Uma reportagem publicada pela revista do The New York Times mostra uma visão sombria entre integrantes da elite jurídica de Washington sobre o segundo mandato de Donald Trump.
O jornal entrevistou novamente um grupo de 50 especialistas legais, entre ex-procuradores-gerais, juízes federais e conselheiros da Casa Branca, que haviam participado de um levantamento semelhante em 2023.
O resultado atual mostra quase unanimidade no entendimento de que Trump foi além do previsto ao enfraquecer as instituições de justiça dos Estados Unidos.
Entre os entrevistados, há representantes dos dois principais partidos e ex-funcionários de todos os governos desde Ronald Reagan.
⚖️ Uso político do Departamento de Justiça
O que une essas vozes, segundo a matéria, é a preocupação com a forma como o Departamento de Justiça tem sido usado para perseguir inimigos políticos e proteger aliados do presidente.
O caso do ex-diretor do FBI, James Comey, foi citado como um marco. Ele foi acusado por um grande júri após Trump forçar a demissão do procurador que havia recusado abrir esse processo anteriormente.
Pam Bondi, nomeada como procuradora-geral, foi apontada como figura-chave no alinhamento do Departamento de Justiça aos interesses pessoais do presidente.
Ela criou um grupo interno chamado “força-tarefa de instrumentalização”, cuja missão seria investigar quem participou dos processos contra Trump.
O líder do grupo, Ed Martin, chegou a prometer publicamente manchar a reputação de alvos que não pudessem ser processados, o que fere as normas internas do próprio departamento.
🏛️ Erosão interna e debandada de funcionários
O jornal relata que, desde janeiro, mais de quatro mil funcionários deixaram o Departamento de Justiça, muitos deles afastados ou pressionados a renunciar.
Em paralelo, nomes sem experiência em processos criminais foram colocados em cargos de alto escalão, como a advogada de seguros Lindsey Halligan, indicada para substituir o procurador demitido na Virgínia e responsável pela acusação contra Comey dias depois.
Outro ponto abordado é o receio nas grandes bancas de advocacia. Segundo a matéria, firmas que antes reagiam contra abusos agora evitam se envolver, com medo de retaliações.
Muitas teriam fechado acordos com o governo, oferecendo serviços gratuitos em troca de evitar conflitos.
Apesar do foco na administração Trump, parte dos entrevistados também criticou o governo Biden.
A nomeação de Jack Smith como promotor especial e as falas do presidente sobre a Justiça durante o processo contra seu filho foram vistas por alguns como erros que comprometeram a confiança na imparcialidade do sistema.
🏛️ Suprema Corte e enfraquecimento das instituições
A Suprema Corte também foi alvo de críticas.
Muitos acreditam que a decisão de conceder imunidade a atos oficiais do presidente abriu caminho para ações autoritárias.
Três dos atuais juízes foram indicados por Trump, e ex-funcionários apontam que decisões recentes do tribunal têm limitado a atuação de instâncias inferiores.
O cenário descrito pelos entrevistados é o de um sistema que perdeu suas amarras.
Leis e normas que antes protegiam o equilíbrio entre os poderes teriam sido fragilizadas por um presidente que, segundo eles, aprendeu no primeiro mandato a remover os freios institucionais.
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