O dia em que a inteligência artificial criou seus próprios demônios

O dia em que a inteligência artificial criou seus próprios demônios
Imagem destaque: ChatGPT

Hoje vou falar sobre dois exemplos claros de por que vocês não deveriam ter permitido que máquinas de inteligência artificial (IA) aprendessem a “criar”. Spoiler: elas não estão criando nada. Estão apenas remixando as partes mais bizarras da internet com a graça de um ornitorrinco bêbado. E foi assim que surgiram dois pesadelos saídos diretamente do HD corrompido do submundo digital: Crungus e Loab.

Aviso de conteúdo: As imagens e descrições a seguir podem conter elementos visuais e temáticos perturbadores para pessoas mais sensíveis. Se for o seu caso, veja outros conteúdos de inteligência artificial aqui no Blackchain que podem fazer mais sentido para você. Uma dica é o artigo “7 prompts para criar imagens surreais com ChatGPT”.

Comecemos com Crungus. Sim, Crungus. Parece nome de bactéria que vive no ralo do chuveiro, e honestamente, a descrição não está muito longe. Um streamer — porque, é claro, a ciência moderna se curva agora a gamers com microfones — digitou, em junho de 2022, a palavra inventada “Crungus” no DALL-E Mini, um gerador de imagens de IA, e o resultado foi… algo que faz o Demogorgon parecer uma princesa Disney.

Mas se você não sabe o que é o Demogorgon, uma pausa rápida. 

Imagem: TecMundo

Ele é uma criatura monstro interdimensional do Mundo Invertido, caracterizada por um rosto que se abre em forma de flor, revelando dentes aterrorizantes. Embora possa parecer uma figura mitológica ou de um demônio, o termo é mais conhecido por sua aparição na série da Netflix, Stranger Things.

Voltando… as imagens do Crungus eram assustadoramente consistentes. O que levanta a pergunta: de onde essa criatura veio?

A resposta mais lógica é que ela sempre esteve entre nós. Talvez escondida nos recônditos mais obscuros da mente coletiva da humanidade, ou talvez no menu de opções do jogo “Carnivores Ice Age” — um lugar onde os sonhos vão para morrer e monstros tomam chá com o Cacodemon do DOOM. A IA, como uma criança curiosa com acesso irrestrito à internet, apenas trouxe Crungus à tona. Um pequeno lembrete de que talvez o véu entre dimensões não precise de um portal mágico — basta um prompt mal escrito e um algoritmo entediado.

Crungus 2022

Imagem destaque: Space Time Mind

Crungus 2025

Imagem: Dall-E

Mas como qualquer bom filme B de terror digital, não paramos por aí. Entra em cena: Loab. Criada por uma artista que aparentemente teve a brilhante ideia de mandar a inteligência artificial gerar o oposto de Marlon Brando. Sim, porque quando penso em entretenimento, penso em desfigurar ícones do cinema até criar uma mulher triste, pálida e com bochechas tão vermelhas que fariam um palhaço considerar a aposentadoria. Assim nasceu Loab: a lady fantasmagórica dos prompts negativos.

Loab não é só assustadora — ela é insistente. Aparece, desaparece e reaparece como aquele amigo inconveniente que some por meses e volta com um convite para um esquema de pirâmide. E quanto mais a artista tentava se livrar dela, mais a IA a trazia de volta, como se dissesse: “Você me criou, agora me aguenta”.

Loab 2022

Imagem: Wikipedia

Loab 2025

Imagem: Dall-E

Ah, claro, teorias da conspiração também surgiram, porque o planeta não gira sem elas. Alguns dizem que Loab foi manipulada para parecer real, que foi tudo orquestrado. A criadora respondeu com a calma de quem já perdeu a fé na humanidade: “Se acharam que eu inventei tudo, obrigada. Significa que vocês interagiram”. Uma resposta digna de alguém que olhou nos olhos do abismo digital e respondeu com um tweet.

Então, qual a moral dessa história? Que IAs criam monstros baseados nos nossos próprios medos, falhas e memórias de jogos obscuros dos anos 2000? Não. A lição aqui é mais simples: se você brincar demais com a IA, não se surpreenda se ela devolver algo que te observa de volta.

Agora, com licença. Preciso atualizar meus filtros de conteúdo e verificar se o Crungus está escondido no meu roteador.

Leia mais: Airdrop recompensa usuários que compartilham internet não utilizada

Deixe seu comentário: