China enfrenta sua pior crise deflacionária em décadas enquanto tenta conter impactos da guerra comercial com os EUA

China enfrenta sua pior crise deflacionária em décadas enquanto tenta conter impactos da guerra comercial com os EUA
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China enfrenta sua mais longa crise de deflação em décadas, e os números não param de piorar. 

Os preços no país caem há dois anos consecutivos, e 2025 pode ser o terceiro ano de queda, o que resultaria no período deflacionário mais longo desde a década de 1960. 

De acordo com a atualização dos dados de inflação, os preços ao consumidor caíram para território negativo em janeiro e fevereiro, pela primeira vez desde 2021.

A inflação subjacente, que exclui alimentos e energia, registrou uma redução de 0,1% em fevereiro, algo que só ocorreu duas vezes nos últimos 15 anos.

Tentativas de conter a crise e as tarifas dos EUA

Enquanto isso, as autoridades em Pequim tentam conter essa tendência negativa com promessas de mais apoio econômico. 

Contudo, suas ações estão sendo ofuscadas por uma onda de tarifas agressivas dos Estados Unidos. 

Durante seu segundo mandato, Donald Trump impôs uma tarifa de 20% sobre todas as importações chinesas, o que prejudicou o crescimento das exportações do país e afetou empresas que já passavam por dificuldades.

Em resposta, Pequim adotou contramedidas, aplicando tarifas sobre produtos dos EUA, o que intensificou as tensões entre as duas maiores economias do mundo. 

Além disso, existe a incerteza sobre se Trump cumprirá sua promessa de aumentar as tarifas para 60%, o que, se ocorrer, prejudicaria ainda mais as exportações chinesas, e de maneira muito mais rápida.

Há rumores de que Trump pode estar disposto a negociar um acordo comercial em breve, embora nada tenha sido confirmado oficialmente. 

O diplomata veterano Kishore Mahbubani acredita que, apesar do discurso duro contra a China, Trump pode buscar um acordo comercial, algo que seria menos provável sob a administração de Joe Biden. 

Mahbubani aponta que, caso a China faça concessões importantes, como abrir seus mercados e aceitar mais exportações dos EUA, um acordo vantajoso para ambos os lados seria possível.

A relação comercial entre os países continua a ser importante para a economia chinesa, pois os Estados Unidos ainda são seu maior parceiro comercial. 

Embora a demanda por produtos chineses tenha diminuído, os consumidores norte-americanos continuam sendo vitais para o crescimento chinês. 

Além disso, o poderio da classe média chinesa tem gerado novas oportunidades para empresas dos EUA, desde que as tensões comerciais sejam amenizadas.

Impactos da deflação nos negócios chineses

A deflação está afetando diretamente os negócios chineses, pois os consumidores estão adiando suas compras. 

Quando os preços caem, as pessoas preferem esperar por uma nova redução, o que as torna hesitantes na hora de adquirir itens de maior valor, como carros e eletrodomésticos. 

Esse ciclo negativo leva as empresas a reduzirem ainda mais os preços, o que diminui seus lucros, gera demissões e, consequentemente, uma queda na confiança do consumidor.

A crise também se agrava com o colapso do mercado imobiliário. Os preços dos imóveis caíram drasticamente, o que tem levado os consumidores a diminuir ainda mais seus gastos. 

Trabalhadores do setor de tecnologia e finanças, áreas tradicionalmente bem remuneradas, estão enfrentando cortes salariais e demissões em massa.

Além disso, a tentativa de Pequim de expandir a produção industrial tem levado a um excesso de oferta, inundando o mercado com produtos que não estão sendo comprados. 

O cenário deflacionário também aumenta os custos de endividamento, tornando mais difícil para as empresas tomarem empréstimos e investirem, o que pode gerar uma onda de inadimplência corporativa e colocar todo o sistema financeiro chinês em risco.

Ao longo de crises financeiras anteriores, a China adotou medidas de estímulo agressivas, injetando dinheiro na economia, mas dessa vez o governo está sendo mais cauteloso. 

O presidente Xi Jinping afirmou que não deseja depender do crescimento baseado em dívidas e, em vez disso, está apostando em uma reestruturação econômica. O investimento em infraestrutura e no setor imobiliário, estratégias tradicionais, já não são mais prioridades. 

A aposta atual é em tecnologias avançadas e na fabricação, mas essa abordagem ainda não tem gerado resultados rápidos.

Declínio na confiança do mercado e impactos regionais

A confiança do mercado está em declínio, como evidenciado pela queda histórica no rendimento dos títulos do governo chinês. Investidores estrangeiros estão se retirando, temendo a falta de intervenção por parte do governo para estabilizar a economia.

Enquanto os EUA e a China continuam sua disputa comercial, outros países asiáticos começam a sentir os impactos. 

O vice-primeiro-ministro de Cingapura, Gan Kim Yong, destacou que a região asiática deverá ver sua participação no PIB global crescer de 50% para 60% até 2030. 

A região tem se beneficiado historicamente da proteção militar dos EUA, mas as tensões entre Washington e Pequim tornam cada vez mais difícil para os países locais manterem uma posição neutra.

Coreia do Sul e Vietnã já começaram a adotar tarifas contra produtos chineses, o que pode prejudicar ainda mais a economia voltada para exportação da China, intensificando as pressões deflacionárias.

Porém, no futuro, Mahbubani acredita que tanto os EUA quanto a China reconhecerão que é do interesse de ambos trabalhar com regiões como o Sudeste Asiático, em vez de forçar os países a escolher um lado na disputa.

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