Bilionários que odiavam o Bitcoin agora lideram sua adoção

Bilionários que odiavam o Bitcoin agora lideram sua adoção
Imagem destaque: ChatGPT

Se você me dissesse, há alguns anos, que alguns dos maiores gestores financeiros do planeta — homens que tratam volatilidade como se fosse uma infecção viral — iriam se apaixonar pelo Bitcoin, eu provavelmente teria gargalhado com o mesmo desprezo que reservo para teorias que negam a relatividade geral. 

Mas aqui estamos. 

Ray Dalio, Larry Fink, Kevin O’Leary e Mark Cuban: quatro senhores engravatados, antes devotos do sistema tradicional, agora declarando amor (com ressalvas) a um ativo digital que… surpresa… não tem escritório, não tem CEO, não serve café e ainda assim vale centenas de bilhões de dólares.

Esses mesmos investidores, que no passado chamaram o Bitcoin de “lixo”, “bolha”, “piada” e até de “índice de lavagem de dinheiro” — com um vocabulário digno de um grupo de WhatsApp de investidores seniors em pânico — hoje falam sobre ETFs, ouro digital e tokenização como se fossem fãs desde a gênese do bloco zero. 

Aparentemente, o que faltava para que o Bitcoin se tornasse “respeitável” era só um pouco de FOMO e a benção da SEC.

🧠 Ray Dalio: do ceticismo à admiração cautelosa pelo Bitcoin

Ray Dalio é o fundador da Bridgewater Associates, um dos maiores fundos de hedge do mundo. Com uma fortuna estimada US$ 19 bilhões, ele é conhecido por sua filosofia de investimentos baseada em princípios de longo prazo, ciclos econômicos e diversificação global. Seu livro “Princípios” é considerado leitura essencial em Wall Street.

Durante décadas, Dalio defendeu os ativos tradicionais, como ouro, títulos e moedas fortes. Sua visão sobre o Bitcoin começou de forma bastante crítica — mas se transformou com o tempo.

😒 Fase 1: Cético declarado (2017–2019)

Em diversas entrevistas, Dalio criticava o BTC por volatilidade, falta de função como meio de troca e ausência de valor intrínseco.

  • 2017, CNBC: “Bitcoin é uma bolha. Não é um meio eficaz de troca, não é uma reserva de valor.”
  • 2019, World Economic Forum (Davos): “Eu preferiria ouro. As criptos não cumprem bem nenhuma das funções do dinheiro”.

🤔 Fase 2: Curioso e mais aberto (2020)

A partir da pandemia e da expansão monetária nos EUA, Dalio começou a questionar os limites do dólar e considerar o Bitcoin como alternativa à inflação.

  • Nov/2020, Reddit AMA: “Talvez eu esteja deixando passar algo sobre o Bitcoin… Adoraria ser corrigido”.

Esse comentário marcou o início de uma mudança. No mesmo ano, ele reconheceu que a escassez programada do BTC era um elemento atrativo, semelhante ao ouro.

Fase 3: Compra e comparação com ouro (2021–2022)

  • Mai/2021, entrevista à Coindesk (Consensus Conference): “Tenho um pouco de Bitcoin. É uma opção interessante de diversificação.”
  • Em entrevistas seguintes, Dalio comparou o BTC ao ouro como reserva de valor, embora ainda considerasse sua adoção global uma incógnita.
  • Ago/2021, CNBC: “Acho que o Bitcoin tem valor. É uma alternativa válida ao ouro para jovens”.

🧭 Fase 4: Visão estratégica e cautelosa (20221–presente)

Dalio passou a tratar o Bitcoin como um ativo relevante no portfólio global, mas com reservas sobre sua viabilidade frente a regulações governamentais.

  • Jan/2022, Lex Fridman Podcast: “O Bitcoin é como um ouro digital, mas os governos não vão querer concorrência às moedas estatais”.
  • Set/2022, LinkedIn: “Ainda prefiro o ouro, mas vejo o Bitcoin como um ativo alternativo legítimo”.

Em 10 de junho de 2025, em entrevista relatada pelo CoinGape, Dalio afirmou que o Bitcoin está se consolidando como um hard currency comparável a metais preciosos, graças ao seu suprimento fixo de 21 milhões de moedas, adoção e desempenho frente aos desafios econômicos internacionais.

💼 Larry Fink: do desprezo à liderança no mercado de ETFs de Bitcoin

Larry Fink é CEO e cofundador da BlackRock, a maior gestora de ativos do mundo, com mais de US$ 10 trilhões sob gestão. Com forte influência nos mercados globais, ele sempre defendeu investimentos tradicionais e sustentáveis, sendo presença frequente em reuniões com líderes políticos e reguladores internacionais.

