O Google está usando o maior acervo de vídeos do planeta para turbinar seus modelos de inteligência artificial. Sim, o YouTube. E o detalhe que pegou mal: ninguém avisou os criadores.
Segundo apuração da CNBC, vídeos da plataforma estão sendo usados para treinar o Gemini e o Veo 3, gerador de vídeo e áudio com qualidade cinematográfica da DeepMind.
🎥 Criadores viram matéria-prima — sem saber
A CNBC apontou que uma fonte ligada ao Google afirmou que a empresa utiliza bilhões de vídeos do YouTube para alimentar seus modelos.
Oficialmente, a big tech afirma que usa apenas “um subconjunto” do acervo, respeitando acordos específicos.
O problema é que muitos criadores e até grandes empresas de mídia não sabiam que seus vídeos estavam servindo de base para treinar IA.
Mesmo com apenas 1% da base usada, o volume de conteúdo deve ultrapassar os 2 bilhões de minutos — superando com folga os concorrentes do mercado.
🤖 Veo 3: a IA que pode te imitar (muito bem)
Apresentado em maio, o Veo 3 é o novo orgulho da DeepMind. Ele gera vídeos com áudio sincronizado, personagens realistas e cenários de tirar o fôlego — tudo por inteligência artificial.
A questão levantada pelo especialista Luke Arrigoni, CEO da Loti, é que a IA está imitando os criadores com base no trabalho deles — sem crédito, sem consentimento, sem remuneração.
📢 “Você deu permissão, só não percebeu”
Ao subir um vídeo no YouTube, o usuário aceita termos que concedem uma licença ao Google para uso do conteúdo — inclusive para treinar IA.
Mas esse detalhe passou batido para a maioria. Criadores de conteúdo e agências dizem que não foram avisados claramente sobre esse uso.
Dan Neely, CEO da Vermillio, testou com sua ferramenta Trace ID a similaridade entre vídeos humanos e conteúdos criados por IA.
Em um caso, um vídeo do criador Brodie Moss obteve 71 pontos de sobreposição com uma criação do Veo 3 — só o áudio bateu 90 pontos.
🛡️ Google promete proteção, mas não convence
O Google diz que possui ferramentas para proteger imagem e voz dos criadores, além de um acordo com a CAA para identificar usos indevidos.
Há também uma cláusula de indenização legal: se você for processado por usar conteúdo gerado pela IA da empresa, o Google cobre os custos. Só que, segundo Arrigoni, o sistema de denúncias quase nunca funciona como prometido.
E pior: criadores podem bloquear o uso de seus vídeos por terceiros como Apple e Nvidia, mas não conseguem impedir o Google de treinar suas próprias IAs.
⚠️ Hollywood já está reagindo
Na semana passada, Disney e Universal abriram um processo contra a IA de imagens Midjourney, acusando a empresa de violação de direitos autorais — e esse pode ser só o começo.
Enquanto isso, senadores estadunidense pedem urgência em dar às pessoas o controle de sua própria imagem. “Ou isso nunca vai parar”, alertou Josh Hawley, no Congresso.
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