Economia fantasma: DOGE falha em cortar gastos reais

Economia fantasma: DOGE falha em cortar gastos reais
Imagens destaque: Pexels/ROCKETMANN TEAM

A conta não fecha, e os bilhões prometidos viraram fumaça. Apesar de o governo Trump divulgar que o DOGE já teria “economizado” US$ 54 bilhões em cortes de contratos federais, uma análise do portal Politico mostra que apenas US$ 1,4 bilhão foi efetivamente recuperado pelas agências públicas.

A diferença entre o que foi anunciado e o que, de fato, impacta o caixa do governo é tão grande que até mesmo especialistas em direito público têm questionado a validade das informações divulgadas.

💸 A conta do cartão, mas sem gastar

A principal crítica ao DOGE é sobre o método de cálculo. O governo considera o valor total possível de gasto em um contrato, mesmo que ele nunca tenha sido executado.

Ou seja, é como cancelar um cartão de crédito e dizer que economizou o limite inteiro, mesmo sem nunca ter feito compras com ele.

Esse tipo de manobra contabiliza “economias” a partir de limites teóricos, não de valores que realmente saíram do caixa.

📉 Corte simbólico, gasto real

Mesmo quando contratos são cancelados, o dinheiro não retorna automaticamente ao Tesouro. Em geral, os valores voltam às agências que têm obrigação legal de gastá-los.

Sem ação do Congresso, nada muda no déficit. E até agora, nenhuma das promessas de que o DOGE ajudaria a reduzir a dívida pública se concretizou.

🔍 Exemplo do abrigo no Texas virou símbolo do exagero

Um dos maiores casos de distorção é um contrato com a ONG Family Endeavors, responsável por manter um abrigo vazio no Texas para crianças migrantes.

O DOGE anunciou que o cancelamento geraria US$ 2,9 bilhões em “economia”. Na prática, o governo só tinha se comprometido com US$ 428 milhões e, no máximo, poderia economizar US$ 126 milhões, 4% do valor anunciado.

⚙️ Efeitos colaterais em outras áreas

Na área de energia, o DOGE também reduziu contratos relacionados à criação de padrões de eficiência para eletrodomésticos.

A justificativa era gerar US$ 166 milhões em economia. Mas os padrões eliminados ajudavam os consumidores a economizar US$ 105 bilhões por ano, segundo o próprio Departamento de Energia.

A ação foi um retrocesso, pois os custos de desenvolver os padrões são baixos comparados ao impacto positivo gerado.

📉 Cortes que não cortam

Na prática, parte dos contratos listados como “cancelados” foram apenas modificados. Outros saíram do ar sem explicação.

Além disso, mais de 40% das supostas economias não podem ser verificadas, porque o DOGE não forneceu dados suficientes ou os manteve em sigilo por “motivos legais”.

🧱 Uma parede cheia de buracos

A chamada “parede de recibos”, site público que lista os contratos encerrados, está sendo atualizada cada vez com menos frequência. Desde a saída de Elon Musk do DOGE, o número de novas postagens caiu drasticamente.

A tensão entre Musk e Trump aumentou após a assinatura de uma nova lei que eleva a dívida pública em US$ 3,4 trilhões, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso.

Musk agora planeja lançar um novo partido político com a mesma missão do DOGE, mas sem Trump no comando.

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