A Albânia nomeou uma ministra que não existe fisicamente. Diella, inteligência artificial, foi apresentada pelo primeiro-ministro Edi Rama como nova responsável por supervisionar todos os contratos públicos do país.
A missão dela é eliminar de vez os casos de propina, favorecimento e ameaças que marcaram décadas de escândalos na região.
Criada para atuar como guardiã das compras governamentais, Diella ganhou um cargo inédito em nível global.
Segundo Rama, a IA vai conduzir sozinha os processos de licitação, hoje um dos maiores focos de corrupção no governo albanês.
Só que não ficou claro como será feita a supervisão humana ou quem responderá por eventuais falhas no sistema.
👀 IA já atuava no atendimento ao cidadão
Apesar de ser apresentada agora como ministra, Diella já era conhecida dos albaneses. Ela atuava na plataforma e-Albania desde o começo do ano, emitindo documentos com carimbos digitais e atendendo cidadãos por comando de voz.
Vestida em trajes tradicionais, a assistente virtual ajudava em emissão de carteiras de motorista, pedidos de aposentadoria e acesso a processos judiciais.
Segundo o governo, Diella já emitiu mais de 36 mil documentos e conduziu quase mil serviços pela internet.
Agora, a função de Diella deve crescer com a transferência gradual das decisões sobre contratos governamentais dos ministérios humanos para a IA, em um processo “passo a passo”, nas palavras de Rama.
⚠️ Nomeação gera controvérsia
A decisão provocou reações dentro e fora do parlamento. Críticos nas redes sociais levantaram dúvidas sobre a possibilidade de manipulação da IA e a ausência de transparência sobre os critérios técnicos e jurídicos que sustentam sua nomeação.
A oposição chegou a questionar se a nomeação de uma IA como ministra seria sequer constitucional, e ainda não se sabe se haverá votação formal no parlamento para validar o cargo.
A desconfiança não é à toa. A Albânia tem um histórico longo de corrupção institucional. Em 2023, o ex-ministro do Meio Ambiente foi condenado por aceitar propina milionária.
Em 2024, o prefeito de Tirana e um ex-presidente do país também enfrentaram acusações de corrupção.
Esses escândalos frearam o avanço da Albânia rumo à União Europeia, bloqueada desde 2014. O governo acredita que a IA pode ajudar a mudar essa imagem até 2030.
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