A blockchain Ethereum (ETH) ativou com sucesso a primeira fase do upgrade Pectra, considerada a maior atualização desde o Dencun, ocorrido em março de 2024. O fork foi implantado às 6h05 (horário de Nova York) desta quarta-feira, 7 de maio de 2025, e alcançou a finalização da rede pouco depois, às 6h18.
A atualização Pectra representa uma mudança importante na plataforma de contratos inteligentes, pois traz melhorias de escalabilidade e eficiência no funcionamento do ecossistema.
“Esta é a atualização mais ambiciosa até agora. O impacto será forte nos ambientes Layer 2 e Layer 3, onde os desenvolvedores poderão criar experiências mais simples, sem que o usuário precise se preocupar com carteiras ou taxas de transação”, disse Preston Van Loon, desenvolvedor do Ethereum e cofundador da Prysmatic Labs.
Principais mudanças
Os destaques do upgrade são a otimização do processamento de depósitos de validadores, aprimoramentos em operações criptográficas, acesso mais eficiente aos dados históricos e saídas mais ágeis da camada de execução.
Outra mudança importante é trazida pela EIP-7251, que aumenta o limite de staking de 32 para 2.048 ETH por validador, melhorando a eficiência das recompensas e facilitando a gestão de validadores que possuem mais de 32 ETH alocados.
O upgrade também dobra a capacidade de armazenamento de blobs com a EIP-7691, passando de três para seis blobs por bloco.
Blobs são estruturas que armazenam grandes volumes de dados na camada de consenso, permitindo transações mais baratas nas Layer 2. Com isso, os rollups podem processar mais transferências a custos menores, com um sistema de precificação mais ajustável à demanda da rede.
O que muda na prática para o usuário comum?
Imagine que você usa o Ethereum como se fosse um aplicativo no celular, como um banco digital. Hoje, para usar esse “banco”, você precisa de uma carteira (como a MetaMask), que funciona como uma conta simples: você pode enviar e receber dinheiro, mas não muito além disso. Se quiser fazer algo mais sofisticado, como dividir pagamentos, usar biometria ou recuperar o acesso se perder a senha, isso já é mais complicado.
A EIP-7702, da Pectra, vem justamente para facilitar sua vida como usuário comum.
Essa atualização permite que sua carteira simples funcione, durante uma única operação, como se fosse um sistema mais inteligente — quase como transformar seu celular básico temporariamente em um smartphone superavançado só quando precisar. E o melhor: sem complicar o uso no dia a dia.
Na prática, isso significa que:
- Você pode fazer tudo de uma vez só: aprovar e concluir uma transação com um clique, sem ficar confirmando várias etapas.
- Se você não tiver ETH para pagar as taxas, um aplicativo pode pagar por você.
- Dá para recuperar o acesso à sua conta se perder sua senha, com ajuda de amigos ou um código especial.
- Pode autorizar operações com outras formas além da senha, como usando sua digital ou dois celulares juntos, por exemplo.
E o mais interessante: isso tudo funciona direto no sistema principal do Ethereum, sem precisar criar algo separado e mais complexo. É como se o próprio ETH tivesse ficado mais esperto para te atender melhor — e sem você precisar entender de código ou mudar nada na sua forma de usar.
Mas nem tudo são flores
Apesar das melhorias, a especialista Muriel Médard, professora do MIT, aponta para os desafios que ainda persistem. Segundo ela, “reduzir a descentralização não é o caminho para escalar; pelo contrário, a descentralização é essencial para o crescimento da rede”.
Já Sam McIngvale, diretor de produto da OP Labs, destacou que a abstração de contas deve ser rapidamente adotada por aplicativos DeFi, eliminando a necessidade de autorização de tokens e permitindo operações com apenas um clique. No entanto, ele acredita que, mesmo com o aumento na capacidade de blobs, será preciso de cinco a oito vezes mais para evitar congestionamentos nas Layer 2.
Com os olhos agora voltados para o próximo upgrade, o Fusaka, a expectativa é de que ele torne o Ethereum tão simples de usar quanto o Bitcoin (BTC).
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