O comércio exterior brasileiro deve encerrar 2024 com um superávit comercial entre US$ 75 bilhões e US$ 78 bilhões, de acordo com o relatório divulgado na última sexta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
No entanto, a previsão positiva é acompanhada de preocupações quanto ao cenário global de 2025, influenciado pela eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos.
Conforme apontado pelo estudo, o retorno do republicano destaca tensões comerciais que podem impactar diretamente o fluxo global de mercadorias.
Durante sua campanha, Trump anunciou intenções de elevar tarifas de importação, realizando um aumento de até 60% sobre produtos chineses e taxas entre 10% e 25% para outros parceiros comerciais.
A medida deve gerar inflação global, aumento dos juros nos Estados Unidos e valorização do dólar, fatores que podem restringir a redução da taxa de juros no Brasil.
A importância dos EUA para o Brasil
Os Estados Unidos representam atualmente o segundo maior destino das exportações brasileiras, com participação de 11,6% no acumulado entre janeiro e outubro de 2024, atrás apenas da China, que lidera com 29,3%.
Apesar do crescimento anual de 11,5% nas exportações brasileiras para o mercado norte-americano, a adoção de tarifas mais rígidas pode afetar produtos estratégicos, como itens siderúrgicos, já impactados no primeiro mandato de Trump.
O relatório do Icomex destacou que a pauta exportadora brasileira para os Estados Unidos é mais diversificada que a destinada à China, onde soja, petróleo e minério de ferro responderam por 77% das exportações até outubro de 2024.
Por outro lado, nos Estados Unidos, os cinco principais produtos exportados representam apenas 34% do total, o que oferece uma certa resiliência diante de potenciais barreiras comerciais.
No entanto, a dependência de alguns produtos-chave, como itens siderúrgicos e aeronaves, pode representar um desafio, caso as tarifas sejam aplicadas.
Segundo a FGV, embora o Brasil tenha capacidade de desviar exportações para outros mercados, o aumento do protecionismo global dificultará esse processo.
Fonte: CNN
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