O bitcoin (BTC) iniciou esta segunda-feira (25) cercado por instabilidade e vendas aceleradas. O preço da criptomoeda despencou, derrubando alavancados e esfriando o sentimento que havia ganhado força com a expectativa de cortes nos juros nos Estados Unidos.
O mercado registrou US$ 800 milhões em liquidações nas últimas horas, grande parte delas em posições longas que apostavam na continuidade da alta. O movimento derrubou o preço do BTC para a faixa dos US$ 111 mil, com queda diária de 3%.
Apesar da sinalização de que os juros podem recuar nos próximos meses, Jerome Powell, presidente do Federal Reserve (Fed), fez questão de lembrar que a inflação ainda preocupa. Esse duplo recado bagunçou a leitura do mercado e abriu espaço para saídas de capital e trocas de posição entre grandes investidores.
🐳 Baleias antigas vendem e arrastam o mercado para baixo
O fim de semana foi marcado por movimentações pesadas de grandes carteiras que estão no mercado há muitos anos. Uma dessas baleias, que recebeu mais de 100 mil bitcoins em 2017, começou a vender parte do saldo acumulado e provocou uma reação em cadeia.
Nos últimos cinco dias, a carteira do grande investidor transferiu 24 mil BTC para a Hyperliquid, um volume equivalente a US$ 2,7 bilhões. Parte desses fundos foi trocada por Ethereum (ETH) no mercado spot, enquanto uma nova posição comprada na altcoin foi aberta.
📉 Tentativa frustrada de romper os US$ 117 mil expõe fraqueza
O gráfico diário do bitcoin mostra que a tentativa de rompimento da resistência em US$ 117 mil falhou. Após tocar esse nível, a criptomoeda desenhou um candle de reversão e voltou a recuar, apontando para a perda de força do movimento de alta.
O volume de negociação também caiu nos últimos dias, reforçando a falta de convicção por parte dos compradores. Sem entrada relevante de capital, o mercado perdeu tração e passou a devolver parte dos ganhos recentes.
Atualmente, o BTC opera abaixo da média móvel exponencial de 50 dias e se apoia sobre a EMA 100, que funciona como suporte intermediário. Caso essa zona ceda, o próximo nível técnico a ser observado fica na região dos US$ 104 mil.
📊 Gráfico semanal ainda sem sinal claro de retomada
A leitura técnica no semanal também traz sinais de cautela. O índice de força relativa (RSI) está na região dos 56 pontos, patamar considerado neutro e distante da zona de sobrecompra. Esse comportamento mostra que o mercado perdeu o embalo das semanas anteriores.
No gráfico de candles, começa a se formar uma sequência de topos mais baixos, o que pode sinalizar exaustão do movimento anterior. Para retomar a tendência positiva, o preço precisaria se consolidar acima de suportes importantes e reverter o padrão atual.
Sem essa base sólida, qualquer tentativa de alta pode ser facilmente interrompida por pressões de venda, como as que já se mostraram nas últimas sessões.
🔁 BTC volta para as exchanges e mercado sente o baque
Segundo a CryptoQuant, houve um aumento no número de bitcoins sendo enviados para exchanges. Esse tipo de movimentação costuma sinalizar intenção de venda.
A imagem destaca esse momento com clareza. Logo após o BTC testar a resistência dos US$ 117 mil, o fluxo líquido passou a mostrar saldo positivo nas exchanges, ou seja, mais moedas entrando do que saindo. Esse desequilíbrio pressiona o preço e reforça a cautela entre os participantes.
Sem novos compradores no radar e com as baleias realizando lucros, o mercado encontra obstáculos para dar continuidade à tendência de alta que vinha se formando nas últimas semanas.
📈 Supply continua concentrado em quem não movimenta
A distribuição atual de bitcoins mostra que a maior parte do supply está nas mãos de pequenos investidores, com carteiras que possuem até 10 BTC. Essa fatia tem crescido nos últimos ciclos, como mostra o gráfico da Glassnode, mas isso não significa maior rotatividade no mercado.
As grandes wallets, com saldo acima de mil BTC, mantêm uma postura mais contida. Algumas estão estáveis, outras distribuindo aos poucos. Mas nenhuma movimentação nova sugere uma onda de compras por parte dessas entidades.
Com isso, os holders de longo prazo continuam sendo o principal freio de liquidez. Eles não vendem, mas também não colocam pressão de compra. O mercado, nesse cenário, depende da entrada de novos participantes para ganhar força e retomar a trajetória de valorização.
Além disso, o termômetro emocional do mercado está parado no meio do caminho. O índice Fear & Greed marca 50 pontos nesta segunda-feira, sinal de que o mercado está sem direção clara e sem força compradora dominante. A queda é visível em relação ao mês passado, quando o indicador chegou a marcar 66 pontos.
📆 Semana com dados que podem mudar o jogo
Os próximos dias trazem indicadores decisivos para entender se o Federal Reserve terá espaço para cortar os juros em breve.
Na quinta-feira, sai o Produto Interno Bruto americano. A expectativa é de crescimento de 3%, dado que pode reforçar a leitura de que a atividade está aquecida. Se vier acima do previsto, pode alimentar a ideia de que o Fed continuará segurando os juros por mais tempo.
No mesmo dia, serão divulgados os pedidos semanais de auxílio-desemprego. Esse dado ajuda a medir a saúde do mercado de trabalho. Um número menor que o esperado mostra menos pressão por corte de juros.
Na sexta, o foco total estará sobre o índice PCE, considerado pelo Fed como o termômetro mais confiável da inflação. Caso o índice mensal ou anual suba, as apostas em corte de juros podem esfriar. Se vier abaixo do esperado, o BTC pode ganhar fôlego com nova expectativa de afrouxamento monetário.
🧭 Olho no suporte e no humor do mercado
Os próximos dias serão decisivos para definir se o bitcoin vai segurar sua posição atual ou buscar níveis mais baixos. O suporte entre US$ 111.000 e US$ 112.000 aparece como ponto-chave. Essa faixa já segurou o preço em outras ocasiões e, se for respeitada, pode abrir espaço para uma recuperação no curto prazo.
Por outro lado, uma perda clara desse nível pode levar o BTC a buscar a média móvel de 200 dias, que está próxima de US$ 104.000.
Do lado oposto, uma recuperação consistente depende de rompimentos claros. O primeiro obstáculo está em US$ 116.500, onde o BTC foi rejeitado na última tentativa de alta. Acima disso, a região dos US$ 117.000 a US$ 118.000 precisa ser superada com volume para confirmar força compradora real.
Mas para qualquer retomada de alta ganhar força, o mercado precisa ver entrada de capital novo e uma virada no sentimento dos investidores. Sem isso, o bitcoin pode continuar travado em uma zona de incerteza, com pouca convicção dos dois lados.
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