A gigante chinesa do setor de sorvetes e chás gelados, Mixue, vai desembarcar oficialmente no Brasil com um aporte de R$ 3,2 bilhões para iniciar suas atividades no país, com a expectativa de gerar 25 mil empregos diretos e indiretos até 2030.
O anúncio ocorreu durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China, em um pacote de parcerias econômicas entre os dois países, que totalizam R$ 27 bilhões em investimentos.
De barraca de rua a império global
Original da província de Henan, a Mixue foi criada em 1997 como um pequeno ponto de venda de raspadinhas. Desde então, transformou-se em um fenômeno, operando 45 mil lojas em 12 países da Ásia, superando redes tradicionais como McDonald’s e Starbucks em número de unidades.
O segredo do crescimento está em seu modelo de franquias de baixo custo e alto giro. Com produtos que custam, em média, R$ 4,70, a marca atrai um público jovem com sua comunicação vibrante, trilha sonora marcante, visual característico e o popular mascote Snow King.
A empresa também garante eficiência operacional ao fornecer insumos e equipamentos diretamente aos franqueados, o que resulta em uma estrutura enxuta e margens de lucro saudáveis. Em 2022, a Mixue registrou um lucro líquido de US$ 300 milhões.
Com cardápio simples e voltado para bebidas doces, chás, sorvetes e smoothies de frutas, a estratégia da rede de fast food é apostar em preços populares e marketing agressivo para consolidar sua presença em diversas regiões brasileiras.
Histórico de controvérsias na China
O histórico da companhia também conta com episódios polêmicos. Em novembro de 2022, por exemplo, uma investigação conduzida por repórteres do The Beijing News apontou que duas lojas franqueadas da Mixue em Nanquim utilizavam ingredientes vencidos e adulteravam etiquetas de validade para prolongar o uso desses produtos.
Além disso, funcionários foram contratados sem apresentar os certificados de saúde obrigatórios, que comprovam que estão aptos a manipular alimentos de forma segura, conforme exigido pela legislação chinesa. Após a divulgação, as autoridades locais de supervisão de mercado realizaram inspeções e determinaram correções nas irregularidades.
Já em abril de 2022, uma loja da Mixue em Tiantai foi multada em 12.500 yuan por empregar uma garota de 15 anos, em desacordo com a legislação chinesa que proíbe o trabalho de menores de 16 anos. Em julho do mesmo ano, outra unidade em Liaocheng foi penalizada em 5.000 yuan pelo mesmo motivo.
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