Tarifa de 50% dos EUA contra o Brasil começa a valer hoje: veja o que muda

Tarifa de 50% dos EUA contra o Brasil começa a valer hoje: veja o que muda
Imagem destaque: CNN Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deu início nesta quarta-feira (6) à cobrança de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A decisão, anunciada como parte de uma “emergência nacional”, atinge mais da metade das exportações do Brasil para os EUA e foi justificada por supostas violações de direitos humanos e perseguição política no país.

Mas a ofensiva tarifária contra o Brasil não é isolada.

Em seu primeiro mandato (2017-2021), Trump já havia adotado uma postura protecionista agressiva, travando uma guerra comercial com a China e sobretaxando aliados sob justificativa de segurança nacional.

Naquele período, impôs tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses, chegando a alíquotas de 25% e provocando retaliações de Pequim. Também taxou aço e alumínio de parceiros como União Europeia, Canadá e México, desencadeando respostas similares desses países.

Agora, em seu retorno à Casa Branca em 2025, Trump retomou e ampliou essa estratégia tarifária em escala global, usando novamente declarações de “emergência nacional” para embasar as medidas.

Medidas atuais

Desde a posse em janeiro, Trump vem anunciando tarifas comerciais contra os principais parceiros dos EUA, dentre eles o Brasil. Em 2 de abril – apelidado pelo republicano de “Dia da Libertação” – ele anunciou uma tarifa-base de 10% para todas as importações, buscando igualar as condições de competição.

Nos meses seguintes, elevou ainda mais as barreiras. Tarifou todos os produtos chineses em 20% (após um acréscimo de 10 pontos percentuais em maio) e lançou um pacote de “tarifas recíprocas” contra dezenas de nações.

Esse pacote, detalhado em decreto de 31 de julho, aumentou tarifas para o Canadá (de 25% para 35%), Suíça (39%), Mianmar e Laos (40%) e Síria (41%), entre outros.

A China ficou fora dessa lista, pois Trump manteve em vigor uma tarifa separada de 30% já estabelecida em maio.

A União Europeia, por sua vez, apressou-se em assinar um novo acordo comercial com Washington, conseguindo isenções parciais e evitando parte de uma tarifa de 15% que seria aplicada ao bloco.

Trump tem utilizado a autoridade do presidente sob leis emergenciais de comércio (como a IEEPA de 1977) para contornar o Congresso e implementar essas tarifas por decreto. O argumento é a proteção da economia e segurança dos EUA, em um discurso “America First” (América em primeiro lugar) já conhecido.

Em comunicados oficiais, o governo ressalta que “tarifas bem-sucedidas no passado” foram usadas para defender interesses estadunidenses, e que Trump está disposto a repetir a dose para “salvaguardar a segurança nacional, a política externa e a economia” do país.

O republicano alega que os choques tarifários são parte de um período de transição para forçar parceiros a fecharem “acordos comerciais e de segurança com os EUA”, apontando que algumas taxas podem ser revertidas caso tais acordos sejam alcançados.

📍 Mas por que o Brasil entrou na mira?

Oficialmente, a Casa Branca justificou a tarifa de 50% contra o Brasil alegando motivos de segurança nacional e defesa de princípios democráticos. Em 30 de julho, Trump assinou uma ordem executiva declarando que “as políticas, práticas e ações recentes do governo brasileiro” constituem uma ameaça incomum e extraordinária à segurança, economia e política externa dos EUA.

O decreto invocou a IEEPA de 1977 para declarar emergência nacional e aplicar uma sobretaxa adicional de 40% (somada à tarifa de 10% já vigente) sobre produtos brasileiros. No comunicado, o governo norte-americano afirma que a medida visa lidar com a “perseguição, intimidação, assédio, censura e processo politicamente motivado” contra o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro e seus apoiadores, atribuído às autoridades atuais no Brasil.

Em outras palavras, Trump acusa Brasília de violar direitos humanos e o Estado de Direito ao supostamente perseguir Bolsonaro, aliado ideológico do presidente estadunidense, pintando esse cenário como uma ameaça aos valores defendidos pelos EUA.

