O mercado de criptomoedas está testemunhando um novo ciclo de valorização das altcoins, mas, desta vez, o fenômeno tem uma dinâmica diferente. Em vez de investidores movimentarem lucros do bitcoin (BTC) para outras criptomoedas, como ocorreu em ciclos anteriores, o que impulsiona essa nova fase são os detentores de stablecoins, segundo Ki Young Ju, CEO da CryptoQuant.
Altcoins ganham força e superam o bitcoin em volume
O volume de negociação das altcoins está 2,7 vezes maior que o do bitcoin, indicando uma mudança no mercado. Historicamente, os períodos de alta das altcoins aconteciam quando traders sacavam lucros do BTC para investir em projetos alternativos. No entanto, desta vez, o dinheiro novo vem de outro lugar.
A principal fonte de liquidez para essa nova fase das altcoins vem do capital armazenado em stablecoins, conforme análise da CryptoQuant. Esse aumento acompanha a expansão do mercado dessas criptomoedas pareadas ao dólar, que registrou um forte crescimento após a vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas. Atualmente, o valor total das stablecoins em circulação já ultrapassa os US$ 232 bilhões, de acordo com dados do CoinGecko.
Porém, essa alta das altcoins não é generalizada. O fluxo de capital está se concentrando apenas em algumas criptomoedas específicas, enquanto outras continuam sem grandes movimentações. Algumas redes, como Solana, estão até registrando saídas de capital, devido a fraudes envolvendo memecoins e esquemas de manipulação de mercado.
Bitcoin segue outro caminho com maior adoção institucional
Enquanto as altcoins vivem esse novo ciclo, o BTC está cada vez mais se distanciando do mercado cripto tradicional. Isso acontece porque a criptomoeda tem atraído grandes investidores institucionais, o que altera sua dinâmica de preço. Atualmente, ETFs spot de Bitcoin nos Estados Unidos já controlam US$ 100 bilhões, enquanto empresas públicas mantêm mais de US$ 60 bilhões como proteção contra a inflação, conforme o BitcoinTreasuries.NET.
Segundo Young Ju, essa adoção institucional fez com que o bitcoin criasse um “ecossistema financeiro próprio”, impulsionado por ETFs, fundos de investimento e reservas corporativas. Como resultado, a correlação entre Bitcoin e altcoins diminuiu, tornando o mercado cripto mais fragmentado.
A nova temporada das altcoins, portanto, não segue os padrões dos ciclos anteriores. Em vez de uma movimentação geral de capital dentro do mercado cripto, estamos vendo um cenário mais seletivo, onde apenas alguns projetos conseguem atrair liquidez e estabelecer suas próprias tendências de valorização.