Durante anos, Fink foi um dos nomes mais críticos em relação ao Bitcoin. No entanto, sua postura mudou radicalmente — resultando no lançamento de um ETF spot de Bitcoin aprovado nos EUA com selo BlackRock.

🛑 Fase 1: Crítico duro do Bitcoin (2017–2020)

Em diversas ocasiões, Fink via o BTC como um instrumento sem uso legítimo no sistema financeiro.

  • 2017, Bloomberg TV: “O Bitcoin é apenas um índice para lavagem de dinheiro.”
  • 2018, Reuters: “Nenhum dos nossos clientes está pedindo exposição a criptomoedas”.

Ele também dizia que a BlackRock não tinha interesse no mercado cripto até que houvesse regulação clara.

🧩 Fase 2: Interesse e cautela (2021)

Com o crescimento do mercado e a entrada de instituições em cripto, Fink começou a reconhecer que a demanda institucional por Bitcoin estava crescendo.

  • Abr/2021, CNBC: “Estamos estudando o Bitcoin com muito cuidado… nossos clientes estão interessados”.

A BlackRock passou a investir indiretamente na MicroStrategy e Coinbase, além de adicionar futuros de Bitcoin em fundos regulados.

🚀 Fase 3: Da curiosidade à ofensiva (2023)

Em junho de 2023, a BlackRock protocolou oficialmente seu pedido de ETF spot de Bitcoin junto à SEC — movimento que virou o jogo para o mercado cripto.

  • O pedido usou o modelo de “acordo de vigilância” com a Coinbase, o que aumentou as chances de aprovação.
  • A postura pública de Larry Fink também mudou drasticamente.

📈 Fase 4: Apoio público e comparação com ouro (2023–presente)

  • Jul/2023, entrevista à Fox Business: “O Bitcoin é internacional… não depende de nenhuma moeda soberana. Pode ser usado como ouro digital”.
  • Fink também passou a defender tokenização de ativos reais e disse que o futuro do mercado está no blockchain.
  • Jan/2024: A SEC aprovou o ETF da BlackRock, e o iShares Bitcoin Trust (IBIT) se tornou um dos fundos mais procurados no lançamento.

Em entrevista à Bloomberg durante o Fórum Econômico Mundial de 2025, Fink disse que conversou com fundos soberanos sobre alocar entre 2% a 5% de seus portfólios em bitcoin. Segundo ele, se essa tendência se consolidasse globalmente, o BTC poderia alcançar valores entre US$ 500 000 e US$ 700 000 por unidade .

💰 Kevin O’Leary: de “lixo” a entusiasta do Bitcoin regulado

Conhecido como “Mr. Wonderful” no programa Shark Tank, Kevin O’Leary é um investidor canadense com forte atuação em tecnologia, finanças e mídia. Dono de um estilo direto e provocador, ele sempre defendeu investimentos com base em segurança jurídica e retorno de longo prazo.

Durante anos, ele foi um dos críticos mais duros do Bitcoin. No entanto, com o avanço da regulação e a entrada de instituições, sua visão virou completamente — ao ponto de hoje ser um dos rostos mais públicos da indústria cripto nos Estados Unidos.

❌ Fase 1: Críticas duras e rejeição total (2017–2020)

Kevin O’Leary não economizava palavras ao falar de Bitcoin nos primeiros anos.

  • 2019, CNBC: “O Bitcoin é um lixo. Um ativo inútil, sem lastro. Nenhum investidor sério deveria se envolver com isso”.
  • Também chegou a dizer que não podia investir em algo que os reguladores não entendem ou não aprovam, e que as criptos eram um “jogo de especulação”.

👀 Fase 2: Interesse com condições (2021)

Com o crescimento das criptomoedas e a entrada de investidores institucionais, O’Leary começou a reconsiderar sua posição — mas deixou claro que só aceitaria o BTC se ele fosse regulado e limpo (sem relação com mineração de origem duvidosa).

  • Mar/2021, Yahoo Finance: “Agora estou pensando em como participar. Mas só vou investir em ativos digitais com rastreabilidade e origem limpa”.
  • Nesse período, ele passou a defender a ideia de “Bitcoin verde”, rejeitando mineração em países com matriz energética suja.

🔁 Fase 3: Compra e defesa pública (2021–2022)

Kevin revelou que passou a investir em Bitcoin, Ethereum e em empresas cripto, incluindo corretoras e mineradoras com boas práticas ambientais e compliance.

  • Jul/2021, entrevista à CNBC: “Tenho 7% do meu portfólio em cripto. É a nova classe de ativos da próxima geração”.
  • Também se tornou embaixador da exchange FTX, função que mais tarde gerou polêmicas após o colapso da empresa (embora ele tenha afirmado ter sido vítima como os demais).

🔄 Fase 4: Defesa da regulação e do mercado cripto (2023–presente)

Após o colapso da FTX, O’Leary manteve sua posição pró-cripto, mas com ênfase ainda maior na regulação como condição para o crescimento do mercado.

