Finalmente, o bitcoin (BTC) voltou a ser negociado acima de US$ 71.000, nível que a criptomoeda primária não alcançava há 20 semanas. Esse aumento foi acompanhado por um salto de 148% no volume de negociação, que chegou a US$ 47,5 bilhões, quase dobrando os valores registrados no último domingo (27).
Trazendo ainda mais alegria para os investidores cripto, o BTC puxou o mercado de altcoins, com as 15 principais criptomoedas, no momento da escrita deste artigo, sendo negociadas em alta.
Mas é claro que nem todos estão felizes com o bitcoin agora. Afinal, US$ 236 milhões em transações alavancadas foram liquidadas nas últimas 24 horas, das quais US$ 178,8 milhões eram posições vendidas (short), enquanto as posições compradas (long) somaram US$ 57,4 milhões, de acordo com a Coinglass. A maior liquidação registrada foi no par BTC/USDT na Binance, atingindo US$ 18 milhões.
E a pergunta que não quer calar: o que motivou essa alta do bitcoin?
A resposta é uma junção de fatores. Vamos a eles:
Eleições nos Estados Unidos
Imagem: Polymarket
As eleições presidenciais dos EUA ocorrerão em 5 de novembro de 2024, e as projeções sugerem uma possível vitória de Donald Trump. A percepção de que um resultado favorável ao candidato republicano pode impulsionar o mercado cripto foi reforçada pela visão otimista de Darius Sit, cofundador da QCP Capital. Ele observa que a indústria blockchain já está “precificando uma maior certeza” na vitória de Trump, o que pode ter contribuído para a pressão de compra.
Baleias de bitcoin
Outro fator relevante foi o aumento das compras realizadas por baleias durante as negociações asiáticas. Segundo o analista Mignolet, da CryptoQuant, esses investidores fizeram grandes aquisições de BTC nas últimas horas na Binance.
Além disso, novos investidores institucionais entraram no mercado de bitcoin. Um exemplo é a Emory University, uma das mais renomadas dos Estados Unidos, que anunciou uma participação de US$ 15 milhões no fundo de bitcoin da Grayscale.
ETFs
Em 2024, é impossível falar da alta do bitcoin sem mencionar os ETFs da criptomoeda. Quase sempre, eles estão por trás do rally do BTC, e, desta vez, não é diferente.
Na última segunda-feira, os ETFs spot de Bitcoin registraram um fluxo líquido de US$ 479,35 milhões, o maior volume de entradas diárias em duas semanas.
O destaque do dia foi o IBIT da BlackRock, atualmente o maior ETF de BTC em termos de ativos líquidos, que liderou as entradas com US$ 315,19 milhões. Esse movimento aumentou para 11 dias consecutivos a série de fluxos positivos para o fundo.
ARK Invest e a 21Shares também registraram entradas robustas em seu fundo ARKB, que recebeu US$ 59,78 milhões. Enquanto isso, o FBTC da Fidelity somou mais US$ 44,12 milhões. Já o BITB da Bitwise e o BTC da Grayscale tiveram ingressos de US$ 38,67 milhões e US$ 21,59 milhões, respectivamente.
Taxa de juros nos EUA
Outro aspecto que contribui para o aumento do interesse pelo bitcoin são as possíveis reduções nas taxas de juros do Federal Reserve.
A expectativa de um corte de 25 pontos-base nas taxas de juros em novembro, para algo entre 4,5% e 4,75%, gera otimismo no mercado, aumentando a atratividade dos ativos digitais como alternativa de investimento.
O que esperar agora?
Segundo o analista Jelle, o BTC está próximo de seu último “obstáculo” antes de explorar novos recordes de preço, ultrapassando a marca de US$ 73.835.
Imagem: X/Jelle
A métrica IOMAP (In/Out of the Money Around Price), da IntoTheBlock, aponta que o suporte entre US$ 66.845 e US$ 68.948 é mais forte do que a resistência observada na faixa de US$ 72.000. Ou seja, o caminho menos resistente para o bitcoin é de alta, e um fechamento decisivo acima desse nível pode levar a criptomoeda a um período de “descoberta de preço” acima do recorde anterior.
Peter Brandt também analisou o comportamento gráfico do BTC e, em sua visão, ele está apontando para três cenários: o primeiro projeta uma meta de US$ 94.000, enquanto o segundo sugere que o ativo pode ultrapassar US$ 235.000, com base em movimentos anteriores. Já em uma análise mais histórica, o trader prevê que o bitcoin poderia alcançar entre US$ 130.000 e US$ 150.000 entre agosto e setembro de 2025.
Enquanto isso, Michael van de Poppe acredita que o BTC pode atingir um novo recorde histórico (ATH) nesta semana, pois ela será importante com a divulgação dos dados de desemprego nos EUA.
Imagem: X/Michael van de Poppe
Ele explica que, mesmo com o cenário de juros altos, que costuma afastar investidores de ativos mais voláteis, como o bitcoin, em favor de títulos públicos, o mercado ainda mostra um viés de alta.
No entanto, o trader pontua que, embora o BTC esteja atingindo recordes nominais, esses valores não consideram os efeitos da inflação, indicando que a cripto não bateu recordes reais de valor.
Outro ponto relevante mencionado por Van de Poppe é o crescimento da oferta monetária M2, indicador econômico que, historicamente, acompanha a valorização do bitcoin. Com o aumento dessa métrica, a liquidez do mercado tende a melhorar, o que pode atrair novamente investidores para ativos de maior risco em um cenário de inflação persistente.