Gemini agora cria slides: testei o novo recurso da IA do Google

Gemini agora cria slides testei o novo recurso da IA do Google
Imagem destaque: Pexels

Se você trava na hora de transformar um texto em apresentação, o novo recurso do Gemini pode te ajudar muito. Nos testes que fiz por aqui, bastou enviar o conteúdo original e fazer um pedido simples para que ele montasse uma sequência de slides coerente, organizada e quase pronta para uso, sem exigir um prompt cheio de detalhes técnicos.

📊 Teste 1: Previsão do Bitcoin para novembro de 2025

O primeiro teste foi feito com um artigo original sobre o comportamento do bitcoin (BTC) em novembro. O documento, com análise gráfica, contexto macroeconômico e três possíveis cenários para o mês, foi convertido em uma apresentação com 13 slides.

A apresentação criada com base no texto mostrou bons resultados. O visual seguiu um estilo clean e escuro, com boa leitura e destaque para trechos relevantes. O conteúdo manteve o português correto e uma linguagem acessível, sem sinais de automatismo. Um ponto positivo foi a ausência de travessões e vírgulas excessivas, comuns em outras IAs.

Nos slides 3 e 6, o Gemini buscou imagens para compor a apresentação. 

No slide 3, utilizou com precisão um gráfico mencionado no texto. 

Já no slide 6, optou por uma imagem genérica, ignorando a original, o que tirou um pouco da força do conteúdo. 

O mesmo ocorreu no slide 8, cuja imagem acabou sumindo tanto na versão em PDF quanto na exportação para o Google Apresentações, o que pode exigir atenção na etapa de edição.

Um dos pontos altos foi o slide 10, que transformou a agenda macro de novembro em uma linha do tempo visualmente agradável. O último slide trouxe os créditos das imagens utilizadas, o que mostra um cuidado importante para quem pretende usar a apresentação de forma pública ou profissional.

Exportar diretamente para o Google Apresentações é outro recurso prático. Ainda que nem todas as imagens sejam preservadas, como visto no slide 8, a facilidade para editar depois compensa.

O conteúdo do slide foi baseado no documento deste artigo: O que esperar do bitcoin em novembro com tensão política e fuga dos ETFs

Aqui está a apresentação completa: Bitcoin em Novembro – Gemini

📈 Teste 2: Artigo de Arthur Hayes vira apresentação com um clique

O segundo teste foi feito com um texto mais técnico, escrito por Arthur Hayes, ex-CEO da BitMEX, e publicado originalmente em inglês. A proposta era transformar esse artigo denso, com conceitos de macroeconomia, política monetária e mercado chinês, em uma apresentação de slides acessível. E o Gemini não decepcionou.

Sem que fosse necessário pedir no prompt, a ferramenta traduziu todo o conteúdo automaticamente para o português. Esse detalhe pode parecer pequeno, mas é muito importante para quem trabalha com textos internacionais e quer economizar tempo.

O texto original trazia análises sobre financiamento de dívida, o papel dos hedge funds nas compras de títulos e os impactos da política monetária estadunidense sobre o mercado global. Mesmo com a complexidade do tema, a IA do Google conseguiu organizar os dados em slides coerentes, com títulos objetivos e trechos bem distribuídos.

Duas imagens do texto foram mantidas nos slides, algo positivo para preservar o contexto. Mas, no slide 9, apareceu uma imagem de Zheng Liu, economista do Federal Reserve de San Francisco, sem relação direta com o conteúdo apresentado. Essa inserção não parece fazer sentido, já que o nome dele não é citado no artigo original nem há menção a sua atuação.

Diferente do primeiro teste, nenhuma imagem se perdeu na exportação, nem no PDF nem no Google Slides. Sendo assim, é possível que o problema anterior tenha sido pontual e não uma limitação sistemática da ferramenta.

O conteúdo do slide foi baseado no documento deste artigo: Hallelujah

Aqui está a apresentação completa: Hallelujah – Gemini

📊 Teste 3: Gemini e Gamma criam apresentações do zero sobre Bitcoin

Desta vez, a proposta foi diferente. Em vez de subir um conteúdo pronto, o teste partiu do seguinte prompt: crie uma apresentação sobre a evolução do bitcoin como forma de dinheiro. A ideia era entender como cada IA se sai quando precisa construir a apresentação do zero, com liberdade para escolher tanto o conteúdo quanto o visual.

