Por um instante, imagine um mundo onde previsões de preço para o bitcoin (BTC) fossem confiáveis. Agora, delete esse pensamento ridículo da sua mente. O que temos, na prática, é um desfiladeiro de autoconfiança excessiva, pitadas generosas de ignorância disfarçada de expertise e uma plateia global disposta a comprar qualquer narrativa com um gráfico colorido. Nesse cenário, apresento as previsões que falharam de forma espetacular, classificadas do fiasco mais comedido ao colapso absoluto da credibilidade.
5º Lugar: Peter Schiff – O eterno coveiro do Bitcoin
Peter Schiff é o equivalente econômico daquele vizinho que diz que o prédio vai desabar sempre que sente um tremor. Economista-chefe da Euro Pacific Capital e “gold bug” profissional, em maio de 2022 ele previu que o bitcoin cairia para US$ 10.000 — depois, para o buraco negro da irrelevância. Spoiler: não aconteceu. Em vários momentos em que Schiff tocava a corneta do apocalipse, o BTC estava sendo negociado confortavelmente acima de US$ 30.000 e, atualmente, acima de US$ 100 mil em 2025.
Sim, Peter, postos de gasolina ainda não aceitam bitcoin. Mas sabe o que também não aceitam? Barras de ouro.
4º Lugar: Augusto Backes – O Nostradamus da Web3 brasileira
Backes é uma espécie de youtuber-cripto-vidente que mistura análises gráficas com promessas performáticas. No início de 2023, cravou com convicção estoica: “Bitcoin não passa dos US$ 30 mil esse ano, boto meu p** na mesa se passar”.
Adivinha? O BTC chegou a ultrapassar os US$ 40 mil no final do mesmo ano.
3º Lugar: Mark T. Williams – Professor, mas não de futurologia
O respeitado professor da Universidade de Boston disse, em dezembro de 2013, que o bitcoin valeria menos de US$ 10 até meados de 2014. Em junho do ano mencionado, o BTC estava no meio de uma alta, acima de US$ 600.
Com tamanha margem de erro, Williams conseguiria errar um alvo com uma bazuca a dois metros de distância. A previsão se baseava em uma suposta “inviabilidade estrutural” do bitcoin como sistema de pagamentos, justamente quando grandes empresas estavam começando a adotá-lo.
2º Lugar: PlanB – A elegância estatística do fracasso
O modelo Stock-to-Flow (S2F), criado por um pseudônimo que se apresenta como PlanB, é talvez a tentativa mais intelectualizada de predizer o imprevisível. Baseado na escassez e nos eventos de halving, o modelo previa preços na casa dos US$ 180.000 em 2024.
Enquanto isso, o bitcoin terminava o ano tocando US$ 100.000. A diferença entre o S2F e a realidade é de apenas US$ 80.000. Numa prova de que nem todo modelo elegante é funcional — lembre-se: o Titanic também era uma maravilha da engenharia.
1º Lugar: John McAfee – O último romântico (e canibal metafórico)
McAfee, o lendário criador do antivírus que leva seu nome, decidiu elevar o nível da previsão para o campo do absurdo: prometeu comer o próprio órgão genital se o bitcoin não atingisse US$ 500.000 até o final de 2020.
Spoiler número dois: não atingiu. E ele não comeu nada (pelo menos não em público).
McAfee ainda tentou contornar: “Eu nunca acreditei nessa previsão, era apenas marketing”. Claro. Nada como ameaçar uma automutilação para vender cursos e ganhar likes.
Conclusão: O preço é incerto, mas a vergonha é garantida
Prever o preço do BTC é como tentar medir a entropia de um buraco negro com uma fita métrica escolar. Ou você acerta por acaso, ou se torna matéria de estudo em cursos de “como não prever nada”.
Seja com modelos estatísticos sofisticados ou promessas de auto-castração, essas previsões servem como lembrete pedagógico: no mundo cripto, a única constante é a volatilidade — e a vaidade.
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