A última sexta-feira (14) ficou marcada na história do mercado de criptomoedas, mas não de um bom jeito, infelizmente. O presidente da Argentina, Javier Milei, divulgou uma memecoin chamada LIBRA que nada mais era que um rug pull, que, além de fazer milhões de pessoas perderem muito dinheiro para enriquecer ainda mais baleias milionárias, tem ligação com a altcoin lançada pela primeira-dama dos Estados Unidos, o token MELANIA.
Eu sei que é muita informação para assimilar, mas vou deixar aqui o link de apoio de dois artigos que explicam com mais detalhes as informações passadas, pois neste texto vou abordar outra parte da história dessa memecoin.
- Milei e $LIBRA: como o culto a políticos virou o maior rug pull da criptoeconomia
- Criador do MELANIA é o mesmo por trás do LIBRA
O exposed político
Imagem: X/@jfonseca81
Hayden Davis, estrategista por trás do lançamento de memecoins políticas, conversou com o youtuber Coffeezilla, admitindo práticas de insider trading, uso de carteiras sniper e manipulação de mercado, além de implicar diretamente nomes de Donald Trump, Javier Milei e Melania Trump.
Durante a entrevista, ele disse que o token LIBRA foi planejado desde o início para beneficiar insiders, garantindo acesso antecipado antes do lançamento oficial. Além disso, segundo o estrategista, um seleto grupo de investidores pôde comprar tokens ligados a Trump a preços reduzidos durante um evento privado em Washington, D.C., antes que a informação chegasse ao público.
Davis também destacou que sua visão inicial era de que algumas dessas moedas poderiam ganhar relevância, mas acabou constatando que tudo não passava de um jogo onde grandes players saem ganhando e o público comum perde.
Outro ponto levantado por Davis na entrevista é que a memecoin associada a Melania seguiu o mesmo roteiro do LIBRA e do TRUMP, com sua equipe utilizando técnicas de sniping para garantir as melhores posições de entrada antes do lançamento oficial.
De acordo com dados on-chain, uma carteira ligada à operação da altcoin da esposa de Trump recebeu US$ 1,5 milhão desse token, para então despejá-los no mercado e derrubar o preço.
Ou seja, a entrevista apenas confirmou o que já se suspeitava: praticamente todos os grandes lançamentos de memecoins são manipulados desde o início. Davis explicou que grupos privados pagam caro por informações privilegiadas sobre contratos antes do lançamento, permitindo que realizem operações lucrativas antes do acesso público. Essa prática, segundo ele, acontece em diversas redes, desde Solana até BNB Smart Chain.
Em resposta ao bate-papo, o investigador on-chain ZachXBT ironizou:
“Não parece que Hayden consultou um advogado antes dessa entrevista, o que é meio insano”.
Em sua defesa, Davis declarou que controla US$ 100 milhões em fundos do tesouro do LIBRA e afirmou que nunca teve a intenção de fugir com esse valor. Atualmente, ele está aguardando uma posição oficial do governo, pois, segundo o estrategista, o presidente argentino mentiu ao afirmar desconhecer os detalhes do projeto.
Como destino para esses fundos, Davis apresentou quatro possíveis soluções:
- Doar os valores para uma instituição de caridade argentina
- Criar um processo de reembolso para os investidores
- Reinvestir o valor no mercado para tentar estabilizar o preço da LIBRA
- Desenvolver uma solução híbrida, que envolva a distribuição do dinheiro ao mesmo tempo em que se tenta garantir a estabilidade do mercado
No entanto, ele acredita que reinjetar o dinheiro poderia resultar em mais manipulação, com traders antecipando a movimentação e aproveitando-se da valorização momentânea.
Davis afirmou que ainda não pode tomar nenhuma decisão sobre os fundos, já que este é o único poder que lhe resta para negociar com os oficiais do governo. Ele espera obter respostas da administração Milei antes de qualquer ação.
Milei pode ser preso?
Enquanto Trump é pressionado por poucos parlamentares nos Estados Unidos pelos seus lançamentos de memecoins, a situação para Milei na Argentina é bem pior, com o escritório de advocacia Burwick Law se preparando para processar o político por sua ligação com o colapso do LIBRA.
O Burwick Law fez uma postagem na rede social X chamando as vítimas do golpe para entrarem em contato com o escritório para obter informações sobre os direitos legais em relação às perdas com o token.
Além disso, o líder da oposição Leandro Santoro pediu o impeachment de Milei, chamando o escândalo de uma vergonha internacional. A Câmara de Fintechs da Argentina afirmou que o LIBRA se encaixa na definição clássica de rug pull – esquema fraudulento no qual os responsáveis inflacionam artificialmente o preço de um token, vendem suas participações e abandonam os investidores.
A equipe de Milei decidiu apagar qualquer menção ao LIBRA, removendo as postagens nas redes sociais. Inclusive, essa ação pode agravar sua situação legal, pois pode ser enquadrada como uma tentativa de ocultar sua participação no caso.
Conforme observado pelo governo argentino, o presidente se reuniu com executivos da KIP Protocol em outubro de 2024 e com Davis em janeiro de 2025.
Embora as autoridades locais defendam que o apoio de Milei foi uma ação pessoal em seu papel de apoiar iniciativas empresariais, a Oficina Anticorrupção não está convencida e montou uma força-tarefa para investigar o caso.
A plataforma DeFi Jupiter Exchange disse que alguns membros da equipe sabiam sobre o lançamento do LIBRA semanas antes da publicação de Milei. No entanto, ela negou envolvimento em qualquer prática de insider trading, afirmando que ninguém da empresa recebeu tokens ou qualquer compensação relacionada.
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