Trata-se de uma justificativa inédita nas relações bilaterais. Ao classificar o Brasil democraticamente governado na mesma categoria de países hostis como Cuba, Venezuela e Irã, Trump rompeu com a tradição de cooperação entre as duas nações.

Defesa de Bolsonaro

O foco da medida está na situação jurídica de Jair Bolsonaro. O político vem enfrentando investigações e um julgamento por alegado envolvimento na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, quando radicais invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília.

Bolsonaro é acusado de incitar esses atos e de pressionar militares para reverter o resultado eleitoral de 2022, em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva. Em junho de 2023, ele foi condenado em instância eleitoral por abuso de poder político, ficando inelegível por oito anos (até 2030), e ainda responde a processos no Supremo Tribunal Federal relacionados à instigação do ataque golpista.

A ordem executiva de Trump reforça a tese defendida por Bolsonaro de que estaria sendo alvo de perseguição política. O texto alega que milhares de apoiadores do ex-presidente brasileiro sofreram “censura” e “prisões arbitrárias”, e destaca em especial as ações do ministro do STF Alexandre de Moraes, que conduz inquéritos sobre fake news e atos antidemocráticos no Brasil.

Moraes, de fato, determinou bloqueios de perfis nas redes sociais e multas ao X e ao Telegram que descumpriram ordens judiciais brasileiras, medidas que o governo Trump caracteriza como ataques à liberdade de expressão de empresas e cidadãos norte-americanos.

Em julho, o próprio Trump, através do Departamento de Estado, revogou os vistos de entrada nos EUA de Moraes, de outros ministros do STF e de seus familiares. Além disso, impôs sanções via Magnitsky Act contra o ministro, congelando eventuais bens sob jurisdição estadunidense, com a acusação de ser um violador de direitos humanos. Ou seja, Washington adotou a narrativa de que a Justiça brasileira estaria agindo de forma tirânica e usou isso como fundamento para a ação comercial punitiva.

Por trás da justificativa oficial, há claros elementos políticos. Donald Trump e Jair Bolsonaro possuem uma relação de proximidade ideológica, se apresentando como líderes anti-globalistas e nacionalistas.

O papel da família Bolsonaro no tarifaço

Desde a derrota de Bolsonaro, seus filhos, em especial Eduardo Bolsonaro, têm atuado junto à direita estadunidense para defender a tese de que Bolsonaro é alvo de uma “witch hunt” (caça às bruxas), semelhante à que Trump alega sofrer nos EUA.

Eduardo Bolsonaro, deputado federal, mudou-se para os Estados Unidos em março de 2025 e intensificou contatos com o círculo de Trump. Segundo reportagens, ele esteve presente em eventos conservadores e reuniões, propagando a ideia de que no Brasil há censura generalizada e perseguição a conservadores. 

Eduardo fez lobby abertamente por sanções. O político pediu que os EUA aplicassem punições via Magnitsky aos magistrados brasileiros e, quando Trump anunciou a tarifa de 50%, ele agradeceu publicamente ao presidente estadunidense pelo apoio. 

Jair Bolsonaro admitiu a transferência de R$ 2 milhões a Eduardo via Pix, para bancar sua permanência nos Estados Unidos e fortalecer sua mobilização política. Em julho, Alexandre de Moraes determinou o bloqueio das contas e bens do deputado.

Após a medida de bloqueio, Eduardo afirmou que não se intimidaria:

“Se ele pensa que isso vai me fazer parar… deixo claro: não me intimidarei, não vou me calar. Estou preparado para este momento”.

Steven Levitsky, cientista político de Harvard, e Oliver Stuenkel, fellow sênior no Carnegie Endowment for International Peace, apontam que esse engajamento da família Bolsonaro foi importante para o Brasil virar alvo específico de Trump. 

