A ascensão da exchange descentralizada (DEX) HyperLiquid tem chamado a atenção dos investidores de criptomoedas. Embora sua existência não seja uma novidade, ela ganhou ainda mais notoriedade com a baleia de US$ 500 milhões “shortando” o bitcoin (BTC) esta semana. Além disso, a plataforma tem sido muito utilizada por golpistas Web3.
Neste artigo, você verá o que torna a HyperLiquid única, suas funcionalidades, benefícios e como hackers a têm usado como uma forma de lavar dinheiro.
O que é a HyperLiquid?
A HyperLiquid é uma exchange descentralizada (DEX) especializada em derivativos cripto, operando diretamente em uma blockchain. Diferente de plataformas centralizadas como a Binance ou a Bybit, ela elimina intermediários, permitindo que os usuários negociem contratos de forma peer-to-peer (P2P), com custódia total de seus fundos por meio de carteiras autossoberanas (como MetaMask ou Trust Wallet).
Sua proposta é democratizar o acesso a produtos financeiros complexos, tradicionalmente restritos a instituições ou traders experientes, enquanto mantém os princípios do DeFi: descentralização, transparência e segurança.
Principais características e inovações
- Descentralização total
Na HyperLiquid, não há uma entidade central controlando os fundos ou as ordens de negociação. Tudo é gerenciado por contratos inteligentes (smart contracts) auditados e públicos. Isso reduz riscos de hacks a servidores centralizados ou congelamento de contas por parte da plataforma.
- Baixas taxas e eficiência
A DEX utiliza mecanismos de layer 1 ou layer 2 para garantir transações rápidas e taxas mínimas. Enquanto exchanges centralizadas cobram fees de até 0,1% por trade, a HyperLiquid pode reduzir esse custo para menos de 0,05%, atraindo traders de alta frequência e arbitradores.
- Liquidez otimizada
Para evitar um problema comum em DEXs — a falta de liquidez —, a HyperLiquid emprega as seguintes estratégias:
- Pools de liquidez: usuários podem fornecer liquidez e ganhar recompensas em tokens nativos (ex: HLQ).
- Integração com agregadores: conecta-se a agregadores de liquidez como o 1inch para garantir melhores preços.
- Produtos de derivativos avançados
Além de contratos futuros e perpétuos, a plataforma oferece:
- Alavancagem ajustável (até 40x, dependendo do ativo).
- Mercados de previsão (prediction markets) para eventos cripto.
- Opções de hedge contra volatilidade.
- Segurança como prioridade
Os contratos inteligentes da HyperLiquid passam por auditorias rigorosas da Zellic, minimizando riscos de exploits. Além disso, a arquitetura modular da plataforma isola possíveis falhas em componentes específicos.
Riscos de lavagem de dinheiro
Infelizmente, um dos grandes desafios da HyperLiquid hoje é que a plataforma é muito propícia para lavagem de dinheiro de golpistas Web3. Conforme observado pelo analista de pseudônimo @PixOnChain, não é nada complexo para criminosos utilizarem a DEX para se livrarem de dinheiro roubado.
Por exemplo, hackers, como o grupo Lazarus, podem depositar US$ 5 milhões do valor roubado da Bybit na HyperLiquid. Usando alavancagem, eles aumentam essa aposta para US$ 250 milhões, algo bem parecido com a baleia desta semana. Aqui, eles “apostam” que o preço de uma criptomoeda vai cair (isso se chama “venda a descoberto”).
Para não perder tudo se a moeda subir, eles usam dinheiro “limpo” (não roubado) para apostar US$ 250 milhões a favor da mesma criptomoedas em outras exchanges (ou seja, apostam que o preço vai subir lá).
Se o preço da cripto cair só 2%, a aposta na HyperLiquid (que era alavancada) é liquidada – ou seja, a plataforma toma o dinheiro deles (os US$ 5 milhões roubados) porque a aposta deu errado. Enquanto isso, nas outras exchanges onde apostaram que a moeda subiria, eles ganham 2% (US$ 5 milhões). Esse dinheiro vem de apostas “limpas”, então parece lucro legítimo.
Detalhe extra: eles ainda misturam os valores das apostas para não ficar óbvio que estão usando estratégias combinadas, dificultando a investigação. É como apostar em dois cavalos opostos numa corrida, mas garantir que o cavalo que perde esconda o dinheiro roubado, enquanto o que ganha traz dinheiro “limpo”.
Um fato curioso é que, segundo o detetive on-chain ZachXBT, a baleia de US$ 520 milhões na HyperLiquid é um cibercriminoso que usa fundos roubados.
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