A Casa Branca confirmou na última sexta-feira (9) que o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, não pretende reduzir as tarifas sobre produtos chineses, a menos que Pequim apresente concessões concretas. A afirmação veio após o republicano mencionar, horas antes, a possibilidade de reduzir a taxa de 145% para 80%.
A porta-voz Karoline Leavitt minimizou o comentário, dizendo que foi apenas “um número jogado” pelo político e que qualquer mudança dependerá do andamento das negociações neste fim de semana.
Clima tenso e poucas expectativas
Apesar de a reunião estar confirmada, não há otimismo quanto a avanços. “Ninguém quer parecer que está recuando primeiro”, afirmou Stephen Olson, ex-negociador comercial dos EUA e atualmente pesquisador no Instituto ISEAS-Yusof Ishak, em Singapura.
O governo chinês também sinalizou que está entrando nas negociações por pressão externa. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, afirmou que os EUA solicitaram a reunião, e o Ministério do Comércio reforçou que a decisão se deu após pressões de empresas e compradores estadunidenses.
Trump rebateu as declarações e disse que, na verdade, é a China quem está desesperada por um acordo.
“Eles disseram que fomos nós que começamos? Então deveriam revisar seus arquivos. Quem quer um acordo são eles, porque a economia deles está em colapso”.
Efeitos colaterais atingem os dois lados
Na China, fábricas reduziram o ritmo de produção e o índice de atividade industrial caiu ao nível mais baixo desde dezembro de 2023. Segundo o jornal BBC, exportadores chineses enfrentam estoques acumulados e dificuldade para encontrar novos mercados fora dos EUA.
Nos Estados Unidos, empresas que dependem de insumos chineses estão sofrendo com atrasos, escassez e aumento de preços. Um empresário do mercado de brinquedos em Los Angeles relatou que sua empresa está à beira do colapso logístico. Trump reconheceu os efeitos negativos, mas minimizou a situação ao dizer que as crianças norte-americanas “podem ter dois brinquedos em vez de trinta” e que os produtos vão custar mais caro.
A economia dos EUA também sente o impacto, com uma retração no PIB pela primeira vez em três anos. A aprovação de Trump caiu, com mais de 60% dos eleitores afirmando que o presidente está focando demais nas tarifas.
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