Afastamento do governo Lula dos EUA impediu boas articulações

Diferentemente de outros países que montaram forte lobby em Washington para se proteger (caso da UE, por exemplo), o governo Lula “careceu de interlocução influente” junto ao círculo do republicano. Isso deixou o campo livre para a narrativa bolsonarista prevalecer entre setores da direita estadunidense.

Além disso, o alinhamento ideológico entre Trump e Bolsonaro, ambos alegando fraude eleitoral em suas derrotas e se colocando como vítimas de conspirações, criou uma solidariedade incomum.

De acordo com Levitsky, Trump vê Bolsonaro como um “espírito semelhante”, submetido à mesma perseguição política que ele acusa enfrentar nos EUA, e castigar o governo Lula também reforça seu discurso nacionalista e anti-globalista junto à sua base.

Por fim, há de se considerar motivos econômicos e geopolíticos, embora menos explicitados. O Brasil de Lula vem buscando uma política externa independente, com aproximação com a China, defesa da multipolaridade e até discursos sobre comércio em moedas locais (desdolarização). Essa postura incomodou Washington.

Porém, até o momento, o governo Trump preferiu enfatizar publicamente a questão dos direitos humanos e da liberdade de expressão. Internamente, Lula classificou a medida como “chantagem inaceitável” e criticou os “traidores” brasileiros que estimularam sanções contra seu próprio país.

⚙️ Como a tarifa foi implementada

A imposição tarifária contra o Brasil passou a valer nesta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, exatamente uma semana após a assinatura da ordem executiva por Trump. Na prática, o decreto acrescentou 40 pontos percentuais à tarifa de importação já existente de 10%, elevando-a para 50% sobre diversos produtos brasileiros. 

Essa sobretaxa incide sobre o valor aduaneiro das mercadorias ao entrarem nos EUA, encarecendo drasticamente o preço final e, em muitos casos, inviabilizando a competitividade dos produtos do Brasil no mercado estadunidense.

Para evitar transtornos imediatos, o decreto de Trump trouxe uma cláusula quanto a mercadorias em trânsito. Produtos brasileiros que já estivessem embarcados com destino aos EUA e em fase final de transporte não seriam taxados retroativamente pela nova alíquota. 

Assim, cargas em navios ou aviões prestes a chegar foram poupadas da cobrança extra, evitando que importadores fossem pegos de surpresa com aumento de custo no meio do caminho. Mas a partir do primeiro minuto de 6 de agosto (horário da costa leste dos EUA), quase todos os produtos nacionais desembarcados em solo estadunidense para consumo passou a estar sujeito à tarifa cheia de 50%.

📦 Setores afetados x isentos

O sistema tarifário foi desenhado com exceções importantes, fruto tanto de negociações de bastidores quanto de considerações pragmáticas dos EUA. A Casa Branca publicou uma lista de 694 itens isentos da sobretaxa.

Foram excluídos do tarifaço produtos considerados estratégicos para a economia dos EUA ou que o país não produz internamente em quantidade suficiente. Por exemplo, o decreto manteve em 10% (sem os 40 pontos extras) itens como: sucos e polpa de laranja, minério de ferro, aeronaves civis e suas peças, celulose (polpa de madeira), combustíveis e derivados de petróleo, fertilizantes, alumínio e estanho brutos. 

A exclusão de aviões e peças beneficia diretamente a brasileira Embraer, mas também evita danos à americana Boeing, que tem parcerias e intercâmbio de componentes. Já a laranja e seus subprodutos são altamente dependentes das importações brasileiras devido à crise na citricultura da Flórida, uma catástrofe climática e pragas reduziram a colheita local a menos de 5% do que era há algumas décadas, tornando o suco brasileiro indispensável nas prateleiras dos EUA. 

Em contraste, produtos agrícolas de consumo difundido, como café e carne bovina, não obtiveram exceção e estão sujeitos à tarifa máxima. Isso chamou a atenção, pois são itens que os EUA também não produzem (no caso do café) ou nos quais enfrentam alta de preços (caso da carne). 

Autoridades estadunidenses admitiram que podem reconsiderar alguns desses casos. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, disse que bens “incapazes de crescer em solo americano” podem vir a ser isentados, citando explicitamente o café como candidato à exclusão futura. 

