O rali que levou o bitcoin (BTC) ao recorde de US$ 126,1 mil virou uma das quedas mais bruscas da história recente do mercado de criptomoedas, pressionado por temores macroeconômicos, realização de lucros e uma liquidação em massa nos mercados futuros.
A análise da Glassnode aponta um cenário de fragilidade e cautela, com investidores institucionais retraídos e traders buscando proteção em opções.
💥 O rali que virou correção
Após atingir um novo topo histórico, o BTC perdeu força diante da tensão comercial entre Estados Unidos e China. A reversão coincidiu com um movimento de redução de alavancagem de US$ 19 bilhões em contratos futuros, um dos maiores já registrados.
O preço caiu abaixo da faixa entre US$ 114 mil e US$ 117 mil, onde estavam concentradas as compras de topo, deixando parte desses investidores no prejuízo.
A Glassnode descreve essa fase como um “reset” estrutural. Sem novos catalisadores, o preço pode seguir para o limite inferior entre US$ 108 mil e US$ 117 mil, o que historicamente costuma anteceder períodos prolongados de correção.
🧠 Vendas de longo prazo e falta de novos compradores
Desde julho, os detentores de longo prazo vêm reduzindo suas posições. A oferta nas mãos desses investidores caiu em torno de 300 mil bitcoins, mostrando que muitos estão realizando lucros gradualmente.

Essa pressão vendedora constante restringe o avanço de preço e pode empurrar o mercado para uma fase de consolidação, caso não surjam novos fluxos de compra.

Os ETFs também começaram a mostrar fraqueza. As entradas líquidas ficaram negativas em 2,3 mil BTC na semana, sinal de que a demanda institucional, que havia sustentado o rali anterior, perdeu força.
📉 Pressão nas corretoras e colapso dos futuros

Durante a liquidação, o volume de negociação spot subiu para um dos maiores níveis do ano. A Binance registrou forte pressão de venda, enquanto a Coinbase apresentou compras líquidas, mostrando que instituições dos EUA aproveitaram a correção para acumular.
Mesmo assim, o volume agregado destaca apenas leve tendência vendedora, ou seja, o pânico foi localizado e não um êxodo generalizado de investidores.
Nos derivativos, o interesse aberto em futuros caiu US$ 10 bilhões em um único dia, movimento comparável ao crash da FTX em 2022. O índice de alavancagem estimado despencou para mínimas de vários meses, como resultado de uma limpeza de posições forçadas em todo o sistema.
⚠️ Financiamento negativo e medo extremo

Com o colapso das posições compradas, as taxas de financiamento dos contratos perpétuos ficaram negativas, atingindo níveis vistos apenas durante o colapso da FTX.
Traders passaram a pagar para manter posições vendidas, reflexo do medo extremo e da aversão ao risco.
Historicamente, eventos desse tipo marcam o fim das fases de pânico e abrem espaço para reconstrução gradual de confiança.
📊 Opções mostram corrida por proteção
Enquanto o mercado futuro se ajustava, o de opções reagiu com força. O interesse aberto quase voltou ao recorde após a liquidação, mostrando que traders reabriram posições rapidamente para se proteger.
O volume de opções disparou quando a volatilidade implícita saltou de 35% para 76%, a maior desde abril de 2025.
O rali de volatilidade foi impulsionado por coberturas emergenciais, forçando traders vendidos em opções a recomprar contratos e inflando os preços de curto prazo.
O resultado foi uma curva distorcida, com prêmios muito mais altos para vencimentos imediatos.
🧩 Puts disparam antes da queda

Um dado chama atenção. Antes do tombo do bitcoin, o volume de opções de venda (puts) ultrapassou o de compra (calls), com a relação put/call subindo para 1,41, um dos maiores níveis do ano. Esse movimento é um indicativo que o mercado já vinha se preparando para um cenário adverso, com investidores buscando proteção antes da liquidação em massa.
Logo depois, o viés de curto prazo (“skew”) atingiu +17%, revelando forte demanda por hedge contra quedas. Em prazos mais longos, no entanto, traders voltaram a comprar calls para 2026, mostrando que parte do mercado continua apostando na recuperação de longo prazo.
Para a recuperação se confirmar, será necessário o retorno de entradas institucionais e uma nova onda de acumulação on-chain. Até lá, o mercado vive sua “Black Friday antecipada”, onde os excessos foram limpos e apenas os mais pacientes permanecerão posicionados.
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