O projeto DeFi World Liberty Financial (WLF) arrecadou US$ 550 milhões antes de ser assumido pela família do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo a Reuters, os Trump garantiram para si 75% dos fundos arrecadados com a venda dos tokens WLFI, além de uma fatia de 60% dos lucros futuros da plataforma.
Como parte dessa mudança de controle, os fundadores originais do projeto, Zak Folkman e Chase Herro, foram removidos da gestão.
Fundos limitados para o desenvolvimento da plataforma
Os documentos do projeto mostram que, após a distribuição inicial de fundos, restariam apenas 5% dos US$ 550 milhões para o desenvolvimento da plataforma.
Além disso, os detentores dos tokens de governança WLFI perderam a capacidade de votar em decisões relacionadas à distribuição de lucros, pois qualquer proposta que contrariasse os acordos estabelecidos com Trump e seus financiadores seria automaticamente anulada.
Objetivo inicial do projeto e mudanças no controle
A World Liberty Financial foi concebida como um ecossistema de finanças descentralizadas, permitindo empréstimos, formação de pools de liquidez e transações com stablecoins.
Seu token WLFI, lançado em outubro de 2024, foi promovido como um instrumento de governança, concedendo aos investidores a possibilidade de influenciar mudanças no protocolo. No entanto, documentos oficiais mostram que esse poder de decisão pode ser mais limitado do que o esperado.
O envolvimento da família Trump
A relação da família do presidente dos EUA com o projeto é destacada nos materiais disponíveis no site oficial da WLF. Donald Trump é descrito como um “defensor das criptomoedas”, enquanto seus filhos Eric e Donald Trump Jr. atuam como “embaixadores Web3”. Já Barron Trump recebeu o título de “visionário DeFi”.
Apesar dessas nomeações, os registros deixam claro que nenhum membro da família ocupa cargos formais dentro da empresa.
Investimentos e crescimento do WLF
O crescimento do interesse pelo WLF começou a ganhar força no fim de novembro passado, quando o empresário Justin Sun, fundador da rede Tron (TRX), investiu US$ 30 milhões no projeto, seguido por uma nova injeção de US$ 45 milhões pouco tempo depois.
Com a posse de Trump em 20 de janeiro, o volume de capital aumentou, atraindo US$ 300 milhões em um único dia. No mesmo período, atualizações nos documentos da plataforma mostraram que 60% do controle da WLF Holdco, entidade responsável pelo projeto, pertencia à DT Marks DeFi, empresa vinculada ao republicano. Seu filho Eric Trump também garantiu um assento no conselho de administração.
Estratégia para evitar implicações legais
A complexa estrutura empresarial montada ao redor do World Liberty Financial parece ter sido desenhada para proteger Trump de possíveis implicações legais caso o projeto enfrente problemas. Com essa organização, seria difícil responsabilizar o bilionário diretamente por qualquer eventualidade no futuro.
Até março, os relatórios internos da empresa diziam que o WLF havia levantado US$ 550 milhões em duas rodadas de venda de tokens.
Contudo, apesar do montante, a plataforma ainda não foi lançada oficialmente. Um estudo da empresa de segurança blockchain Certik apontou que o projeto segue em fase de desenvolvimento, com diversas funcionalidades inacabadas.
Origens do projeto e conexões com Trump
A história da criação do World Liberty Financial remonta aos empreendedores Zak Folkman e Chase Herro, que estabeleceram conexões com Trump por meio da família do magnata imobiliário Steve Witkoff.
A ideia foi apresentada ao ex-presidente e seus filhos como uma alternativa aos grandes bancos e ao sistema financeiro tradicional.
Originalmente, Folkman e Herro eram os únicos responsáveis pelo projeto, tendo anteriormente liderado um protocolo DeFi chamado Dough Finance, que sofreu um ataque hacker em julho de 2024, resultando na perda de US$ 2 milhões.
Pouco tempo depois, Trump anunciou o lançamento de um projeto de criptomoedas, inicialmente batizado de BeDefiant, que mais tarde se transformaria no World Liberty Financial.
Apesar da narrativa de inclusão financeira promovida pela família Trump, os dados da Reuters mostram que metade dos investimentos no WLF veio de transações milionárias, o que prova que o projeto pode estar mais alinhado com grandes players do mercado do que com o investidor comum.
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