Por ora, entretanto, o desenho da tarifa seguiu adiante, abrangendo a maior parte das commodities alimentícias e produtos manufaturados brasileiros. Nenhuma compensação ou mecanismo de exclusão tarifária individual (como drawback ou cotas) foi oferecido aos importadores estadunidense até o momento.

Em termos numéricos, 56% das exportações brasileiras aos EUA, em valor, agora enfrentam a tarifa de 50%, enquanto os 44% restantes permanecem com tarifas anteriores ( 10% ou menos). 

💰 Como o mercado está reagindo

A entrada em vigor das tarifas de 50% provocou reações intensas tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, com mercados financeiros, empresas e consumidores avaliando as consequências. 

No Brasil, a notícia do tarifaço já vinha sendo precificada em julho. O principal índice da bolsa (Ibovespa) acumulou queda de 4% no mês, com investidores estrangeiros realizando lucros e migrando para ações de commodities (menos expostas aos EUA) e para o dólar. 

A volatilidade aumentou e o sentimento econômico medido pela XP Investimentos despencou de um patamar otimista (76 pontos) para neutro (37 pontos), próximo do pessimista. 

Ao mesmo tempo, o fluxo de capital estrangeiro na B3 se manteve positivo, atraído por um real um pouco mais fraco e pela posição do Brasil como grande produtor de alimentos e energia, o que em médio prazo pode beneficiá-lo em meio às tensões globais. 

No mercado cambial, o real sofreu depreciação moderada nas semanas anteriores, mas estabilizou-se na véspera da tarifa e após a confirmação (cotação girando em torno de R$ 5,50 por dólar).

Os setores empresariais brasileiros reagiram com uma mistura de preocupação e busca por soluções. Grandes exportadores agropecuários alertam para perdas de receita e excesso de oferta interna. ABIEC (da indústria de carne bovina) e associações de cafeicultores pressionam por apoio governamental. 

Em resposta, o governo Lula montou um plano de contingência para mitigar impactos, anunciado no próprio dia 6. São elas:

  • linhas especiais de crédito para produtores prejudicados
  • compras governamentais (por exemplo, adquirir lotes de pescado que seriam exportados, como propôs o governo do Ceará)
  • desoneração via programas como o Reintegra (que devolve tributos de exportação)
  • possível redução de jornada e salário temporária (retomada do modelo “Seguro-Emprego” usado na pandemia) para empresas afetadas evitarem demissões 

A orientação do vice-presidente Geraldo Alckmin, que liderou reuniões com setores produtivos, é atacar caso a caso, oferecendo soluções adaptadas a cada indústria atingida. 

Por exemplo, frigoríficos podem precisar de apoio para estocar carne ou direcioná-la a outros mercados; já cafeicultores talvez se beneficiem de promoção comercial urgente em países alternativos.

Outra frente de reação no Brasil é a diplomática e jurídica. O Conselho da Camex (câmara de comércio exterior) autorizou o Itamaraty a acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as tarifas estadunidense. 

A ideia é questionar a legalidade da medida sob as regras internacionais, possivelmente argumentando que não há base de segurança nacional real para taxar um parceiro como o Brasil, ou que a justificativa política fere os princípios da OMC. 

O processo começa com consultas formais. O Brasil solicitará explicações aos EUA e tentará uma solução negociada. Se não houver acordo em 60 dias, poderá pedir a formação de um painel de disputa na OMC. 

Embora a resolução não seja imediata (contenciosos assim levam meses ou anos), essa iniciativa mostra que o Brasil busca vias institucionais para revertê-las.

E os EUA?

Do lado estadunidense, a reação veio de setores que temem impactos inflacionários e de abastecimento. Associações empresariais nos EUA se mobilizaram para pedir ajustes no tarifaço. A poderosa National Restaurant Association (NRA) enviou carta ao representante de comércio dos Estados Unidos expressando “extrema preocupação” com tarifas sobre alimentos e bebidas. 

