Ethereum a US$ 10 mil? Especialistas mantêm aposta mesmo após queda

Dois nomes de peso no universo cripto seguem firmes na previsão de que o Ethereum (ETH) pode atingir US$ 10 mil até o fim de 2025. Mesmo após o tombo recente no mercado e com menos de três meses restantes no calendário, Tom Lee, presidente da BitMine, e Arthur Hayes, cofundador da BitMEX, mantêm suas projeções otimistas.

Durante participação no podcast Bankless, Lee disse que enxerga o ETH entre US$ 10 mil e US$ 12 mil até dezembro. Hayes concordou e reforçou que não mudou sua aposta inicial. Hoje, a altcoin é negociada a US$ 4.083. Para alcançar o patamar previsto, o ativo precisaria subir mais de 144%.

Segundo Lee, a valorização esperada não seria exagerada. Ele aponta que o Ethereum está “se consolidando” desde 2021, quando atingiu o topo histórico de US$ 4.878. Para o empresário, a alta seria apenas uma nova fase de descoberta de preço, após quatro anos preso em uma faixa de oscilação.

O ETH chegou a se aproximar do recorde em agosto deste ano, mas voltou a recuar. Mesmo assim, acumula uma alta de mais de 57% nos últimos doze meses, segundo dados do CoinMarketCap.

A narrativa da explosão do ETH se sustenta com os dados?

O gráfico mensal mostra que o preço atual está se aproximando do topo histórico, mas ainda não conseguiu romper com força. O candle mais recente mostra retração, com uma leve sombra superior, o que aponta para rejeição na região dos US$ 4.800. O volume mensal está alto, mas não é o maior do ciclo, destacando uma possível perda de fôlego temporária.

No gráfico semanal, a sequência de candles mostra alta volatilidade. O ETH testou o patamar dos US$ 4.800, mas recuou para US$ 4.050. A estrutura atual lembra uma formação de topo duplo, com sombra longa em uma das velas, o que pode sinalizar dificuldade em manter a escalada sem uma nova base.

Do lado fundamental, o TVL da rede Ethereum segue elevado, acima dos US$ 88 bilhões. Ou seja, a rede está em uso real, com capital bloqueado em aplicações DeFi.

O staking líquido também está aquecido. Só o protocolo Lido concentra US$ 38 bilhões na altcoin. Além disso, a fila para entrar como validador está na casa dos 422 mil ETH.

No entanto, o congestionamento nas filas de retirada e o volume travado em staking, superior a US$ 10 bilhões, mostram que parte importante do Ethereum está indisponível para trade imediato. Isso reduz oferta circulante, mas também limita a liquidez no caso de pressão de venda.

Os fluxos para ETFs foram positivos em outubro. Entraram mais de US$ 600 milhões no mês. Mas esses dados ainda precisam ser sustentados ao longo de novembro e dezembro. Um pico pontual de fluxo institucional não garante uma subida de 140% em poucas semanas.

As chamadas internas na rede atingiram 9,5 milhões por dia, e o volume de ativos do mundo real tokenizados no Ethereum já passa de US$ 11 bilhões. Mas o preço é influenciado por dinâmica de mercado, não só por adoção técnica.

Com base nas informações visíveis, não há uma estrutura de rompimento consolidada no gráfico, nem uma sequência de candles que sugira entrada em tendência parabólica.

O RSI mensal está em 60,5, nível que marca otimismo, mas ainda distante da zona de sobrecompra. O MACD cruzou para cima, o que é um bom sinal, mas precisa de continuidade de força compradora para se manter.

Em ciclos anteriores, o Ethereum até entregou movimentações agressivas, mas geralmente dentro de uma estrutura parabólica clara, com euforia visível no mercado e aceleração vertical nos preços. Não é isso que está no gráfico agora.

O momento atual é mais de recuperação forte e gradual, depois de uma longa fase de consolidação. Promissor, sim. Mas uma explosão como a de 144% precisaria de um gatilho muito específico e imediato, ou de uma força compradora em escala que ainda não apareceu.