O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, fez um apelo aos formandos da turma de 2025 da Universidade de Princeton neste domingo (25), instando-os a assumirem a responsabilidade de proteger a democracia estadunidense. O discurso é resultado das tensões políticas entre o sistema de ensino superior dos Estados Unidos e o governo Trump.
Powell ressaltou que, ao olharem para trás daqui a cinquenta anos, os estudantes quererão ter certeza de que fizeram tudo o que podiam para preservar e fortalecer a democracia. Em declaração publicada pelo Financial Times, o presidente do Fed conectou os ataques ao ensino superior à polarização política que domina o país.
Universidades sob ataque
Atualmente, Harvard e Princeton enfrentam críticas do governo federal. Inclusive, o Departamento de Segurança Interna da administração Trump proibiu a Universidade de Harvard de matricular novos estudantes internacionais, afetando o futuro de 6.500 pessoas.
Embora um juiz federal tenha suspendido temporariamente a decisão, o governo não recuou: vistos continuam a ser revogados e universidades estão sendo pressionadas a divulgar nomes de alunos envolvidos em protestos.
A postura do governo conta ainda com acusações de doutrinação ideológica à esquerda e de negligência diante do antissemitismo em universidades, acompanhadas de cortes bilionários no financiamento federal para o setor.
Diante desse cenário, Powell encorajou os estudantes a manterem sua integridade, considerarem o serviço público e estarem dispostos a correr riscos.
Tensões entre Powell e Trump
O banqueiro mesmo tem visto sua integridade colocada à prova na liderança do Fed. Embora tenha sido indicado por Donald Trump em seu primeiro mandato, Powell foi criticado diversas vezes pelo presidente, que o acusou de não reduzir os juros com rapidez suficiente.
No momento da escrita do artigo, a taxa de juros se mantém entre 4,25% e 4,5%, e Powell já deixou claro que não haverá mudanças sem garantias de que as ações comerciais do governo não gerarão mais inflação.
No mês passado, Kevin Hassett, do Conselho Nacional de Economia, disse que o governo Trump ainda analisava formas de demitir o presidente do Fed antes do fim de seu mandato, em maio de 2026.
No entanto, a Suprema Corte dos EUA reforçou a independência do Fed ao decidir que o presidente não pode demitir membros do Comitê Federal de Mercado Aberto por divergências políticas.
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