigo sistema.
O objetivo agora é parar o enxugamento quando houver uma folga confortável nas reservas, sem repetir episódios como o de 2019, quando a falta de liquidez gerou tensões no mercado.
📊 Juros, inflação e mercado de trabalho
A parte final do discurso tratou do cenário atual. Powell afirmou que o crescimento econômico parece mais firme que o esperado, mas o mercado de trabalho está menos dinâmico. Há menos contratações e sinais de moderação no otimismo das famílias e empresas.
A inflação medida pelo núcleo do PCE segue em 2,9%, com pressões maiores em bens e tarifas, enquanto o setor de moradia mostra desaceleração. Para o Fed, os riscos para o emprego aumentaram, e isso justificou o tom mais neutro adotado na reunião de setembro.
Powell não falou diretamente sobre reduzir os juros nem deu sinais claros de que isso vai acontecer em breve. Ele destacou que não há caminho sem riscos na política monetária atual e que as decisões seguirão sendo feitas reunião por reunião, com base nos dados.
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