Bukele ignora apelo do FMI e segue comprando bitcoin em El Salvador

Bukele ignora apelo do FMI e segue comprando bitcoin em El Salvador
Imagem destaque: ChatGPT

Apesar das recomendações do Fundo Monetário Internacional (FMI) para cessar as aquisições de bitcoin (BTC) e encerrar as operações com a carteira estatal Chivo, o governo de El Salvador segue firme em sua estratégia cripto. Somente em maio, o país comprou mais 30 BTC, elevando suas reservas para 6.200 BTC, com valor estimado em US$ 674 milhões, segundo a Arkham Intelligence.

O FMI colocou entre as condições de um acordo de empréstimo de US$ 1,4 bilhão a paralisação da acumulação de criptoativos pelo governo salvadorenho. No entanto, a administração do presidente Nayib Bukele contorna essas restrições utilizando a Bitcoin Office, que alega ter autonomia legal para continuar comprando BTC diariamente sem violar os critérios de desempenho definidos pelo fundo.

Avaliação do acordo

A nova aquisição de bitcoin ocorreu após o FMI concluir a primeira avaliação do Acordo de Facilidade de Financiamento Ampliado (EFF) de 40 meses. O relatório destacou avanços importantes, com destaque para a estabilidade macroeconômica e o controle da inflação. No entanto, o fundo ressaltou a necessidade de continuidade na implementação das reformas fiscais para viabilizar um crescimento duradouro.

Mesmo com elogios aos progressos estruturais, a instituição financeira global reforçou a exigência de que El Salvador mantenha inalterado o volume de bitcoin em carteiras governamentais e encerre o uso da Chivo até julho. Tais medidas seriam importantes para o destravamento de novos repasses, que podem ultrapassar US$ 3,5 bilhões.

Manobras do governo

Para atender parte das exigências do FMI, El Salvador retirou a obrigatoriedade do uso do BTC como moeda legal, embora mantenha seu status de moeda de curso opcional. Além disso, autoridades locais defendem que compras realizadas via terceiros ou órgãos não fiscais, como a Bitcoin Office, não configuram violação dos termos acordados.

Rodrigo Valdes, diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do FMI, afirmou que a prioridade é garantir que o setor fiscal não acumule mais criptomoedas, mas admitiu que o país está, tecnicamente, em conformidade com os critérios gerais de desempenho.

Além disso, o presidente local Nayib Bukele segue determinado a manter a estratégia de acumulação de bitcoin. Inclusive, o político ironizou as previsões do FMI sobre o fim das compras: “’Isso para em abril.’ ‘Isso para em junho.’ ‘Isso para em dezembro.’ Não, não vai parar.”

Segundo o governo, o país acumula atualmente um lucro não realizado de US$ 386 milhões com a valorização do BTC, o que representa um ganho de 132% sobre o investimento total.

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