O Gemini e o Gamma entregaram resultados bem distintos. E apesar do visual mais limpo do Gemini agradar logo de cara, o Gamma se destacou na profundidade do conteúdo.

A apresentação do Gemini manteve o padrão clean observado nos testes anteriores. Mas nem tudo funcionou. 

No slide 5, ao tentar montar uma linha do tempo, o visual ficou bagunçado, com textos sobrepostos. O mesmo problema aparece no slide 6. 

Já no slide 9, a imagem escolhida foi um ponto de interrogação sem contexto, uma escolha sem sentido.

O conteúdo tem bons momentos, mas escorrega em pontos básicos. Os marcos históricos, por exemplo, não adicionam os ETFs aprovados em 2024, algo importante quando se fala na trajetória do bitcoin como ativo financeiro. 

A seção sobre crescimento e desafios (slide 7) ficou pobre em conteúdo e visualmente esvaziada, sem o uso de bullet points nem divisão clara de ideias.

Além disso, o tema da volatilidade foi repetido em quatro slides diferentes (7, 8, 9 e 10), tomando espaço que poderia ser usado para falar de adoção institucional, uso prático ou outros aspectos mais atuais. 

Um erro conceitual aparece no slide 8, ao afirmar que o bitcoin frequentemente se move de forma independente dos mercados tradicionais, quando sabemos que a correlação com ativos de risco é comum. E sim, eu quis destacar esse erro porque ele é muito bobo.

📚 Gamma: mais conteúdo, mais contexto

O Gamma seguiu uma linha bem diferente. Começou com uma contextualização sobre o que é dinheiro, criou uma linha do tempo harmônica sobre a história das trocas econômicas e conectou isso à proposta do bitcoin. 

O slide 6 foi o que mais se destacou, trazendo os marcos importantes, inclusive os ETFs de 2024, com clareza. Faltou apenas mencionar a adoção institucional de 2020, ponto que o Gemini abordou e o Gamma deixou de lado.

Outro acerto foi mostrar como o bitcoin é usado hoje (slide 7), algo ignorado no material do Gemini. Os desafios também foram mais diversos e bem apresentados. 

Por fim, o slide com exemplos reais de adoção apresenta diferentes usos do bitcoin em empresas, países e no dia a dia das pessoas. 

A única crítica é o uso de palavras em inglês no slide 10, o que quebra a unidade do conteúdo.

🎯 Qual entrega melhor?

Deixando as duas IAs livres, sem prompts detalhados, o Gamma se mostrou mais competente para montar um conteúdo completo. O visual pode não agradar a todos, e de fato parece mais infantil neste teste, mas isso é facilmente ajustável. Já o conteúdo, quando bem estruturado desde o início, é difícil de recuperar depois com edição. Por isso, na comparação direta, o Gamma sai na frente.

O Gemini tem pontos fortes, como o layout mais sóbrio e a liberdade de edição ao exportar. Mas precisa evoluir na organização do conteúdo. Afinal, é mais fácil para uma pessoa de fora do universo da inteligência artificial explicar o visual que quer do que montar toda a narrativa sozinha.

Aqui estão as apresentações completas: Bitcoin como dinehiro – Gemini / Bitcoin como dinehiro – Gamma

🧠 Teste 4: Quando o prompt é detalhado, o Gemini acompanha?

Desta vez, a proposta foi com direção específica. O prompt solicitava uma apresentação com foco em educação financeira para a Geração Z, pedindo visual jovem, conteúdo prático, linguagem acessível e temas bem definidos como independência financeira, patrimônio, dívidas, criptoativos e mentalidade de longo prazo. 

O objetivo era testar se, com um direcionamento mais elaborado, o Gemini entregaria um conteúdo mais completo e refinado. Aqui é importante destacar que a IA seguiu bem a estrutura solicitada. A apresentação trouxe linguagem acessível e jovem, sem apelar para gírias. Houve organização temática, com tópicos alinhados ao pedido.

