Empregos em alta podem adiar corte de juros em setembro

Empregos em alta podem adiar corte de juros em setembro
Imagem destaque: ChatGPT

A chance de corte de juros nos EUA em setembro ainda existe, mas não é mais um consenso. O payroll de junho veio forte e derrubou o otimismo que dominava o mercado. Com isso, setembro deixa de ser certeza — e o Fed ganha mais tempo no jogo.

📉 Payroll forte muda o jogo para setembro

Nas últimas semanas, investidores pareciam ter uma aposta clara: o Fed cortaria os juros em setembro. 

A precificação dos mercados mostrava essa convicção, com contratos futuros apontando para quase 100% de chance de um alívio na política monetária ainda no terceiro trimestre.

Mas o jogo virou.

O relatório de empregos divulgado hoje (3) veio mais forte do que o previsto. Foram criados 206 mil empregos em junho, acima da projeção de 190 mil, com revisões para cima também nos dados de abril e maio. Além disso, a taxa de desemprego caiu para 4,1%, abaixo dos 4,3% previstos.

Esses números mudaram o humor do mercado. Cortes em julho foram praticamente descartados, e a dúvida passou a ser se o Fed terá mesmo espaço para agir antes do fim do ano.

📊 Probabilidades caíram, mas seguem altas

Antes da divulgação do payroll, o mercado apostava quase com unanimidade em um corte de juros em setembro. A probabilidade girava em torno de 98%, segundo projeções da CME FedWatch Tool.

Com os dados de emprego mais fortes que o esperado, esse número caiu para 80%. Ainda é uma aposta dominante — mas não mais uma certeza.

Ao mesmo tempo, as chances de corte já na reunião de julho despencaram para menos de 10%, mostrando que o Fed deve ganhar mais tempo para avaliar a trajetória da inflação e do mercado de trabalho antes de tomar qualquer decisão.

🧠 O que o Fed realmente está olhando agora?

Apesar do otimismo do mercado com cortes ainda em 2025, o presidente do Federal Reserve nunca chegou a confirmar essa intenção. Pelo contrário: nas falas de Jerome Powell, ele sempre destacou que a política monetária ainda precisa de mais tempo para trazer a inflação ao alvo de 2%.

Nesse cenário, o mercado de trabalho tem um papel direto na decisão.

A queda da taxa de desemprego para 4,1% e a criação de 206 mil empregos em junho mostram uma economia ainda resiliente — o que pode sustentar a pressão inflacionária. Para o Fed, esse tipo de dado funciona como argumento para não mexer nos juros agora.

Além disso, as revisões para cima nas folhas de pagamento de abril e maio (com aumento de 16 mil vagas) ajudam a reforçar a percepção de que a desaceleração da economia ainda não é forte o suficiente para justificar uma mudança imediata na política monetária.

💬 O que dizem os analistas?

  • Jonnelle Marte, jornalista da Reuters especializada em economia e cobertura do Federal Reserve, destaca que o relatório de empregos de junho reforça o argumento do Fed de que não existe urgência para cortar os juros. A analista acredita que os dados eliminam preocupações imediatas com o mercado de trabalho, dando espaço para a autoridade monetária manter a cautela.
  • Joe (Joseph) Richter, editor da Bloomberg focado em mercados, lembra que a queda da taxa de desemprego U‑3 — atualmente em 4,1% — pode descartar não só o corte em julho, mas também a opção para setembro. Segundo o especialista, o Fed deve mirar cortes apenas no quarto trimestre.

🪙 E o impacto nas criptos?

Com a menor chance de corte de juros no curto prazo, ativos de risco como o bitcoin (BTC) tendem a enfrentar mais resistência. 

Historicamente, o mercado cripto responde melhor a cenários de liquidez abundante e juros em queda, o que atrai capital especulativo em busca de retorno acima da média.

Por exemplo, em março de 2020, o Fed zerou os juros e iniciou um dos maiores programas de quantitative easing (QE) da história. Resultado: o BTC saiu de US$ 5.000 para mais de US$ 60.000 em 12 meses.

Hoje, o BTC chegou a cair brevemente após a divulgação do payroll, mas se recuperou, acompanhando o movimento positivo do S&P 500. 

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