A Starlink, serviço de internet via satélite da SpaceX, tornou-se uma das maiores beneficiárias da guerra tarifária iniciada pelo governo Trump, segundo memorandos do Departamento de Estado obtidos pelo jornal Washington Post.
Os documentos apontam que os EUA vêm pressionando outros países a adotarem o serviço da empresa de Elon Musk. Algumas dessas regiões enxergam a adoção do Starlink como uma estratégia para melhorar suas negociações comerciais com os Estados Unidos.
Um dos memorandos, referente ao pequeno país africano Lesoto, contra o qual os EUA impuseram uma tarifa de 50%, afirma claramente que a assinatura de um contrato de 10 anos com a Starlink pode facilitar as tratativas com Washington.
Além disso, em março de 2025, autoridades indianas aprovaram rapidamente as licenças pendentes da Starlink, após meses de atrasos com o mesmo intuito que Lesoto.
Após meses de negociações estagnadas, Bangladesh também anunciou um acordo com a Starlink. O país, sendo o segundo maior exportador de vestuário para os EUA, buscava garantir boa vontade estadunidense em meio a mudanças políticas internas e preocupações com tarifas punitivas.
Diante da ameaça de Trump de uma tarifa de 49% sobre seus produtos, o governo cambojano sinalizou o desejo de equilibrar a relação comercial com os EUA promovendo a entrada de empresas estadunidenses líderes, como a Boeing e a Starlink. Isso foi documentado em um memorando da embaixada dos Estados Unidos em Phnom Penh.
Elon Musk, fundador e CEO da SpaceX, é apontado como um dos conselheiros mais próximos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Apesar disso, Kush Desai, porta-voz da Casa Branca, negou qualquer conflito de interesse. O Departamento de Estado justificou os esforços para promover uma empresa estadunidense de satélites como uma ação “patriótica” diante da concorrência da China no mercado espacial.
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