O preço do bitcoin (BTC) continua operando acima dos US$ 100 mil, mas os dados técnicos e on-chain sugerem que o mercado está longe de um consenso.
Enquanto as baleias mais antigas começam a realizar lucros, os compradores recentes enfrentam perdas, e os indicadores mostram um cenário típico de consolidação de meio de ciclo.
A seguir, apresento uma leitura dos dados que vêm moldando o comportamento do mercado cripto nas últimas semanas, com foco nas análises gráficas, nos movimentos das baleias e nas mudanças no sentimento dos investidores ao longo do ciclo do BTC.
🧠 Índice Combinado de Mercado mostra equilíbrio de ciclo
O Bitcoin Combined Market Index (BCMI), da CryptoQuant, voltou ao nível de 0,5, patamar historicamente associado ao meio do ciclo. É a zona neutra entre o medo e a euforia. Quando o BCMI está acima de 0,7, normalmente sinaliza topo e risco de realização. Abaixo de 0,3, costuma indicar oportunidade de acúmulo.
No momento, o BTC está acima de US$ 100 mil, mas o índice segue distante da zona de euforia. A leitura atual aponta para um cenário com possibilidade de retomada, desde que o suporte se sustente e o sentimento do mercado não se deteriore.
🐋 Baleias divididas entre lucros e prejuízos
Três gráficos ajudam a entender o comportamento das baleias:
- As baleias de curto e longo prazo ainda estão, em sua maioria, com lucros não realizados. O preço de mercado segue acima do preço médio realizado tanto por quem comprou há pouco quanto pelos holders antigos.
- Porém, o lucro não realizado das baleias de curto prazo virou negativo em outubro. Esse grupo comprou em média a US$ 113 mil e agora acumula prejuízos de US$ 7 bilhões. É o maior volume negativo desde outubro de 2023.
- As novas baleias (short-term holders) já representam 45% do capital realizado entre as grandes carteiras, um nível elevado e semelhante ao que precedeu o topo de 2021. A diferença agora é que essas baleias não demonstram euforia. Estão submersas.
O fato de estarem no prejuízo tende a reduzir a pressão vendedora, já que vender agora implicaria realizar perdas. Se o suporte for mantido, esse comportamento pode sustentar uma retomada.
🔄 Long-term holders começam a distribuir
Dados da Glassnode mostram que os long-term holders reduziram sua posição em 28 mil BTC desde 15 de outubro. A média diária de saída saltou de 12,5 mil BTC em julho para 22,5 mil atualmente.
O padrão observado costuma marcar o início de uma fase de distribuição. Não há sinal de pânico. Os investidores mais experientes preferem vender de forma gradual, aproveitando momentos de liquidez.
Caso o movimento ganhe força, o mercado pode começar a sentir a pressão. Por enquanto, o que se vê é uma redução controlada nas reservas, típica de quem acumulou ao longo do ciclo anterior.
📉 Análise técnica mostra consolidação e perda de força compradora
No gráfico semanal do BTC/USD, o bitcoin segue preso em uma faixa entre US$ 100 mil e US$ 120 mil. O candle mais recente mostra rejeição na região superior, o que reforça a leitura de que os compradores perderam força no curto prazo.
O RSI está em 49, dentro de uma zona neutra. O valor reflete perda de força compradora, sem configurar condição de sobrevenda. Já o MACD virou negativo e apresentou cruzamento de baixa, mas ainda se mantém acima da linha zero. Esse posicionamento aponta para uma desaceleração, não para uma tendência consolidada de queda.
O volume permanece alto, porém sem picos agressivos, o que também reforça o cenário de consolidação.
🔎 E agora?
Tudo indica que o bitcoin está passando por uma fase de resfriamento, mas não de colapso. O suporte entre US$ 98 mil e US$ 100 mil é importante para evitar uma queda mais acentuada rumo aos US$ 90 mil.
Por outro lado, um rompimento limpo dos US$ 120 mil, com volume e força no RSI, pode abrir caminho para novas máximas entre US$ 135 mil e US$ 145 mil.
A leitura atual mostra um mercado mais inclinado à consolidação, com viés de enfraquecimento. Não se trata de recomendação de compra ou venda, mas sim de uma leitura técnica do comportamento do preço e dos dados on-chain.
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