A Apple vai lançar uma nova linha de iPhones em setembro deste ano, e todos os modelos chegarão com preços mais elevados ainda do que o público está acostumado a pagar, dependendo da versão. A mudança de preços não está ligada a grandes inovações tecnológicas, mas sim a tarifas comerciais impostas pelo governo dos Estados Unidos.
A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal, que aponta que o motivo do reajuste está diretamente relacionado à tarifa de 20% aplicada sobre produtos chineses, após acusações envolvendo o tráfico de fentanil.
Apesar de alguns encargos terem sido suspensos, essa tarifa específica continua em vigor e impacta fortemente a Apple, pois boa parte dos seus iPhones ainda são fabricados na China.
Enquanto os novos modelos prometem vir com design mais fino e alguns ajustes visuais, os preços devem subir mesmo sem novidades relevantes nos recursos. O CEO da empresa, Tim Cook, estimou um aumento de US$ 900 milhões nos custos da companhia neste trimestre devido às tarifas.
Disfarçando os aumentos
Segundo o Wall Street Journal, a Apple preferiu repassar o aumento de custos ao consumidor em vez de reduzir suas margens de lucro, e tenta evitar mencionar publicamente os impactos das tarifas para não atrair críticas ou reações políticas negativas — como ocorreu com a Amazon.
A gigante do mundo e-commerce considerou exibir os custos adicionais resultantes das tarifas de importação diretamente nos preços de seus produtos na seção de baixo custo chamada Haul.
No entanto, após críticas do governo Trump e uma ligação direta do presidente dos EUA para Jeff Bezos, fundador da Amazon, a empresa decidiu não implementar essa medida. A Casa Branca classificou a ideia como um “ato hostil e político”.
Aposta na Índia, mas com limitações
Para tentar minimizar os efeitos das tarifas, a Apple tem aumentado a produção na Índia para modelos destinados ao mercado estadunidense. Inclusive, a empresa planeja que a maioria dos iPhones vendidos nos EUA seja produzida no país na Ásia Meridional até o final de 2026.
No entanto, essa estratégia ainda enfrenta limitações: os modelos Pro e Pro Max continuam sendo montados na China porque exigem uma infraestrutura industrial avançada, mão de obra altamente qualificada e uma cadeia de suprimentos consolidada para componentes sofisticados, como câmeras de última geração e baterias de maior capacidade — elementos que os fabricantes indianos ainda não conseguem fornecer em escala e com o mesmo nível de eficiência.
Segundo a consultoria Jefferies, dos 65 milhões de iPhones vendidos pela Apple nos EUA no último ano, de 36 a 39 milhões foram das linhas mais sofisticadas. E a capacidade da Índia para absorver essa demanda ainda é considerada insuficiente.
A longo prazo, a Apple planeja levar parte da produção para os Estados Unidos, mas esse processo será lento. Por enquanto, a aposta está na aceleração das operações na Índia e no Vietnã, países que devem oferecer tarifas mais baixas em comparação à China.
A expectativa é que a Índia dobre sua participação nas remessas globais de iPhones neste ano, atingindo até 28%. Ainda assim, especialistas da Jefferies veem como improvável que o país consiga produzir 40 milhões de iPhones premium até 2026.
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