Imagine acordar e descobrir que há trilhões a mais em circulação — mas seu salário continua o mesmo. Pois é, isso é exatamente o que está acontecendo nos Estados Unidos. De acordo com o Federal Reserve, a oferta de moeda M2 atingiu um recorde de 21,94 trilhões de dólares em maio de 2025. Mas o que isso significa para você e para o seu dinheiro? E, mais importante, o que isso tem a ver com o bitcoin (BTC)?
O que é M2 e por que isso importa?
A M2 é uma medida da quantidade de dinheiro que está circulando na economia. Ela abrange dinheiro físico, depósitos em contas correntes, poupança e outros ativos líquidos, como fundos de investimento de curto prazo. Pense nisso como o total de dinheiro que as pessoas e empresas têm à disposição para gastar ou investir.
Para ilustrar, imagine uma cidade onde, de repente, todos recebem mais dinheiro. Se a quantidade de produtos disponíveis, como pão ou carros, não aumenta na mesma proporção, os preços sobem porque há mais dinheiro competindo pelos mesmos bens.
Nos últimos anos, principalmente após a crise financeira de 2008 e durante a pandemia de COVID-19, o Federal Reserve (Fed) injetou trilhões de dólares na economia por meio de políticas monetárias expansionistas. Essa decisão levou a um crescimento constante da M2, que agora atingiu um novo patamar histórico: US$ 21,94 trilhões em maio de 2025, segundo dados do FRED (Federal Reserve Economic Data).
Esse aumento mostra que há mais dinheiro circulando, mas também implica que cada dólar pode valer menos, pois mais dinheiro persegue os mesmos bens e serviços. Isso nos leva ao próximo ponto: a inflação.
Impactos na inflação e no dólar
O aumento da oferta de dinheiro está historicamente ligado à perda do poder de compra. Quando há mais dinheiro do que bens disponíveis, os preços sobem — um fenômeno conhecido como inflação.
Durante a década de 1970, por exemplo, o crescimento da oferta de dinheiro nos EUA coincidiu com taxas de inflação elevadas, que chegaram a dois dígitos. Hoje, há uma tendência semelhante. Nos últimos anos, os preços de bens e serviços, como aluguel, alimentos, gasolina e educação, têm subido consistentemente nos EUA.
O preço médio de um galão de gasolina, por exemplo, subiu de US$ 2,19 em 2020 para US$ 3,16 em 2025.
Além disso, o impacto não se limita aos EUA. O excesso de dólares em circulação pode afetar mercados emergentes, como o Brasil, onde a desvalorização do real frente ao dólar pode ser agravada.
Bitcoin como resposta ao excesso de dinheiro
Agora, vamos ao que interessa: o que isso tem a ver com o Bitcoin? O BTC é frequentemente visto como um refúgio contra a inflação. Afinal, diferentemente do dólar, que pode ser impresso em quantidades ilimitadas pelo Federal Reserve, a criptomoeda tem uma oferta fixa de 21 milhões de unidades, com uma emissão programada que diminui ao longo do tempo por meio do processo conhecido como “halving”. Ou seja, independentemente de quanta inflação haja, a cripto não pode ser “impressa” para perder valor da mesma forma que as moedas fiduciárias.
Historicamente, períodos de alta impressão de dinheiro foram acompanhados de fortes valorizações no preço do bitcoin. Por exemplo, quando os bancos centrais injetaram trilhões de dólares na economia para combater os efeitos da pandemia, o preço do BTC disparou de US$ 10.000 em meados de 2020 para mais de US$ 60.000 em 2021. Esse movimento foi impulsionado pela percepção de que a criptomoeda poderia atuar como uma “reserva de valor”, semelhante ao ouro, em tempos de incerteza econômica.
Com a M2 atingindo novos picos em 2025, investidores estão apostando que o BTC pode se beneficiar novamente. A lógica é simples: se o dólar perde valor devido à inflação, ativos com oferta limitada podem se tornar mais atraentes.
O que você deve fazer?
Com trilhões sendo criados do nada, o que você prefere guardar: reais, dólares ou satoshis? O aumento da M2 pode ser ruim para o seu bolso, pois reduz o poder de compra do seu dinheiro. Mas para o Bitcoin pode ser uma oportunidade, pois sua escassez programada o torna um ativo atraente em tempos de inflação.
E você, já está protegido contra o excesso de impressão? Talvez seja hora de repensar onde você guarda sua reserva de valor.
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