Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central (BC), expressou oposição à ideia de restringir o uso do Pix em plataformas de apostas. Durante um evento promovido pelo HSBC em Washington, ele disse que essa medida seria prejudicial para a agenda digital que tem facilitado o acesso a métodos de pagamento rápidos e de baixo custo no Brasil.

Gomes afirmou que a proposta de limitar o Pix para certas transações traria complicações operacionais e não resolveria os problemas associados à atividade. Para ele, o foco deveria ser na regulação do setor de apostas em si e não no meio de pagamento.

“Se a sociedade entende que as apostas são uma questão preocupante, devemos tratar da atividade, e não de como ela é paga”.

BC de olho no uso de crédito para apostas

O diretor também disse que a regulação das apostas não está sob a alçada direta do Banco Central, mas o BC monitora os impactos financeiros dessa prática no que se refere ao uso de crédito.

Segundo Gomes, já há indícios de que algumas pessoas estão utilizando linhas de crédito para financiar suas apostas, o que pode gerar preocupações em relação à inadimplência e à estabilidade financeira.

Crédito e estabilidade financeira

Outro ponto abordado por Gomes foi o número elevado de cartões de crédito em circulação no Brasil, o que ele considera um fator de risco para a estabilidade financeira.

O excesso de cartões, associado às compras parceladas sem juros, compromete uma grande parte da renda dos brasileiros, tornando-os mais vulneráveis a choques de renda.

Gomes explicou que o Banco Central está confortável com a estabilidade financeira do país, mas enxerga a necessidade de aumentar a eficiência do sistema, em parte, através de iniciativas como educação financeira e melhorias no gerenciamento de riscos nos arranjos de pagamento.

Segundo ele, a competição entre fintechs e instituições financeiras tradicionais levou à emissão desmedida de cartões de crédito nos últimos anos, o que agora exige um ajuste para garantir a sustentabilidade do mercado.

Fonte: Valor