Um estudo de longo prazo com milhares de adolescentes estadunidenses derruba a crença popular de que o tempo de tela, por si só, prejudica a saúde mental. O verdadeiro risco? O uso compulsivo e “viciante” de celulares, jogos e redes sociais.
🚨 O problema não é estar online — é não conseguir sair
Pesquisadores acompanharam 4.285 crianças dos 10 aos 14 anos e identificaram que quase metade apresentava sinais de uso viciante do celular desde cedo. Esse grupo foi duas a três vezes mais propenso a desenvolver pensamentos suicidas ou comportamentos autodestrutivos.
O uso excessivo, em si, não teve ligação direta com piora emocional. Crianças que passavam muitas horas online, mas sem sinais de vício, não apresentaram os mesmos riscos. Ou seja: o perigo está no uso descontrolado e na angústia quando se desconectam.
🧠 O cérebro ainda está em construção
Os especialistas Dr. Yunyu Xiao, Mitch Prinstein e Candice L. Odgers apontam que o comportamento viciante em crianças pode ser ainda mais difícil de controlar, já que o córtex pré-frontal — responsável pelo autocontrole — ainda está se desenvolvendo.
A recomendação é trocar o foco da restrição de telas para tratamentos contra o vício comportamental em vez de simplesmente tirar o celular da criança.
📊 O retrato de uma geração em risco
Os dados mostram padrões preocupantes:
- 48% tinham uso viciante de celular aos 11 anos
- 41% apresentavam uso viciante ou crescente de redes sociais
- 40% tinham comportamento compulsivo com videogames
Entre os que começaram com pouco vício, mas desenvolveram o hábito com o tempo, o risco de comportamento suicida dobrou.
⚙️ Design das plataformas contribui para o vício
Para pesquisadores e psicólogos, a culpa não é só da criança ou dos pais. O design de redes sociais e jogos é intencionalmente viciante. “Temos vício embutido no produto”, disse Mitch Prinstein, da Associação Americana de Psicologia.
Enquanto o Reino Unido já adota códigos de conduta que exigem design apropriado à idade, os EUA ainda não avançaram nesse sentido — e o Brasil também não tem regulações similares.
🎯 Impacto maior entre jovens negros, latinos e de baixa renda
O estudo identificou índices mais altos de uso viciante entre crianças negras, hispânicas e oriundas de famílias com renda inferior a US$ 75 mil ao ano.
Para famílias solo ou com baixa escolaridade dos pais, limitar o uso de telas pode ser impraticável — muitas vezes, o celular é o “entretenimento seguro” enquanto o adulto trabalha.
🔄 O tempo de tela ainda importa?
Alguns especialistas, como o Dr. Jason Nagata, argumentam que o tempo de tela ainda deve ser monitorado, por roubar horas de sono, atividades físicas e interações presenciais. Mas o novo estudo reforça que a motivação e o padrão de uso são mais relevantes do que o relógio.
🧭 E agora, como agir?
A pesquisadora Yunyu Xiao sugere que os pais observem os seguintes sinais:
- Dificuldade em parar de usar o aparelho
- Irritabilidade ao ficar offline
- Prejuízo nas atividades escolares ou sociais
Se esses sinais aparecerem, a ajuda profissional é importante — e simplesmente tirar o celular pode piorar a situação se não houver um plano estruturado.
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