Um dos primeiros entusiastas do Bitcoin (BTC), Charlie Shrem, anunciou o lançamento do site 21million.com, uma nova “faucet” da criptomoeda primária. O projeto pretende distribuir pequenas quantias de BTC para usuários que completarem desafios simples de CAPTCHA.
O novo site criado por Shrem adota um estilo minimalista que remete diretamente ao visual da primeira faucet de bitcoin. Os visitantes encontram um campo para inserir o endereço da carteira e um desafio de CAPTCHA, mas, até agora, nenhuma recompensa foi liberada.
Segundo Shrem, o projeto está sendo desenvolvido com uma abordagem conhecida como “vibe coding”, que usa ferramentas de inteligência artificial (IA) para criar o site sem a necessidade de programar manualmente.
“É muito divertido”, comentou Shrem nas redes sociais, ao explicar que está guiando o processo de desenvolvimento apenas por meio de comandos e sugestões para IA.
A comunidade cripto demonstrou apoio ao projeto. Inclusive, alguns usuários se ofereceram para doar bitcoin a fim de manter a faucet funcionando. Entre eles, o influenciador conhecido como @BitsBeTrippin prometeu colaborar assim que receber um endereço para envio.
Como as faucets ajudaram a espalhar o Bitcoin pelo mundo
Antes de o bitcoin alcançar o status de ativo bilionário e movimentar mercados globais, havia uma época em que ele era praticamente desconhecido, desvalorizado e cercado de incertezas. Nesse cenário, um tipo de site simples, chamado faucet, teve um papel fundamental na popularização da criptomoeda.
Oferecendo pequenas quantias de BTC gratuitamente, essas plataformas foram responsáveis por atrair os primeiros curiosos, criar uma base de usuários e incentivar a experimentação com o novo dinheiro digital.
A ideia era direta: resolver um desafio de CAPTCHA — aqueles testes que identificam se o usuário é humano — e, em troca, receber alguns satoshis, a menor unidade do Bitcoin. Simples, mas eficaz.
O primeiro desses sites surgiu em 2010, criado por Gavin Andresen, um dos desenvolvedores do BTC que conseguiu trabalhar diretamente com Satoshi Nakamoto. Sua faucet distribuía 5 BTC por visitante.
A faucet de Andresen chegou a doar, no total, 19.700 BTC, valor que atualmente gira em torno de US$ 1,86 bilhão. Pode parecer absurdo hoje, mas a criptomoeda ainda não tinha valor de mercado consolidado, e dar bitcoins era uma forma de atrair pessoas para testar a tecnologia.
Esses sites funcionavam quase como amostras grátis de um novo produto. Ao permitir que qualquer pessoa recebesse bitcoin com poucos cliques, as faucets eliminaram barreiras de entrada e ajudaram a transformar um experimento digital em uma rede global.
Além da faucet de Andresen, outras plataformas também ficaram conhecidas no início da década passada. A FreeBitco.in, lançada em 2013, foi uma das mais populares, oferecendo sorteios, jogos e recompensas em BTC por atividades simples. Outro exemplo é a Moon Bitcoin, que permitia acumular frações da criptomoeda ao longo do tempo, com pagamentos automáticos aos usuários. Já a Bitcoin Zebra foi uma faucet gamificada que manteve uma base fiel até encerrar suas atividades.
Com o passar dos anos e a valorização da criptomoeda primária, as faucets perderam espaço. A recompensa por participação foi diminuindo à medida que o preço do BTC subia, tornando inviável distribuir moedas gratuitamente em larga escala. Além disso, o crescimento de golpes e bots automatizados minou a confiança nesse tipo de site, reduzindo sua eficácia como ferramenta educacional.
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