O governo brasileiro estuda autorizar a construção de novas ferrovias no país com participação direta da China, segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet. A proposta ainda está em fase de tratativas e prevê a priorização da região Nordeste.
Durante evento realizado na sexta-feira, 9 de maio de 2025, em Brasília, Tebet afirmou que “a China tem interesse em investir pesadamente em infraestrutura logística no Brasil, principalmente em ferrovias”.
Segundo a política, as conversas destacam a possibilidade de concessões para empresas chinesas atuarem na construção e operação de linhas férreas, com foco na integração regional e no escoamento da produção agrícola e industrial.
O Nordeste é apontado como região estratégica por conta da necessidade de aumentar sua infraestrutura e atrair investimentos que impulsionem o desenvolvimento econômico local.
Ainda não há definição sobre os trechos prioritários, mas estudos técnicos estão sendo conduzidos para identificar as rotas mais viáveis e com maior impacto social e econômico.
Renan Filho, ministro dos Transportes, e Rui Costa, ministro da Casa Civil, demonstraram apoio ao projeto e estão em tratativas com grupos chineses para viabilizar os investimentos em ferrovias.
De acordo com Renan, esses projetos poderiam potencializar o fluxo de mercadorias do interior do Brasil rumo ao oeste, em direção ao Porto de Chancay, no Peru, que recebeu fortes investimentos chineses.
China e Brasil
Nos últimos anos, o país asiático tem reforçado sua presença em setores estratégicos da economia brasileira, com destaque para energia, agronegócio e tecnologia.
O mercado de energia é o principal destino dos investimentos chineses no Brasil, com US$ 32 bilhões aplicados entre 2007 e 2022.
As empresas estatais chinesas — State Grid, China Three Gorges (CTG) e SPIC — lideram projetos que reforçam a infraestrutura elétrica do país. Um exemplo é o Linhão de Belo Monte, que transporta energia renovável do Norte ao Sudeste, beneficiando 60 milhões de brasileiros e gerando 5 mil empregos diretos.
No agronegócio, a China tem investido em inovação e tecnologia. Inclusive, parcerias entre autoridades brasileiras e chinesas permitiram o uso de drones da marca DJI para pulverização agrícola no Brasil, aumentando a eficiência nas lavouras e reduzindo o desperdício de insumos. Além disso, há avanços em biotecnologia, agricultura de precisão e uso de inteligência artificial no manejo de culturas.
Já na área de tecnologia, as gigantes chinesas Huawei, ZTE e BYD operam com fábricas, centros de pesquisa e programas de capacitação no Brasil. A BYD, por exemplo, assumiu em outubro de 2023 fábricas da Ford para produção de veículos elétricos.
A partir de junho deste ano, as montadoras BYD e GWM iniciarão a produção de veículos elétricos e híbridos no Brasil, nas cidades de Camaçari (BA) e Iracemápolis (SP), respectivamente, com expectativa de geração de milhares de empregos.
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