  • Fev/2023, em audiência no Senado dos EUA: “Não devemos abandonar cripto. Devemos regulá-la. Assim como fizemos com o setor bancário”.
  • Hoje, ele continua defendendo que Bitcoin e Ethereum têm valor, mas que o futuro está na tokenização de ativos reais sob supervisão regulatória.

Na Consensus 2025, em Toronto, O’Leary destacou que a falta de clareza regulatória está travando a entrada de fundos institucionais, como fundos soberanos e previdenciários, e disse que “um trilhão de dólares virá” após a aprovação do GENIUS Act.

🏀 Mark Cuban: de piadas sobre bananas ao apoio ao Bitcoin e ao Ethereum

Mark Cuban é bilionário, dono do time de basquete Dallas Mavericks e um dos investidores mais conhecidos do Shark Tank. Com fortuna estimada em US$ 5 bilhões, Cuban é conhecido por apostar cedo em empresas de tecnologia — como o streaming em vídeo nos anos 90 — e por ter opiniões diretas e provocativas.

No início, ele tratava o Bitcoin com ironia. Mas com o avanço do mercado, sua visão mudou — e hoje ele investe em criptomoedas, tokens, NFTs e protocolos DeFi.

🍌 Fase 1: Cético com ironia (2017–2019)

Mark Cuban fazia piadas públicas sobre o Bitcoin, duvidava do valor das criptos e preferia bananas.

  • Dez/2019, em entrevista à Wired: “Prefiro uma banana a um Bitcoin. A banana eu posso comer. O Bitcoin? Não é uma moeda. Não é seguro”.
  • Ele também dizia que o valor do BTC era baseado apenas na especulação e que ninguém usava cripto no dia a dia.

🧠 Fase 2: Curiosidade e experimentos (2020–2021)

Com a popularização do Ethereum e a explosão dos NFTs, Cuban passou a se interessar pelo universo cripto — principalmente pelas aplicações práticas.

  • Em 2020, os Dallas Mavericks começaram a aceitar Bitcoin e Dogecoin para pagamento de ingressos e produtos.
  • Jan/2021, no podcast “The Defiant”: “Entendi que o valor do Bitcoin vem da escassez e da confiança coletiva, assim como o ouro”.
  • Ele também passou a estudar Ethereum mais de perto e se encantou com os contratos inteligentes.

🧱 Fase 3: Apoio à inovação e entrada no DeFi (2021–2022)

Mark Cuban se tornou um dos maiores defensores de protocolos DeFi e da rede Ethereum, argumentando que a tecnologia é mais importante do que o hype.

  • Investiu na Polygon, Aave, Uniswap e marketplaces de NFT.
  • Jul/2021, entrevista à CNBC: “Ethereum tem mais valor real do que o Bitcoin. Os contratos inteligentes mudam tudo”.
  • Ele também começou a falar sobre governos tokenizando moedas, imóveis e ações no futuro.

💬 Fase 4: Críticas pontuais, mas defensor ativo (2023–presente)

Mesmo após o colapso de grandes empresas cripto, Cuban não abandonou o mercado. Criticou fraudes, defendeu regulação clara e continuou investindo em projetos com usabilidade real.

  • Fev/2023, Twitter (X): “A tecnologia cripto não é o problema. O problema são os golpistas e a falta de supervisão”.
  • Em 2024, manteve parte de seu portfólio em cripto, continuou ativo no universo NFT e segue apoiando o Ethereum como plataforma de inovação.

Em janeiro de 2025, Cuban afirmou que preferiria possuir Bitcoin a ouro, destacando que o BTC tinha mais valor devido à sua escassez e utilidade como reserva de valor. Em junho, ele considerou a cripto uma melhor opção de compra do que as ações, devido à incerteza no mercado tradicional.

🤓 O fim da negação: quando até os céticos vestem terno para aceitar o Bitcoin

No fim das contas, o que temos é um clássico caso de negação seguida de apropriação. Como quando um físico quântico finalmente entende que a mecânica estatística tem seu charme. 

Esses investidores não mudaram porque viraram cypherpunks ou leram o whitepaper do Satoshi numa madrugada de epifania. Mudaram porque o mercado mudou, os clientes pressionaram e — surpresa outra vez — o dinheiro falou mais alto. 

A hipocrisia? Também. Mas bem vestida, com terno sob medida e muito capital sob custódia.

Portanto, se até os bilionários que antes comparavam o Bitcoin a bananas ou armas para criminosos agora o defendem como reserva de valor, talvez seja hora de admitir que a tese cripto venceu. Não com flores e discursos, mas com ETFs, compliance e lucros. O que, convenhamos, é a forma preferida de vencer entre pessoas com mais dígitos na conta do que átomos num átomo.

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