🎨 Visual: minimalista, moderno e representativo

O visual é um dos pontos altos da apresentação. O Gemini usou um estilo limpo e bem distribuído. Os tons de roxo, azul e branco criam uma estética que combina tecnologia e juventude sem parecer infantil. 

O slide 4 usou uma boa imagem, mas com marca d’água, o que compromete o uso direto do material. 

Já no slide 7, a imagem escolhida foi bem clichê, destoando da proposta moderna.

Por outro lado, a imagem de duas mulheres negras (slides 7 e 10) em um conteúdo sobre finanças traz representatividade e transmite com força o recado de inclusão, algo que conversa diretamente com os valores da Geração Z. 

Se houvesse um ponto a adicionar aqui, seria o equilíbrio entre texto e imagem. Alguns slides estão visualmente bem compostos, mas outros deixam muito espaço vazio, o que poderia ser facilmente resolvido com mais atenção à hierarquia visual.

📚 Conteúdo: correto, mas não marcante

O conteúdo está longe de ser ruim, mas também não provoca ação nem aprendizado real. A IA entrega frases genéricas, com pouca personalidade. Em vez de se aprofundar nos tópicos, como mostrar a diferença entre começar a investir aos 22 ou 27 com dados reais, por exemplo, o Gemini afirma o benefício, mas não explica o porquê. 

Faltaram fontes em pontos importantes. Por exemplo, a afirmação de que 37% já tiveram o nome negativado não tem nenhuma referência. Negativados de quê? Jovens? Adultos em geral? De onde veio esse dado?

No slide sobre o novo mercado digital, a IA escolheu citar NFTs, o que parece um desvio do foco prático da apresentação. Faltou falar de temas mais úteis para o dia a dia da Geração Z, como trabalho remoto, finanças descentralizadas ou formas seguras de investir sem cair em esquemas de pirâmides.

O slide 4, sobre valores e impacto social, teve um bom direcionamento. Destacar que a Geração Z se importa com onde investe é algo relevante e pouco tratado em apresentações comuns. Esse enfoque estabelece uma distinção em relação ao conteúdo que seria produzido para gerações anteriores, como a X. Trata-se de um insight que funciona bem, embora tenha sido pouco aprofundado nos demais slides.

O problema mais recorrente continua sendo a superficialidade. Os bullet points são corretos, mas não passam da superfície. É como se a apresentação “soprasse” o tema, mas não “mastigasse” o conteúdo de forma a gerar conexão real com quem vai assistir.

Aqui está a apresentação completa: Educação Financeira Gen Z – Gemini

🧩 O Gemini acerta mais quando tem com o que trabalhar

Testar o recurso de criação de slides do Gemini foi uma surpresa positiva. Mesmo com prompts simples, o sistema consegue montar uma estrutura razoável e com aparência profissional, o que já coloca o recurso à frente de muitas soluções por aí (como o Manus AI).

Mas como toda IA, o Gemini escorrega quando trabalha sem direção. O conteúdo tende a sair genérico, repetitivo e raso, principalmente quando o prompt não antecipa os possíveis erros ou lacunas. Isso ficou claro no teste sobre a Geração Z, que teve visual bonito, mas conteúdo superficial e previsível.

Por outro lado, quando o material já vem pronto, com texto bem escrito e organizado, como nos dois primeiros testes, o Gemini mostra do que é capaz. Ele traduz com fidelidade, distribui bem o conteúdo, escolhe imagens (na maioria das vezes) coerentes e entrega uma base sólida para quem só precisa fazer ajustes finos. Mesmo sem um prompt complexo, a apresentação flui.

📌 Para tirar o melhor da IA de slides do Gemini

  • Escreva seu texto antes. A IA funciona melhor como designer do que como roteirista.
  • Seja claro sobre o estilo visual que deseja. Diga quais cores, formatos ou elementos devem ser usados.
  • Não confie que ela vai adivinhar o que é importante. Antecipe pontos que você não quer que ela ignore.
  • Se quiser deixar a IA mais solta, esteja preparado para editar depois.

A promessa do Gemini é boa, e o caminho parece promissor. Se continuar evoluindo nesse ritmo, pode virar uma das ferramentas mais práticas para quem trabalha com apresentações no dia a dia.

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