O potencial de crescimento econômico global poderia ser incrementado em US$ 20 trilhões se as mulheres tivessem as mesmas oportunidades no mercado de trabalho que os homens. Essa estimativa é baseada em dados do Banco Mundial, que apontam para o fato de que as economias estão deixando de explorar um enorme potencial de crescimento ao não incluir as mulheres em posições importantes em política, liderança e negócios.
No entanto, Cherie Blair, advogada de direitos humanos, está determinada a mudar esse cenário. Na próxima semana, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, ela deve convocar líderes globais e governos a acelerarem a inclusão das mulheres em funções de liderança.
“É chocante e inaceitável que, em 2025, as mulheres ainda sejam significativamente sub-representadas nos parlamentos e governos”, disse Blair em uma entrevista à Bloomberg.
A realidade da sub-representação feminina
Apesar de as mulheres representarem quase metade da população mundial, a nível global, elas ocupam menos de dois terços dos direitos legais dos homens, conforme apontou o Banco Mundial após estudar 165 países, considerando questões de licença maternidade, igualdade salarial e acesso a serviços financeiros.
Nenhum país no mundo alcançou a paridade legal total entre os gêneros. Em 2023, as mulheres representaram apenas 26% dos assentos parlamentares e 23% das cadeiras ministeriais mundialmente.
Embora alguns avanços tenham ocorrido, como a eleição da primeira presidente mulher do México, Claudia Sheinbaum, os ganhos são opacos diante de retrocessos na França, Índia e até no Parlamento Europeu, que viu sua representação feminina diminuir pela primeira vez desde sua criação.
O relatório “Representation Matters” destaca que a presença feminina em cargos de liderança não é apenas uma questão de imagem; ela é importante para a economia.
Segundo o Banco Mundial, há uma forte correlação entre mulheres na política e avanços nos direitos legais e econômicos delas. Isso impacta diretamente na maior participação feminina no mercado de trabalho, o que poderia duplicar a taxa de crescimento global.
Desafios culturais e estruturais
As barreiras para a igualdade de gênero no mercado de trabalho são tanto culturais quanto estruturais. De acordo com a ONU, as mulheres realizam três vezes mais trabalho não remunerado do que os homens, o que as impede de entrar no mercado de trabalho formal, limitando o potencial das economias. O Banco Mundial identificou que mudanças legais simples, como a introdução de leis de licença maternidade, poderiam aumentar a participação feminina em até 4% nos próximos cinco anos.
O estudo também destacou que a disparidade no poder de influência política entre mulheres e homens ainda é enorme. Uma mulher com assento parlamentar não exerce o mesmo poder que um ministro, e fechar essa lacuna poderia levar séculos, se o ritmo atual for mantido.
A luta contra a hostilidade e os preconceitos
Apesar dos dados que apontam a necessidade de mudança, as mulheres enfrentam barreiras de hostilidade e ameaças online e offline. Cherie Blair também destacou o aumento de discursos de ódio oriundos de governos populistas, que fomentam a subordinação das mulheres aos homens.
Esse preconceito cultural vai além da política. O Reykjavik Index, que mede a atitude das populações dos países do G7 em relação à liderança masculina e feminina, disse que as gerações mais jovens tendem a apoiar mais os homens em papéis de liderança.
O projeto Women, Business and the Law, do Banco Mundial, identificou dez áreas nas quais reformas legais podem impulsionar a inclusão econômica das mulheres, com destaque para proteção contra a violência doméstica, acesso a recursos financeiros e reformas educacionais. No entanto, o ritmo das mudanças é extremamente lento. O relatório aponta que a paridade de gênero nos cargos ministeriais poderia levar séculos sem grandes intervenções.
Fonte: Cryptopolitan
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