Segundo o relatório do Instituto de Investigação Social, Econômica e Política Cidadã (ISEPC), na Argentina, a indigência, definida como a pobreza severa associada à desnutrição, subiu de 9,5% no final do ano passado para 20% no último mês.
Isaac Rudnik, diretor da ISEPC, destaca que isso impacta diretamente as crianças, principalmente em lares com mais de um pequeno.
O agravamento econômico da Argentina intensificou o problema. A inflação acumulada nos últimos 12 meses atingiu 263,4%, enquanto os preços dos alimentos subiram ainda mais, chegando a 275,8%.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) declarou que, apesar dos esforços dos pais em priorizar a alimentação dos filhos, mais de um milhão de crianças estão indo dormir sem jantar e cerca de 1,5 milhão pula refeições devido à falta de recursos.
A campanha “A fome não tem final feliz” mostrou que aproximadamente 5 milhões de adultos estão sacrificando suas porções de comida para garantir que suas crianças tenham algo para comer.
Os dados da UNICEF coincidem com os do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica Argentina, que relatam que 55% da população, ou cerca de 46,5 milhões de argentinos, vivem em situação de pobreza, com a indigência afetando 20,3% desses indivíduos. A pesquisa indica que 70% das crianças argentinas estão na pobreza, equivalente a 7 milhões de menores.
Eduardo Donza, do Observatório da Dívida Social, destaca que a falta de recursos pode comprometer o desenvolvimento físico e cognitivo das crianças, criando um futuro incerto que poderá afetar a economia do país.
O especialista observa ainda que o aumento dos preços dos alimentos está associado à perda de empregos, principalmente entre trabalhadores informais, os mais impactados pela queda nos rendimentos.
Fonte: Hora do Povo