A Justiça dos Estados Unidos (EUA) determinou o congelamento de US$ 57 milhões em USDC vinculados à memecoin LIBRA, que ganhou notoriedade na blockchain Solana (SOL) no início do ano ao ser divulgada pelo presidente argentino Javier Milei.
A medida foi solicitada pela empresa de advocacia Burwick Law e autorizada pelo Tribunal Distrital do Sul de Nova York em 28 de maio de 2025, como parte de um processo coletivo que acusa os criadores do token de fraude.
Segundo a Arkham Intelligence, uma das carteiras congeladas contém US$ 44,59 milhões, enquanto a segunda, associada à implantação do token, possui US$ 13 milhões. O congelamento, realizado pela Circle por meio de sua autoridade de multisig, permanecerá até a audiência agendada para 9 de junho, quando a Justiça avaliará se a medida continuará vigente durante o processo.
A ação também tem desdobramentos na Argentina. O advogado Martín Romeo confirmou que a Justiça local iniciou procedimento semelhante, embora haja disputa sobre a origem jurisdicional da ordem judicial.
Promoção feita por Milei gerou valorização relâmpago
O caso ganhou dimensão política após a divulgação de uma promoção da memecoin por Milei. A publicação, feita em 14 de fevereiro de 2025, apresentava o token como alternativa de financiamento para pequenos empreendedores no país. O valor da cripto disparou para US$ 5 e seu valor de mercado atingiu US$ 4 bilhões em menos de uma hora, mas a queda foi abrupta: perdeu 94% de sua capitalização no mesmo dia.
Mais de 70% da oferta da LIBRA estava sob controle de insiders, que teriam liquidado suas posições logo após a postagem de Milei. As perdas totais superam US$ 250 milhões, com acusações de apropriação indevida de US$ 150 milhões pelos organizadores da memecoin, que agora respondem à Justiça.
Apesar das alegações, o presidente argentino nega qualquer envolvimento direto com o projeto e alega uso indevido de seu nome. Mesmo assim, enfrenta processos judiciais e um juiz argentino requisitou a quebra do sigilo bancário dele e de sua irmã.
A polêmica provocou pressão política e tentativas de impeachment, embora sem avanço concreto. Em maio, Milei assinou um decreto encerrando a força-tarefa que investigava o caso no país, sob justificativa de que a missão havia sido cumprida.
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