Circle e Stripe driblam Fed e criam redes contra o sistema

Circle e Stripe driblam Fed e criam redes contra o sistema
Imagens destaque: Pexels/Kelly

O mercado de stablecoins vive um impasse nos Estados Unidos. De um lado, o Congresso aprovou uma lei que protege emissores que queiram usar blockchains públicas como o Ethereum (ETH). Do outro, o Federal Reserve (Fed) ainda sustenta uma política que dificulta esse tipo de operação por bancos. No meio dessa disputa, Circle e Stripe já começaram a desenhar seus próprios caminhos.

Aprovada em julho de 2025, a GENIUS Act determina que um emissor de stablecoin não pode ser barrado só por escolher uma rede aberta e pública. Segundo o texto, isso por si só não configura risco à estabilidade financeira.

A lei foi vista como um recado à política do Fed emitida em 2023, que considera blockchains permissionless como “provavelmente incompatíveis” com boas práticas bancárias.

🧱 A outra ponta da corda

Apesar da nova legislação, o Policy Statement 9(13) do Federal Reserve continua ativo. Ele recomenda que bancos evitem emitir tokens em redes abertas, por receio de lavagem de dinheiro e falhas operacionais. A mensagem é que o Fed ainda vê risco nesse modelo.

Conforme observado pela Forbes, Trump e a senadora Cynthia Lummis pressionam para que o Banco revogue a regra. Mas Jerome Powell tem resistido, alegando que a prioridade continua sendo a segurança do sistema bancário.

🌐 O domínio atual do Ethereum

Mesmo com as dúvidas regulatórias, o Ethereum segue como o principal hub para stablecoins. Em agosto de 2025, entre 49% e 54% do suprimento mundial de ativos estáveis circulava na rede, que movimenta US$ 20 bilhões por dia só com USDC.

Enquanto isso, a rede TRON lidera em transações com USDT, com mais de 1 milhão por semana, mas não tem a mesma penetração institucional. O Ethereum ainda é o preferido para ativos tokenizados de grandes fundos, como o BUIDL da BlackRock.

🛠️ Novos caminhos com blockchains “meio-termo”

Nos últimos dias, surgiram duas novas iniciativas que apostam em blockchains permissionadas para acomodar exigências regulatórias.

A primeira é a Arc, rede da Circle. Anunciada em 12 de agosto, é uma nova blockchain compatível com Ethereum e voltada para operações reguladas com stablecoins. Deve entrar em testnet ainda no segundo semestre.

A segunda é a Tempo, plataforma da Stripe. A revista Fortune apontou que a empresa estaria desenvolvendo uma nova rede em parceria com a Paradigm. Ainda sem confirmação oficial, o projeto estaria focado em infraestrutura de pagamentos.

Esses projetos funcionariam como pontes entre a segurança regulatória e a liquidez das redes públicas, com foco em interoperabilidade.

⚖️ Efeitos no mercado e nos bancos

Hoje, qualquer banco que deseje emitir tokens em redes públicas precisa comprovar uma estrutura robusta de segurança, compliance e controle de riscos. Esse processo costuma ser longo, caro e pouco atrativo.

É por isso que empresas estão criando blockchains permissionadas com porta aberta para integração futura com o Ethereum. A ideia é não confrontar a política do Fed diretamente, mas manter a porta entreaberta.

🧮 O que pode destravar o jogo

O modelo híbrido, infraestrutura permissionada com ponte para blockchain pública, parece o mais viável no curto prazo. Ele permite que instituições cumpram exigências regulatórias sem abrir mão das vantagens do Ethereum, como liquidez, transparência e integração com DeFi.

Ferramentas de RegTech e análise on-chain também têm avançado, ajudando emissores a atender requisitos de compliance de forma mais automatizada, o que pode reduzir a fricção com reguladores e acelerar aprovações.

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