Restaurantes operam com margens apertadas e já enfrentam custos elevados – a carne bovina nos EUA, por exemplo, atingiu preços recordes, pressionando itens como hambúrgueres e tacos. 

Com o rebanho estadunidense no nível mais baixo em 50 anos, a NRA alertou que taxar carne importada (como a do Brasil) agravará essa situação, e citou também café e vinhos europeus como insumos importantes que encareceriam. 

Igualmente, a Consumer Brands Association (CBA), que representa grandes fabricantes de bens de consumo, apelou diretamente a Trump por isenções em ingredientes impossíveis de se obter domesticamente

A CEO da entidade listou café, cacau, aveia, especiarias, frutas tropicais e até um tipo especial de aço para latas, como produtos que os EUA não produzem e dependem da importação. 

Essas associações endossam a política geral de Trump (nenhuma quer confronto aberto com a Casa Branca), porém pedem “calibragem” fina para evitar “consequências indesejadas” – em suma, querem poupar certos itens alimentícios fundamentais.

No mercado financeiro, sinais de alerta também surgiram. Indicadores divulgados nos últimos dias sugerem que os tarifaços de Trump começaram a alimentar a inflação e esfriar o emprego nos EUA.

O índice de preços PCE (medida de inflação ao consumidor) subiu 0,3% em junho, puxado pelo aumento de custos de bens por conta das tarifas. Mais preocupante, o relatório de empregos (payroll) de julho mostrou criação de apenas 73 mil vagas, bem abaixo do esperado, e dados de meses anteriores foram revisados para baixo. 

Analistas da XP explicam que as empresas estadunidenses, diante da incerteza e do encarecimento de insumos importados, reduziram contratações e investimentos já em antecipação aos novos preços. É um efeito clássico. Antes mesmo de o consumidor sentir no bolso, o empresário segura gastos temendo vendas menores adiante. 

A economista Maria I. Jordão, da XP, avalia que esse movimento era o risco previsto no “Liberation Day” de Trump e que agora parece se confirmar. A situação chegou a incomodar o governo estadunidense a ponto de Trump ordenar a demissão da comissária do Bureau of Labor Statistics após a divulgação dos dados fracos de emprego. Ou seja, a administração do republicano tem reagido mal às más notícias econômicas, mas até aqui não deu sinais de recuo na estratégia tarifária.

Para os consumidores, os efeitos devem aparecer gradualmente. Produtos brasileiros que ficarem mais caros nos EUA tendem a ser substituídos por concorrentes (quando houver) ou repassar preço. 

Os mercados globais também repercutiram. Parceiros comerciais do Brasil como China e União Europeia sinalizaram interesse em absorver parte da exportação brasileira preterida pelos EUA. 

No caso da China, o país habilitou 183 plantas brasileiras de café para exportação e demonstrou apetite por mais soja e carne, enquanto Arábia Saudita, Vietnã e Singapura avançam acordos para comprar carnes brasileiras. 

Essa realocação não acontece do dia para a noite, mas está em curso, e pode mitigar a perda no médio prazo. Por outro lado, o Brasil terá de competir em mercados alternativos muitas vezes com preços menores que os dos EUA, o que pode reduzir margens.

🧾 A conta dessa disputa não vai para quem você imagina

A tarifa de 50% imposta por Trump ao Brasil não é uma decisão carregada de discurso, calculada para punir, provocar e sinalizar. E por mais que o contexto político ajude a explicar o gesto, ele não justifica o impacto.

Porque, no fim das contas, quem paga por isso não são os presidentes em embate nem os aliados em campanha. São os produtores que viram seu mercado evaporar da noite para o dia, os trabalhadores que dependem dessas vendas para manter o salário, e as regiões inteiras que se sustentam da exportação de commodities e alimentos.

Pode-se criticar o governo atual, o anterior ou os dois. Mas torcer para que o Brasil leve um golpe comercial desse tamanho, a maior tarifa entre todos os países atingidos, é ignorar que as consequências recaem sobre quem trabalha, e não sobre quem grita mais alto. 

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