O bitcoin (BTC) já foi classificado de várias formas ao longo de seus 16 anos de existência, desde uma moda passageira até uma revolução financeira sem precedentes. Para o economista norte-americano Harry Dent, autor de diversos livros sobre ciclos econômicos e fundador da HS Dent Investment Management, a segunda visão é a mais precisa — embora com ressalvas importantes.

Em entrevista publicada no dia 14 de abril pelo canal de David Lin, Dent fez previsões sobre os próximos movimentos do mercado global, com destaque para uma grande crise que, segundo ele, pode se agravar ainda em 2025. Nesse cenário, o especialista aponta que o BTC não deve ser visto como porto seguro, mas sim como parte do que considera ser a maior bolha de ativos da história.

Dent afirmou que a tão falada “bolha de tudo” está prestes a estourar. Ele prevê uma queda de 50% nos mercados financeiros até o meio do ano, seguida de um colapso ainda mais severo, possivelmente ultrapassando os 90%. Nessa fase, ele acredita ser necessário evitar praticamente todos os ativos de risco, principalmente as criptomoedas. No entanto, quando o mercado atingir o fundo do poço, o autor vê o bitcoin como um dos principais instrumentos de recuperação financeira.

A visão de Dent sobre o bitcoin e as criptomoedas

Dent destaca que muitos investidores têm uma percepção equivocada sobre a natureza do bitcoin. Para ele, não se trata de uma reserva de valor estável, mas sim de um ativo altamente especulativo, que tende a sofrer fortes correções em tempos de crise.

Ainda assim, o economista reconhece o papel transformador das criptomoedas na estrutura dos serviços financeiros, comparando o atual momento com o surgimento de gigantes do setor tecnológico no início dos anos 2000.

Apesar do ceticismo em relação ao curto prazo, Dent enxerga um futuro promissor para o BTC após a correção que antecipa. O escritor afirma que a cripto deve ser uma das apostas para quem quiser aproveitar a recuperação após o estouro da bolha. Ao lado do bitcoin, o autor destaca a inteligência artificial como outro pilar fundamental da nova economia.

A revolução da inteligência artificial e seus impactos

Segundo Dent, a IA representa uma revolução ainda mais profunda do que a das criptomoedas, com capacidade para automatizar tarefas hoje exercidas por profissionais de nível gerencial. O analista prevê que profissões de classe média serão as mais impactadas nos próximos anos, reforçando a necessidade de adaptação por parte dos trabalhadores e dos investidores.

Para enfrentar a crise iminente, o especialista recomenda ativos considerados mais seguros, como os títulos do Tesouro de 30 anos dos Estados Unidos e o ETF iShares 20+ Year Treasury Bond (TLT), que investe em papéis de longo prazo do governo norte-americano. Esses ativos, segundo ele, podem oferecer proteção durante o colapso e funcionar como base para uma carteira mais diversificada no momento da recuperação.

Dent finaliza sua análise com uma sugestão: se tivesse que escolher apenas dois ativos para comprar após a crise, apostaria no bitcoin e nas ações da Nvidia — empresa que lidera o mercado de inteligência artificial.

Leia mais: Stablecoins atreladas ao dólar preocupam mais que tarifas de Trump, afirma ministro italiano